O que é mais um flechada em São Sebastião (ou punhalada em São Judas Tadeu)?

O que é mais um flechada em São Sebastião (ou punhalada em São Judas Tadeu)?

Não sou, definitivamente, simpático ao empresário Luciano Hang, dono da Havan. É claro que sei que ninguém precisa de minha benção ou aprovação. Mas ainda tenho o direito de gostar ou não de alguém e de manifestar tais preferências. 

E não gosto dele não apenas por seu apoio irrestrito ao presidente Jair Bolsonaro, que nunca teve, tem ou terá a minha aprovação ou simpatia. Mas principalmente pela lamentável postura do empresário durante a pandemia do novocoronavírus, quando chegou até a vender alimentos para driblar a fiscalização e enquadrar seu conglomerado como serviço essencial. 

Ainda assim, achei um tanto quanto exagerada a reação nas redes sociais de muitos flamenguistas contrários ao “casamento" entre a empresa de Luciano e o clube rubro-negro. Por mais que seja comandada por Hang, a Havan é uma empresa como outra qualquer e, se ela quer investir o seu dinheiro no futebol, por que o clube da Gávea deveria recusá-lo? Ainda mais precisando manter um elenco tão caro em tempos de crise e sem a enorme renda que a maior torcida do mundo costuma render lotando o Maracanã. 

Sou um exemplo microscópico perto deste, obviamente. Mas Milton Neves, meu chefe desde janeiro de 2010, tem uma visão política completamente diferente da minha. Eu deveria pedir demissão por causa disso? Ou ele deveria me mandar embora por tal motivo? Muito pelo contrário! Nos damos muito bem e conversamos sempre de maneira civilizada sobre o assunto. 

E é preciso salientar que o clube não virou “Flamengo Havan” como temos hoje o Red Bull Bragantino. Se trata apenas de um patrocínio nas mangas da camisa. 

Bem, e a diretoria atual do Flamengo já afagou o bolsonarismo incontáveis vezes nos últimos tempos. E o afago mais vergonhoso foi no dia 31 de março deste ano, quando o clube, enquanto diversos rivais se manifestaram contra possíveis celebrações por parte do governo pelo aniversário do Golpe de 1964, ficou em silêncio. E, na mesma data, fez questão de afirmar que nada tinha a ver com a homenagem prestada por torcedores a Stuart Angel, covardemente assassinado pela ditadura militar em 1971. E isso em troca de quê? Prestígio com um governo que ninguém sabe se estará de pé nos próximos meses?

Convenhamos, o afago de agora, com este "casamento" com a Havan, ao menos está sendo remunerado.

E, no frigir dos ovos, o que é mais um flechada em São Sebastião (ou punhalada em São Judas Tadeu)?

 

 

 

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