A pane psicológica veio no momento conjunto

A pane psicológica veio no momento conjunto

José Ricardo Leite e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

Vida pobre como um camelô que vendia meias, cuecas, laranja e capim e tentava se virar com bicos até se tornar um jogador profissional. Até aí, a história não tem nada de diferente das de vários outros atletas do Brasil que passaram dificuldades antes de ser tornar estrela. Mas a do lateral Baiano, hoje com 35 anos e no Brasiliense-DF, tem uma boa dose de drama.

O ex-jogador da seleção brasileira, Palmeiras e Santos, entre outros, chegou a pensar em se matar mediante a penúria financeira que vivia antes de engatar de vez, no início da década de 90, quando estava nas categorias de base do clube da Baixada.

A pobreza, em si, era combatida com muito esforço. Mas a morte do pai e da mãe em menos de três meses e um despejo o fizeram perder a cabeça de vez e ter fortes momentos de desespero. Decidiu se jogar na frente de um ônibus, mas o plano falhou.

"Eles eram separados desde os meus sete anos. Aí, em 95, perdi meu pai e depois a minha mãe. Me joguei na frente de um ônibus e tentei suicídio. Foi na época que eu estava como juvenil do Santos. Acabei sendo até despejado de onde eu morava. Foi um baque muito grande, eu era o caçula de seis irmãos e foi muito duro pra mim", se recordou, em entrevista ao UOL Esporte.

A pane psicológica veio no momento conjunto: no mesmo tempo que os pais morreram, os irmãos não conseguiam arcar com uma dívida de três meses de aluguel de um cortiço em Santos, onde moravam. O dinheiro, segundo Baiano, teve que ser usado no período em que a mãe estava doente. Não aguentou ao ser despejado.

"Eu vi as minhas mercadorias de camelô, como alho, cuecas e meias; todos jogados pela rua. Junto com minhas bermudas, calças, kichute e um chinelo. Aí bateu um desespero. E como eu era moleque, senti minha vida indo embora junto com a minha mãe, entendeu?", falou Baiano.

"O proprietário tinha razão. A gente não estava pagando e nós tínhamos que ser despejados mesmo. Perdi a estrutura familiar. E a ideia de se jogar na frente do ônibus foi a primeira coisa que veio à minha cabeça. Aí me joguei, caí de barriga e me machuquei. O motorista do ônibus brecou, mas ainda assim me choquei. Só que cortei a cabeça, quebrei um dente e quebrei o cotovelo. Aí quando saí do ônibus, vi as pessoas correndo. Fiquei um mês cuspindo sangue, e hoje graças a Deus eu fiquei vivo", explicou.

Foto: UOL

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