É correto um clube escalar seu time de reservas para a disputa de um jogo oficial ?

 

A resposta a esta indagação não é incisiva, à base do sim ou não. Ela depende de circunstâncias, que podem justificar ou condenar uma atitude dessa natureza.

 

Se for consequente de outro compromisso futuro mais importante, tal iniciativa pode ser  entendida como uma medida estratégica, visando a poupar energia dos atletas titulares para fazer frente ao confronto mais significativo que vem logo após.

 

O Grêmio, por exemplo, poupou seu time principal em jogos do Brasileirão de 2017, precedentes a confrontos pela Libertadores, e se deu bem, pois ganhou o título continental daquele ano.

 

Hoje, porém, o tricolor de Renato Portaluppi nada tinha para priorizar, pois está classificado para a próxima etapa do Gauchão, e mesmo assim, numa atitude soberba que não se explica nem se justifica, mandou a Ijuí um arremedo de time para decidir com o São Luiz a Recopa Gaúcha.    

 

Essa decisão sem fundamento da cúpula dirigente gremista não encontra apoio em nenhum torcedor consciente do Grêmio, pois caracteriza um menosprezo escancarado ao certame de jogo único promovido pela Federação Gaúcha de Futebol e ao adversário.

 

A situação do Grêmio fica ainda mais deplorável nessa triste jornada, porque os reservas que foram para esta disputa não honraram a camisa que vestiam, sendo amplamente dominados pelo São Luiz, que venceu o jogo por 2 a 0 e só não goleou o frágil adversário porque o goleiro Caíque fez grandes defesas. 

 

A culpa dessa malograda soberba gremista recai quase por inteiro no técnico Renato, que sequer se deu ao trabalho de acompanhar o time a esse jogo decisivo no interior do Estado, o que soa no mínimo como petulante por parte de um treinador que no último domingo, com ou sem erros de arbitragem, foi derrotado no clássico Gre-Nal.

 

Claro que a presente crítica não tem como foco a perda da Recopa Gaúcha, cuja ausência não fará a menor diferença na história desse clube multicampeão.  

 

O condenável é a falta de respeito revelada pela tradicional agremiação, tratando com desdém uma competição que se confunde com suas próprias raízes, até porque foi nela e diante desse mesmo adversário que Luis Suárez, o mais famoso jogador a vestir a camisa do clube, estreou no ano passado, marcando 3 gols inesquecíveis.

 

Isso posto, resta torcer para que atitudes arrogantes como esta nunca mais se repitam nas hostes mosqueteiras do Pampa, pois coisas assim não afinam com expressões como "imortal tricolor" e "com o Grêmio onde o Grêmio estiver".