Canadense, morto há 36 anos, continua sendo superestimado

Canadense, morto há 36 anos, continua sendo superestimado

Eu já acompanhava a F1 do final dos anos 70, ainda como menino, espectador, a carreira de Gilles Villeneuve.

E, desde que comecei a trabalhar com automobilismo, a partir de 2009, sempre escrevo algo em 08 de maio, dia em que o canadense morreu, aos 32 anos de idade, durante a classificação para o GP da Bélgica, em Zolder. 

Habitualmente vejo postagens, seja no dia do aniversário de sua morte ou de seu nascimento (18 de janeiro), que enaltecem as virtudes do piloto. 

Vídeos de suas peripécias. 

De fato, Gilles era muito habilidoso. 

Caindo no "lugar comum", enchia os olhos vê-lo sair de traseira, controlar sua Ferrari sob chuva intensa e guiar com a visão prejudicada pela asa dianteira estar quebrada, na vertical, ou ainda chegar aos boxes sem uma roda.

Porém, na prática, os resultados de Gilles Villeneuve deixaram a desejar quando o comparamos a seus respectivos companheiros de equipe

Descontando seu ano de estreia, 1977, em que fez apenas três GPs, um com um McLaren M23 antigo, alugado, e duas outras provas com a Ferrari, vamos às temporadas seguintes de Gilles Villeneuve na F1, comparando-o com seus respectivos companheiros de equipe, sempre pela Ferrari.

1978

Gilles Villeneuve marcou 17 pontos e terminou a temporada em 9º lugar. Venceu um GP.

Carlos Reutemann marcou 48 pontos e terminou a temporada em 2º lugar. Venceu quatro GPs e conquistou duas poles.

Carlos Reutemann contorna a antiga Loews, no GP de Mônaco de 1978. Argentino foi o vice-campeão daquela temporada, enquanto Gilles terminou o ano em 9º. Reprodução

1979

Gilles Villeneuve marcou 47 pontos e terminou a temporada em 2º lugar. Venceu três GPs e conquistou uma pole.

Jody Scheckter marcou 51 pontos e terminou a temporada como campeão. Venceu três GPs e conquistou uma pole.

A Ferrari foi a grande força da temporada de 1979. Gilles foi o vice-campeão e seu companheiro de equipe, o sul-africano Jody Scheckter, com mais regularidade, ficou com o título. Reprodução

1980

Gilles Villeneuve marcou 6 pontos e terminou a temporada em 14º lugar. Sem vitórias e poles.

Jody Scheckter marcou 2 pontos e terminou a temporada em 19º lugar. Sem vitórias e poles.

A péssima Ferrari 312 T3 de Villeneuve em 1980, durante ao GP da Alemanha, em Hockenheim. Gilles marcou apenas seis pontos e Scheckter foi ainda pior, naquele ano, com apenas dois. Foto: Scuderia Ferrari

1981

Gilles Villeneuve marcou 25 pontos e terminou a temporada em 7º lugar. Venceu dois GPs e obteve uma pole.

Didier Pironi marcou 9 pontos e terminou a temporada em 13º lugar. Sem vitórias e poles.

Melhor ano de Villeneuve em relação a um companheiro de equipe foi em 1981, quando ele terminou o campeonato em 7º lugar e Didier Pironi foi o 13º. Reprodução

1982 - Considerando apenas as quatro primeiras corridas, pois ele morreu na classificação para o quinto GP, na Bélgica, em Zolder.

Gilles Villeneuve marcou 6 pontos. Sem vitórias e poles.

Didier Pironi marcou 10 pontos. Venceu um GP, justamente a dobradinha da Ferrari, com Villeneuve em 2º.

Dobradinha da Ferrari no GP de San Marino de 1982, em Imola, com Pironi em 1º e Villeneuve em 2º. Reprodução

TOTAL

GILLES VILLENEUVE MARCOU 101 PONTOS E OBTEVE 6 VITÓRIAS.

COMPANHEIROS DE EQUIPE MARCARAM JUNTOS 120 PONTOS E OBTIVERAM 8 VITÓRIAS.

Resumindo...

Se em termos de espetáculo Gilles foi protagonista, em resultados ele foi mais coadjuvante.

Impossível, nos dias de hoje, não traçar um paralelo entre Max Verstappen, típico "homem show", como era Gilles, e Daniel Ricciardo, seu companheiro de equipe na Red Bull, que invariavelmente embolsa mais pontos e tem atuações mais sólidas e convincentes.

Até hoje Gilles Villeneuve é superestimado.

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SOBRE O COLUNISTA

Editor de automobilismo do Portal Terceiro Tempo, começou no site de Milton Neves em 10 de março de 2009. Também atua como repórter, redator geral, colunista e fotógrafo. Em novembro de 2010 criou o Bella Macchina, programa em vídeo sobre esporte a motor que já contou com as presenças de Felipe Massa, Cacá Bueno, Bruno Senna, Bia Figueiredo, Ingo Hoffmann e Roberto Moreno, entre outros.

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