Quando recordamos o tetracampeonato da seleção brasileira, em 1994, muitos, e com enorme justiça, logo se lembram de Romário. Mas é sempre bom frisar que aquele título também tem que ser atribuído a outro enorme atacante que jogou muita bola no Mundial dos Estados Unidos: José Roberto Gama de Oliveira, o popular e espetacular Bebeto, que comemora 60 anos de idade nesta sexta-feira (16).
E, para conhecer um pouco mais da carreira de um dos maiores atacantes do mundo nas décadas de 1980 e 1990, o Portal Terceiro Tempo te convida a ler abaixo o perfil do jogador, que está publicado na seção “Que Fim Levou?”. O texto é de autoria de Rogério Micheletti.
Nascido em Salvador (BA), dia 16 de fevereiro de 1964, Bebeto começou a carreira nos infantis do Vitória (BA). Chegou a ser profissionalizado pelo rubro-negro da Boa Terra em 1983, mas no ano seguinte já vestia a camisa do Flamengo.
Antes de Bebeto chegar à Gávea, Nilton Gama, seu irmão mais velho, jogava pelo Flamengo quando morreu no mesmo acidente aéreo que vitimou outro jogador do rubro-negro, o zagueiro Figueiredo, em 20 de dezembro de 1984.
No começo de trabalho na Gávea, Bebeto era apontado como sucessor ideal de Zico, que tinha deixado o Flamengo para defender a Udinese, da Itália. Aos poucos, o franzino jogador mostrava que tinha talento e poderia também fazer sucesso na equipe rubro-negra. Bebeto, na verdade, não era um meia autêntico como o Galinho, mas um atacante hábil e que também sabia fazer gols.
Pelo Flamengo, Bebeto foi campeão carioca de 1986 e campeão da Copa União de 1987. Depois de brilhar quatro anos no time de maior torcida do país, Bebeto decidiu mudar de ares. E a saída da Gávea foi bastante polêmica. O atacante trocou o Flamengo pelo Vasco, em 1989.
Logo em seu primeiro ano em São Januário, Bebeto foi peça fundamental na conquista do Campeonato Brasileiro de 1989. O time cruz-maltino, que tinha ainda Acácio, Luís Carlos Winck, Marco Aurélio, Célio Silva, Quiñonez, Mazinho, Zé do Carmo, Boiadeiro, Bismarck, William, Sorato, entre outros, bateu o São Paulo na final.
Como não estava na melhor forma física, Bebeto ficou apenas na reserva da seleção brasileira de 1990 na Copa da Itália. A dupla de ataque titular do time comandado por Sebastião Lazaroni foi Careca (então do Napoli) e Muller (jogava no Torino).
Em 1992, Bebeto deixou o Vasco da Gama para defender o Deportivo La Coruña, da Espanha. Viveu um bom momento no futebol espanhol, embora sua equipe não fosse considerada uma grande força do país. Barcelona, Real Madrid e Atlético Madrid eram os mais badalados.
Em 1994, Bebeto teve finalmente a chance de disputar para valer uma Copa do Mundo. Ao lado de Romário, formou uma dupla de ataque que entrou para a história. Com os dois afinados, o Brasil comemorou o tetracampeonato nos Estados Unidos. Na final, o Brasil derrotou a Itália nos pênaltis, depois de ter empatado por 0 a 0 no tempo normal e prorrogação.
O curioso é que Bebeto cobraria o quinto pênalti brasileiro naquela decisão, mas não foi necessário porque o italiano Roberto Baggio jogou para fora as chances da Azzurra.
Pouco tempo depois de conquistar a Copa do Rei da Espanha pelo Deportivo La Coruña, em 1995, Bebeto retornou ao futebol brasileiro. Foi mais uma vez defender o Flamengo, que no ano anterior tinha investido muito na formação de um grande ataque no papel (Edmundo, Romário e Sávio) e que não tinha dado certo na prática.
No Flamengo, Bebeto não conseguiu emplacar como em sua primeira passagem pela Gávea. Deixou o clube ainda no mesmo ano e retornou ao futebol espanhol, onde foi defender o Sevilla. Em 97, já estava de volta ao Brasil, desta vez para defender outro ex-clube: o Vitória.
A contratação de Bebeto pelo rubro-negro baiano foi efetuada graças a uma parceria do clube com o banco Excel, o mesmo que na época também patrocinava o Corinthians. O Excel bancou para o Vitória o atacante Bebeto e levou para o Corinthians os meias Fábio Augusto e Fernando Diniz, o atacante Túlio Maravilha, os zagueiros Sangaletti e Antônio Carlos, o lateral-esquerdo André Luiz, entre outros.
Com Bebeto, formando dupla com Agnaldo no ataque, o Vitória levantou a taça no Campeonato Baiano e também da Copa do Nordeste de 1997. Bebeto permaneceu no clube baiano também no segundo semestre, embora o Corinthians tenha tido muito interesse em tirá-lo do Barradão.
Depois do Vitória, Bebeto defendeu o Botafogo, entre 1998 e 1999. Lá, ele foi campeão do Torneio Rio-São Paulo de 1998. Apesar de não ser o mesmo jogador de 1994, Bebeto também fora convocado para defender a seleção brasileira na Copa de 1998. Não chegou a ser uma grande decepção, mas também esteve longe de jogar um futebol igual ao da Copa dos Estados Unidos.
Depois do Glorioso, o atacante defendeu ainda o Toroz Neza, do México (99), o Kashima Antlers, do Japão (2000), Vasco da Gama (2001 e 2002), Al Ittihad, da Arábia (2002), antes de encerrar a carreira de futebol. Seu último jogo oficial foi pelo time árabe contra o Flamengo de Guarulhos (SP), uma partida amistosa.