Seja sincero. A primeira coisa que vem à sua cabeça quando se fala na seleção italiana é retranca, certo? Não por acaso. A Itália sempre foi referência tática, principalmente no que diz respeito à organização defensiva.
E isso sempre funcionou para eles. Foi assim que a Azurra conquistou quatro Copas do Mundo e se consolidou como umas das principais escolas de futebol do planeta.
Mas a Azurra atual é a menos Azurra dos últimos tempos. A solidez defensiva continua, mas não como resultado do tradicional catenaccio. A Itália de Roberto Mancini é ofensiva. Joga no campo adversário e pressiona o tempo todo. Com a bola longe da própria meta, sofre menos gols.
A ruptura com o modelo tradicional de jogo em muito se deve à não classificação para a última Copa, na Rússia, mas não se limita apenas à seleção. A própria Série A passa por um processo de evolução, com times mais ofensivos. Fruto do dinheiro oriundo da boa venda dos direitos de transmissão e dos investidores estrangeiros no futebol local. Para se ter ideia, dos cinco primeiros colocados, quatro tiveram média superior a dois gols marcados por jogo na última temporada, com destaque para a campeã Inter de Milão, com 90 tentos em 38 rodadas.
Até aqui a Itália surge como o time mais organizado taticamente da Euro. Um 4-3-3 moderno, com três meio campistas (Jorginho, Barella e Locatelli, este último que marcou dois gols contra a Suíça) que ocupam o campo todo, atacando e defendendo com a mesma qualidade, o que faz enorme diferença na hora de pressionar o adversário.
Linhas sempre altas, abafando o oponente. Não foi raro ver os zagueiros chegando ao campo de ataque, uma amostra de como é importante o domínio territorial. Os pontas (Insigne e Berardi), além de bons, flutuam o tempo inteiro, trocando de posição e confundindo a marcação.
Contra a Turquia, na estreia (vitória por 3 a 0), 63% de posse de bola. Mais importante ainda foram as 24 finalizações sem levar uma sequer na própria meta. O filme se repetiu no triunfo por 3 a 0 sobre a Suíça. Dessa vez com menos posse, mas jogando no campo adversário e sem ser incomodado lá atrás.
A Itália não tem cara de Itália, e isso é ótimo. Uma renovação bem feita, com uma geração interessante e um bom treinador. Tudo isso somado a uma camisa bem pesada...
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