Arrascaeta, a maior contratação da história do futebol brasileiro. Foto: Vinnicius Silva/Cruzeiro E.C/Via UOL

Arrascaeta, a maior contratação da história do futebol brasileiro. Foto: Vinnicius Silva/Cruzeiro E.C/Via UOL

Os clubes atacam o mercado de acordo com a capacidade de investimento. Tem muita gente admirada com o forte avanço do Flamengo, que não tem poupado na busca por grandes nomes para o time de Abel Braga.

Me ocorreu pensar no nível de investimento que outros clubes fizeram até o momento. E lembrar, sempre, que cada um vive uma realidade, cada um tem um foco e um direcionamento para entregar aos treinadores o melhor possível, dentro de tais condições.

Flamengo – Impulsionado pelas recentes negociações de Vinícius Jr com o Real Madrid e Lucas Paquetá ao Milan, o clube tem forte respaldo financeiro para buscar os chamados medalhões.

Vinícius Jr foi negociado com o futebol espanhol em 2017. No câmbio da época a transação rendeu ao clube nada menos que 164 milhões de reais (45 mi de euros – câmbio da época).

Já Lucas Paquetá acaba de iniciar trabalhos no Milan. A negociação com os italianos faz entrar nos cofres do clube pouco mais de 100 milhões de reais. O Flamengo tinha direito a 70% do valor de 150 milhões totalizados com a venda. Ou seja, capacidade de investimento não falta.

No mercado, o rubro-negro trouxe Rodrigo Caio para a zaga, adquirindo 45% dos direitos do atleta junto ao São Paulo por 22 milhões de reais. Além, claro, de Arrascaeta, a negociação mais cara do futebol nacional, por (impressionantes) 63,7 milhões. Gabriel chegou sem custos, pois vem emprestado pela Inter de Milão. Em todos os casos o clube arcará com despesas de luvas e salários.

E ainda vem mais. Na Gávea há disposição de desembolsar, ao menos, 22 milhões de reais para trazer o atacante Bruno Henrique, do Santos. Apesar de ainda jovens, Rodrigo Caio (25) e Arrascaeta (24) são jogadores consolidados e com experiência suficiente para encorpar a equipe na luta por títulos.

O investimento do time carioca é forte. Justifica a pressão por conquistas, que aumentou nas últimas temporadas. Desde 2013, quando ficou com a taça da Copa do Brasil, o clube tem batido na trave nas principais competições e passou a conviver com o incômodo apelido de “cheirinho”.

Rodrigo Caio e Arrascaeta. Fotos: Divulgação; Eduardo Carmina/Agência O DIA/Estadão Conteúdo/ Via UOL  

Palmeiras – A situação é inversa à do rival do Rio de Janeiro. Tem capacidade de investimento graças aos contratos de patrocínio, o crescimento do programa sócio torcedor e a austeridade administrativa adotada desde 2014.

Neste período conquistou três campeonatos nacionais (uma Copa do Brasil – 2015 e dois Brasileiros – 2016 e 2018) e manteve a base para a temporada.

Continua investindo, mas com perfil diferente do Flamengo. Ao invés de experientes, a diretoria alviverde buscou jovens e promissores atletas. De olho no futuro dentro e fora de campo. Foram 60,7 milhões de reais aportados nas vindas de quatro jogadores. O valor é menor do que o Flamengo vai pagar por Arrascaeta, por exemplo. Felipe Pires chegou por empréstimo e, por esse motivo, não foi incluído no cálculo.

Zé Rafael tem 25 anos e é o mais velho da turma. Para ficar com 70 % dos direitos do meio-campista, o clube pagou 14,5 milhões ao Bahia. Arthur Cabral tem apenas 20 anos e custou 5,5 milhões de reais por 50% do atacante, contratado junto ao Ceará.

Matheus Fernandes é opção para o meio-campo. O Verdão adquiriu 75% dos direitos em negociação com o Botafogo. Aos 20 anos de idade, Matheus custou 15,5 milhões ao clube.

Carlos Eduardo tem 22 anos e é a principal aposta da comissão técnica e da diretoria. Pedido do técnico Luis Felipe Scolari, o Palmeiras aceitou pagar 25,2 milhões de reais ao Pyramids, do Egito.

Zé Rafael, Arthur Cabral, Matheus Fernandes e Carlos Eduardo. Fotos: César Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação; Palmeiras/Divulgação/Via UOL 

São Paulo – A diretoria do São Paulo tentou ser assertiva na movimentação no mercado. Sem espaço para erros, investiu um pouco mais nas chegadas de Pablo e Hernanes. A intenção é ter um time fortalecido para 2019. Uma equipe que não oscile, como ocorreu com o elenco que chegou a liderar o Brasileirão de 2018, mas que não teve fôlego para se segurar na tabela.

O meio-campista estava na China e voltou ao Morumbi com investimento de 13,2 milhões. Conhecedor do clube como poucos, Hernanes chegou adotando um discurso alinhado com a diretoria: quer títulos. A Sul-americana de 2012 foi o último.

Pablo, destaque do Athletico-PR em 2018, é a aposta ousada da diretoria. O Tricolor superou até o endinheirado Flamengo para ter o jogador, que chega com investimento de 26,6 milhões de reais. Era um jogador que todo o mercado estava de olho e o São Paulo foi ágil na negociação. Contou também o desejo do atleta de atuar pelo clube.

Mais modesto, Léo, o lateral-esquerdo, foi adquirido junto ao Fluminense por 3 milhões de reais. Tiago Volpi e Igor Vinícius vieram por empréstimo, enquanto o atacante Biro-Biro e o volante Willian Farias se desvincularam de Shanghai Shenxin e Vitória, respectivamente, para acertar com o clube. Na soma foram 42,8 milhões investidos em contratações.

Pablo, Hernanes e Léo. Fotos: Divulgação; Divulgação/Saopaulofc.net; Erico Leonan/Sãopaulofc.net/Via UOL 

Corinthians – São sete contratações. Feitas dentro da realidade financeira do clube, mas que podem dar ao técnico Fábio Carille um time base mais forte do que o que terminou a temporada passada.

A diretoria alvinegra foi a que usou mais a criatividade para encontrar soluções para suas carências. Tanto que, para trazer sete jogadores, o Timão gastou menos do que o rival Palmeiras investiu em Carlos Eduardo.

Se o atacante rival custou 25 milhões, o Corinthians vai desembolsar, até agora, “apenas” 21 milhões de reais por seus novos atletas.

Explica-se: o perfil adotado para 2019 inclui jogadores em fim de contrato ou sem vínculo com outros clubes. Casos de Michel Macedo e Gustavo Mosquito, que chegaram no segundo semestre do ano passado depois de ficarem disponíveis no mercado.

Ramiro foi liberado pelo Grêmio por causa de uma dívida que os gaúchos tinham com o empresário do jogador; e Boselli se desvinculou amigavelmente do Léon para vestir a camisa do Timão.

Por Sornoza foram investidos 11 milhões de reais. Três a mais do que o que foi pago ao mesmo Fluminense pelo volante Richard. Enquanto o jovem atacante André Luis custou dois milhões.

Richard, Sornoza e André Luis. Fotos: Divulgação; Luis Moura/WPP/Estadão Conteúdo/Via UOL

SOBRE O COLUNISTA

Formado em Comunicação Social - Jornalismo, pela Universidade Metodista, iniciou a carreira na Rádio ABC, passou pelo Portal Terra e Rádio Bandeirantes, onde desempenhou funções como repórter, editor, comentarista e apresentador nas editorias de Esporte e Geral.

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