Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras

Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras

Abel Ferreira não é nenhuma besta e nem bestial. O primeiro a unir o besta e o bestial numa só frase foi Otaviano Martins Glória. O Otto Glória, técnico brasileiro que treinou a Portuguesa, o Vasco e a seleção de Portugal. E conseguiu a proeza de levar Portugal ao terceiro lugar na Copa da Inglaterra, em 1966, depois de eliminar o Brasil na fase classificatória, vencendo Pelé e cia por 3 a 1.

Na Portuguesa, foi campeão paulista de 1973, título dividido com o Santos.

Otto dizia que técnico de futebol ou é besta ou bestial. Não tem meio termo. Também é dele a definição de que “não se faz omelete sem ovos”.

Falava isso quando queria dizer que treinador de futebol precisa de bons jogadores para formar uma grande equipe.

Abel Ferreira ainda não está no primeiro patamar dos treinadores de futebol no mundo da bola. Ganhou duas libertadores em um só ano, é verdade. Mas seu time mostrou deficiências nas duas competições.

Foi desclassificado da Copa do Brasil em casa pelo fraco CRB.

E mostra campanha irregular no Campeonato Brasileiro.

Fracassos que devem ser lembrados, pois que o elenco do Palmeiras é recheado de ótimos jogadores. Portanto, parodiando Otto, não faltaram ovos graúdos e de boa qualidade para que Abel Ferreira fizesse um saboroso e apetitoso omelete.

A primeira libertadores ganha por Abel veio quase por acaso. No final do jogo com o Santos, após uma grande confusão, que teve o lateral Marcos Rocha e o técnico Cuca como protagonistas, a bola foi cruzada para dentro da área e Breno, disputando a bola com o baixinho Pará, cabeceou para marcar o gol do título.

Isso depois de um jogo feio, em que as duas equipes exibiram um futebol modorrento.

No título do último sábado, o jogo foi igual. Abel surpreendeu o falastrão Renato Gaúcho ao explorar os espaços deixados por Filipi Luís. Mas quem criou as melhores oportunidades para marcar foi o Flamengo. Michael perdeu uma grande chance na frente do goleiro Weverton.

O gol do título veio na prorrogação. E saiu por causa de uma falha imperdoável de Andreas Pereira, aproveitada, com muito oportunismo, é verdade, por Deyverson.

É muito bom o trabalho de Abel no Palmeiras. Mas não se pode dizer que o seu time mostra um futebol de encher os olhos. 

Tem um padrão tático definido. 

Mas não pode ser comparado a Jorge Jesus. Este português, sim, veio ao Brasil e deixou uma marca. Fez com que o Flamengo mostrasse um futebol inesquecível.

Abel também não chega ao patamar de Sampaoli. O argentino ex-treinador do Santos e Atlético Mineiro não conquistou grandes títulos no Brasil – ganhou apenas o campeonato mineiro com o Galo. Mas o futebol exuberante que Santos e Galo mostraram ficou na lembrança de seus torcedores.

Quando Abel Ferreira for embora, e ele dá sinais de que pode aceitar propostas que diz ter do exterior, o torcedor palmeirense ficará com a lembrança dos títulos conquistados pelo time sob o seu comando.

E isso é bastante, claro.

Mas não sonhará acordado com o futebol apresentado pelo irrequieto e emotivo português.

 

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