A violência venceu a guerra com as autoridades paulistas e conseguiu fazer com que o maior clássico do estado, envolvendo Palmeiras e Corinthians, domingo, 17h, na Allianz Parque, tenha torcida única. Uma página triste e vergonhosa na rica história do dérbi.

No final de semana, apenas a torcida do Palmeiras terá acesso ao Allianz Parque, que assistirá o agora centenário clássico. Mais um tapa na cara do torcedor comum, que se vê impedido de frequentar o jogo do seu time do coração pelo simples fato de as autoridades assinarem o atestado de incompetência na missão de dar segurança a um evento de futebol.

O assunto é polêmico e divide a sociedade. É fato que a violência existe e as pessoas não aguentam mais tanta insegurança. No entanto, faço aqui algumas ponderações para provar que a medida é paliativa e reflete apenas a realidade brasileira, que não consegue dar fim as suas mazelas e prefere varrer o problema para debaixo do tapete.

É dever da polícia dar segurança ao torcedor que pretende ir a um estádio de futebol, assim como àquele que deseja assistir a uma peça de teatro ou a um filme no cinema.

Assim como é de direito do cidadão frequentar os lugares que quiser, com tranquilidade, respeito e segurança por parte da polícia.

Se as autoridades monitoraram pelas redes sociais que as torcidas planejavam brigas antes do clássico, é dever do setor da inteligência da polícia rastrear as mensagens, planejar uma ação ostensiva contra estes confrontos e prender quem brigar, mata e roubar.

Com ou sem torcida única, a chance do confronto existe e deve acontecer. Todos sabem que as brigas acontecem fora do estádio e isso deverá seguir na pauta. Por isso classifico “torcida única” como uma ação bizarra e desesperada na busca por dar uma resposta à sociedade.

O futebol brasileiro está sem rumo. Dentro e fora de campo. Os espetáculos são pobres tecnicamente falando, até pelo fato da geração de atletas não arrancar suspiros, e passa pelo amadorismo dos dirigentes e incapacidade das autoridades de dar segurança aos amantes do futebol.

O principal clássico paulista já sofria com a aberração da diretoria alviverde de cobrar cerca de R$ 200 o ingresso para o torcedor visitante. Agora, o Ministério Público (MP) consegue impedir que a torcida rival não tenha acesso ao Allianz Parque, numa ação que deverá ser adotada daqui para a frente em todos os clássicos envolvendo os times grandes do estado.

É a vitória da violência e a derrota das autoridades e do torcedor comum, que definitivamente está expulso das partidas de futebol. É mais um duro golpe que o futebol brasileiro sofre, após o 7 a 1 sofrido para a Alemanha na semifinal da Copa do Mundo do ano passado.

O primeiro confronto do centenário clássico paulista não tem o que festejar. Torcida única mata um pouco mais o futebol e o país como nação.

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Foto: Divulgação