Os amistosos de novembro têm sido incríveis. A começar pela vitória da Irlanda sobre a África do Sul, em um jogo de uma intensidade física brutal, passando pela recuperação sul-africana diante da Inglaterra (31 a 28), as boas apresentações dos escoceses, e outros encontros muito interessantes.
Mas um encontro, em especial, chamou a atenção não pela qualidade, ou pela intensidade, mas pelo inusitado da verdadeira bagunça tática que se instalou em campo. Trata-se do encontro entre País de Gales e Fiji. Os flying fijians, como os chama a imprensa europeia, têm por hábito subverter a ordem tática em campo, trazendo sempre um jogo rapidíssimo, de muita criatividade e inovação.
Nesse final de semana, no entanto, a equipe de Fiji esmerou-se em jogar em total abandono a qualquer parâmetro tático, gerando tamanha confusão em campo que a desfalcada equipe galesa – o test match serviu para dar oportunidade a vários atletas reservas – simplesmente perdeu-se, confundiu-se e desorientou-se.
A maior prova do quanto a bagunça tática afetou os galeses é o fato de que os anfitriões não pontuaram em toda a segunda etapa, não obstante tenham jogado com um atleta por muito tempo.
Essa situação me traz uma dúvida: estão os galeses preparados a enfrentar o grupo da morte no Mundial, considerando terem demonstrado falta de maturidade bastante para dominar e impor seu jogo diante de um adversário caótico?
Abstraído o fato de que a equipe jogava incompleta, e tomada em consideração a impecável atuação do fullback reserva galês, Liam Williams, ainda assim parece-me que a fortíssima equipe galesa carece de conjunto e tranquilidade suficiente para impor seu jogo independentemente do adversário. Algo a preocupar, e que me faz recordar o Mundial de 2011, quando, diante da exclusão de seu capitão, Sam Warburton, Gales caiu diante da França.
Examinando Inglaterra, França e Irlanda, e pensando na recuperação escocesa, fico a me perguntar se, de fato, Gales fará um Mundial digno de suas tradições em 2015. O que parece ajudar é que a Austrália, que padece de primeira e segunda linha à altura dos rivais, também tem muito a trabalhar até o Mundial.
Os melhores do mundo
Dois sula-africanos, dois neo-zelandeses e um irlandês disputam a eleição de melhor atleta no ano: o irlandês é abertura (Sexton); os neo-zelandeses, um ponta (Savea) e um segunda linha (Retallick); e os sul-africanos, um fullback (Le Roux) e um terceira linha (Vermuelen).
Desde 2001, em seis anos um neo-zelandês foi escolhido o melhor do ano. Richie McCaw tem três títulos em impressionantes oito indicações. França e África do Sul têm duas escolhas cada, e Inglaterra, Gales e Irlanda, uma escolha apenas. Interessante ver que Austrália não tem nenhuma escolha.
Entre os cinco nomeados (os meus cinco não seriam os indicados pela IRB), minha escolha, neste anos, seria em favor de Savea. Por uma razão muito simples: a eficiência do super-atleta Kiwi é impressionante, e isso o diferencia de minha outra possível escol ha: Vermuelen, um terceira linha de potência e velocidade invejáveis.
Le Roux, na minha opinião, precisa ainda tornar-se um pouco mais efetivo em suas investidas sobre o adversário para diferenciar-se de grandes atletas de sua posição, como Halfpenny, Kearney, Dagg e alguns outros.
Retallick, que fez uma temporada muito boa no papel de “pivô” dos ataques dos All Blacks, não tem a meu ver habilidade tão apurada, a ponto de levar o título, enquanto que Sexton, não obstante sua habilidade muito refinada, me parece padecer ainda da falta de um pacote completo (talvez seja preconceito de minha parte, após ter visto muitos jogos de Jonny Wilkinson, o único inglês a receber o galardão, em 2003.
De toda forma, ainda que meu voto pareça definido, qualquer dos cinco indicados terá recebido o título de forma justa, se escolhido. Até porque, no rugby, esse título é relativo, porque quem esteve em campo sabe que um atleta só, por mais excepcional que seja, não ganha jogos sozinho.
Fica um convite aos leitores: quem foi o melhor atleta no Brasil, no ano de 2014? Indicações são bem vindas!
Foto: Reprodução
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