Leandro Carneiro
Do UOL, em Trieste (Itália)
Angelo Vercesi não é um nome muito conhecido do público brasileiro. Mas, o hoje técnico da seleção da Croácia tem um papel muito importante na evolução física da seleção feminina de vôlei. Ele também é responsável por uma mudança na vida de Sheilla, atleta mais experiência do atual grupo que disputa o Mundial.
Antes de se tornar treinador, Vercesi trabalhava com preparação física no Pinheiros. Em 2005, ele foi convidado por José Roberto Guimarães para integrar a comissão técnica da seleção brasileira e implementar um novo sistema, em parceria com José Elias, que ainda faz parte da equipe.
O sistema era o mesmo utilizado pelos atletas do levantamento de peso olímpico. No começo, a ideia gerou certa desconfiança, pois as jogadoras não queriam ficar musculosas, mas, depois, elas aceitaram.
"A área de musculação já era bem cuidada pelo Zé Elias, atual preparador, ele já tinha um trabalho forte. O que aconteceu foi que o Zé (Roberto), como atleta, teve experiência de trabalhar com levantamento olímpico, ele sabia que eu trabalhava com isso no Pinheiros e me convidou para trabalhar com ele na seleção. Aí eu introduzi junto com Zé Elias, a gente fez a quatro mãos esse trabalho. A parte do levantamento olímpico, que foi ideia do Zé Roberto de levar para a seleção brasileira, até então elas não tinham tido a experiência", disse Vercesi ao UOL Esporte.
"As meninas aceitaram bem, claro, sempre tem aquela imagem, que por ser levantamento, imaginam que vão ficar forte como atletas do esporte levantamento olímpico, explicando qual era o objetivo para o vôlei, elas entenderam e se adaptaram muito bem, principalmente o estímulo que tiveram e a consequência foi favorável", completou.
O técnico ficou na seleção brasileira exercendo esse trabalho entre os anos de 2005 e 2008. Mas, apesar de estar fora da comissão há seis anos, ele ainda mantém uma amizade com as atletas, principalmente com Sheilla, de quem se tornou um "cupido".
"Eu tenho amizade, principalmente, com geração que fez parte do primeiro ouro olímpico, mesmo outras que vieram mais novas, sempre que estou no Brasil tenho encontrado. Principalmente a Sheilla, que é casada com um grande amigo meu, foi até eu que apresentei eles. Então, quando a gente está no Brasil, vamos juntos para praia, vamos jantar", falou.
Segundo Vercesi, a preparação que ele colocou na seleção brasileira e a desconfiança de algumas atletas geram brincadeiras até hoje por essa amizade criada.
"Ela (Sheilla) sempre fala: 'Angelo, olha como estou forte, olha aqui'. A gente sempre brinca e comenta como está o trabalho, mostra algum músculo como está. Eu sempre dou uma cornetada se está forte, se não tá, brinco pela amizade que temos, hoje sou até padrinho de casamento deles", afirmou.
Mas não é apenas pelas jogadoras que o treinador guarda um carinho especial. Ao falar sobre José Roberto Guimarães, o comandante croata também é só elogios.
"Tive bons técnicos antes de ser técnico, o Ari Rabelo, o Claudinho Pinheiro, que é um dos auxiliares do Zé Roberto, mas realmente quando tive essa experiência com seleção brasileira e com o Zé Roberto na Itália, foi meu salto de qualidade no trabalho, eu cresci muito, aprendi muito em todos os sentidos. Como ser profissional, como trabalhar tático, técnico e físico. Ele me deu muita confiança, mostrou todo trabalho dele, aprendi muito com a experiência dele, mas principalmente ele confiou que eu pudesse ajudar ele e a seleção", finalizou.
Vercesi tem até aqui no Mundial uma vitória e duas derrotas, com quatro pontos conquistados por ter levado um dos jogos perdidos para o tie-break. A equipe está na quarta colocação do grupo formado por Itália, Alemanha, República Dominicana, Argentina e Tunísia.
Foto: UOL
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