Renato Portaluppi não esconde seu desejo de futuramente treinar a Seleção Brasileira.
Porém, ao dizer "não" à proposta do Corinthians, perdeu a "ponte" mais curta para este intento.
Em termos nacionais, treinar clubes das estirpes de Corinthians ou Flamengo nunca são desafios, por mais que o céu se apresente nublado no Parque São Jorge ou na Gávea, respectivamente.
Costumo fazer uma analogia, que creio ter algum fundamento, quando digo que o Corinthians é uma espécie de Ferrari.
O único sujeito que recusou uma proposta da Ferrari, que eu saiba, foi Ayrton Senna, isso porque já havia assinado contrato com a Williams para a temporada de 1994.
Senna chegou a ter uma conversa com Jean Todt, então diretor da Ferrari. A história está detalhada no livro "Imola 1994", do jornalista e escritor Flavio Gomes, no capítulo chamado "Estoril 1993".
Todt revelou a Gomes, em 2004, durante evento da Ferrari em Maddona di Campiglio, na Itália, que tivera um encontro com Senna em 1993, no Ristorante Cavallino, em frente à fábrica italiana, em Maranello, onde fez uma "proposta irrecusável" ao piloto brasileiro, algo que só um maluco recusaria, mas o tricampeão declinou, primeiro por já ter feito acordo com a Williams e, segundo, por que "tinha urgência de vitórias", algo que o time italiano não tinha como lhe oferecer a curto prazo.
Ele apostava suas fichas no carro campeão de 1993, mas o acidente fatal, em decorrência da batida na Tamburello, impediu a realização de seus desejos por mais triunfos.
Recusar uma oferta do Corinthians, seja para o cargo de treinador ou para defender sua camisa dentro de campo, é algo incomum, exceto para quem tenha alguma "carta" na manga.
Treinar o Corinthians, nos últimos tempos, tem sido um atalho sem muitas atribulações para chegar à Seleção.
Senão, vejamos...
Carlos Alberto Parreira deixou o Corinthians em 2002 e assumiu a Seleção Brasileira.
Vanderlei Luxemburgo repetiu a escrita em 1998, saindo do Alvinegro para comandar o time canarinho.
Mais dois exemplos que trilharam o mesmo caminho, os gaúchos Mano Menezes em 2010 e o atual treinador da Seleção Brasileira, Tite, em 2016.
Tite não ficará eternamente no comando da Seleção Brasileira, e um bom trabalho no Corinthians, por mais que este esteja combalido, poderia garantir o retorno de Renato Portaluppi ao seu amado Rio de Janeiro, para o cargo que ele tanto cobiça.
E, nas muitas horas de folga, se reenergizar em bons banhos de mar e batendo seu futevôlei, afinal, treinador da Seleção Brasileira tem uma rotina bem menos acelerada que a dos treinadores de clubes...
É possível que Renato aposte em outra "ponte", passando pelo Flamengo, pois Rogério Ceni parece pisar diuturnamente em areia movediça na Gávea.
Só não "cravo" que se um dia Renato treinar a Seleção Brasileira será por um longo período, isso por conta da efêmera passagem de outro treinador, de personalidade parecida com a sua: Emerson Leão.
Imaginei que Leão, soberbo como Portaluppi, criaria profundas raízes no cargo.
Errei feio...
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