Canhota de Neymar já empata com a direita.
Com Pelé foi assim também e muito mais, é claro.
Coisas raras, mas muitos "direitos" igualmente melhoraram suas esquerdas.
Já o canhoto melhora a sua direita só em exatos 52.67%, no máximo.
Rivellino, genial, só fez um gol com a direita.
Foi no Maracanã, de sem pulo, de fora da área, pelo Fluminense.
O levantamento é do não menos genial Cláudio Scaff Zaidan, das Rádios Bandeirantes e Bradesco FM.
Zaidan, belo historiador e frio pesquisador, também decreta que Didi só fez um gol de "Folha Seca" na vida.
Ele "leu" todos os jogos de Didi pelo Flu, Botafogo, seleção, Real Madrid e São Paulo.
E viu e ouviu 42.87% deles.
O gol único foi naquela falta, contra o Peru, no Maracanã, pela eliminatória direta para a Copa de 1958.
Só dois jogos porque os cartolas burros não tinham descoberto ainda os direitos de TV e o marketing esportivo.
Lá, foi 1 a 1, com Índio empatando para o Brasil.
No Rio, na volta, estava um 0 a 0 chorado, no lotado Maracanã, quando Didi venceu o gigante negro Rafael Asca em cobrança de falta que Nelson Rodrigues imortalizou como "Chute de Folha Seca".
É que uma folha seca levada pelo vento sempre tem destino improvável, impreciso, lotérico.
Estudei a trajetória da bola no chute de Didi em imagens claríssimas em 1994 quando apresentava o "Canal 100" pela finada TV Manchete.
À época, com assessoria de Narcizo Vernizzi, o homem do tempo, do sol, da chuva e dos ventos, e do onipresente Álvaro Paes Leme, da Rede Record e da Bradesco FM, concluímos que a bola ia fora, mas no caminho dela em direção ao gol "ia passando um vento noroeste" que alterou a sua trajetória.
E o goleiro Asca, o "Pássaro Negro" do Peru, até fica olhando para cima "xingando" o vento, após o gol.
Vento esportivo que foi também imortalizado pelo não menos célebre Roberto Drummond, o Nelson Rodrigues de Minas Gerais.
"Quando vejo uma camisa do Atlético Mineiro estendida no varal, torço contra o vento".
E eu torço pelo esclarecimento do "Caso Neymar".
Quase voz isolada contra a "doação" do jogador ao Barcelona, mesmo inicial e burramente tendo apoiado em minhas mídias a antecipação em um ano do vencimento do contrato do Pelezinho da Vila, vejo hoje que o assunto está cada vez mais mal cheiroso.
Não me surpreenderei se pintar no caso, entre tantos envolvidos nos dois extremos e entre tantos intermediários ou empresários do negócio, alguma "delação premiada", algo tão em moda hoje no Brasil.
"Você quer chegar no ponto final de uma história? Então siga o caminho percorrido pelo dinheiro", ensinam experientes investigadores internacionais.
Na ponta do comprador a polêmica fedida já virou "batom na cueca".
Sandro Rosell, seu vice e o Barça, perante o MP e o fisco espanhóis, estão envolvidos ou enrolados até a medula.
A coisa vai chegar aqui?
Aguardemos.
Enquanto isso o quase falido Santos do coitado do Modesto Roma vai capengando tentando sair do buraco em que o clube se meteu pós-Laor-Odílio.
Na semana, outra bordoada no caixa da Vila.
O TJ-SP, por 3 a 0, decidiu que foram legais os contratos que Marcelo Teixeira assinou com a DIS vendendo à empresa jogadores como Wesley, Ganso, Andre e outros de "baciada" de uma molecada que, na maioria, sumiu.
Ou seja, ao invés de pagar à época o percentual da empresa quando da venda dos jogadores, a dupla Laor-Odílio preferiu "empurrar com a barriga" e entrar na Justiça contra os atos de Marcelo Teixeira.
Foram para o Poder Judiciário, postergaram os pagamentos e perderam.
Aliás, eles nada perderam porque agora quem perdeu, seis anos depois, foi o Santos, hoje com o CT Meninos da Vila sujeito à humilhante leilão judicial.
Justamente os dois cartolas que deviam ter se rebelado muitíssimo mais contra o não recebimento dos 55% dos direitos do Santos FC sobre os mais de 100 milhões de euros, o verdadeiro custo da transferência do "Menino de Ouro", segundo autoridades espanholas.
Alegam que não sabiam e temos que acreditar porque eu também não sabia, ao contrário de Neymar pai e da ponta compradora.
E lembrar que Neymar, lá pelos fins de 2008, à época um "projeto de craque" como talvez um Victor Andrade, um Neilton ou um Gabigol, só não deixou o Santos e foi para o Real Madrid por R$ 5 milhões porque Neymar pai vendeu os 40% do filho para a DIS, que também micou, por enquanto, no mais nebuloso negócio da história do futebol.
Mas, tenho para mim, que esse jogo só está em seu primeiro tempo e que temos ainda muito esgoto para passar debaixo da ponte que liga Santos a Barcelona.
Foto: UOL
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