Pelé comemora o tri no México

Pelé comemora o tri no México

Com 29 anos, sem a mesma força física de anos anteriores, mesmo assim, Pelé foi fundamental para a Seleção Breasileira na conquista do tri, no México, em 70. Antes da copa, o Rei viveu momentos difíceis em sua monumental carreira.

Teve uma temporada desgastante pelo Santos e a seleção em 1969. Sofreu para fazer o milésimo gol, que veio contra o Vasco, em 19 de novembro, dia da Bandeira.

Em março, a três meses do mundial, o jornalista João Máximo, de o Globo, escrevia sobre Pelé, após um jogo-treino contra o Bangu, que serviu de preparativo para a compoetição no México.

“Pelé, apesar do esforço que demonstra, anda mesmo mal. Vez por outra consegue desfazer a impressão com uma jogada certa, mas, em linhas gerais, não consegue convencer. Está longe de atravessar sua melhor forma física ou técnica”.

As dúvidas sobre as condições de Pelé eram muitas. O dublê de técnico e comentarista João Saldanha, substituído em março por Zagallo, alardeou os problemas de visão do Rei da bola. Pelé realmente tinha uma miopia, que afetava seu olho direito, mas nada que o impedisse de mostrar o seu melhor futebol.

A questão era realmente cansaço. Pelé cumpria maratonas de jogos no exterior, para encher o caixa do Santos, dele próprio, e da CBD, a entidade máxima do futebol, brasileiro, que posteriormente mudou o nome para a CBF, mas continuou com a mesma postura de sugar tudo o que pode do futebol brasileiro e de seus craques.

Sim, Pelé se preparou bem para disputar o mundial, que o Sportv está reprisando nestes dias de isolamento social. O canal já mostrou as vitórias contra a Tchecoslováqui (4 a 1) e Inglaterra, 1 a 0. Nas duas partidas, Pelé teve participação relevante. Fez um gol contra os tchecos, jogo em que sofreu a falta para que Rivellino abrisse a contagem, deu o passe de cabeça para Jairzinho marcar e deixou o goleiro Viktor enlouquecido, ao chutar a bola do meio de campo, deixando torcedores, seus adversários e companheiros de seleção extasiados com a sua genialidade. A bola não entrou no gol de Viktor, mas a jogada passou para a história como um golaço de placa.

Contra a Inglaterra, mais uma vez foi soberano. Proporcionou ao goleiro Gordon Banks a melhor defesa de sua vida, ao desviar para escanteio uma cabeçada do Rei. O arrojo de Banks para praticar a defesa o fez passar para a história.

No gol de Jairzinho, o da vitória do Brasil, o passe genial foi de Pelé, após receber a bola de Tostão, que antes havia entortado toda a zaga inglesa.

E Pelé continuou brilhando todo o resto da copa. As imagens estão aí para mostrar. Porém, e sempre tem um porém, digo, sem medo de errar, mas convicto de que serei contestado, que quem viu Pelé apenas na Copa de 70, não viu o melhor do Rei do futebol. Preparadores físicos que trabalharam com Pelé após a metade da década de 1960, afirmam que o Rei, àquela altura de sua carreira, já não encontrava mais tempo em sua concorrida agenda para se dedicar aos treinos físicos no Santos.

Os compromissos comerciais eram muitos. Além disso, o Santos ganhava muito dinheiro com as excursões pelo mundo, em que Pelé, claro, era a atração principal da trupe santista. Com Pelé em campo, a cota paga pelos empresários dobrava, triplicava. E Pelé ficava com a maior parte do faturamento.

Pelé sempre aliou a inigualável qualidade técnica a um condicionamento físico invejável. As suas arrancadas a partir do meio de campo necessitavam, é evidente, de uma condição atlética exemplar.

E na Copa do México, Pelé já não conseguia surpreender os adversários com a sua força física. Na Copa de 70, Pelé foi o rei das assistências. Jairzinho que o diga. O gol marcado pelo Furacão da copa contra a Inglaterra comprova este argumento.

As imagens da competição do México mostram um Pelé espetacular. Que encantou o mundo com os gols que marcou e até com os gols que não fez.

Mas Pelé foi muito mais do que os mexicanos e o mundo viram em 70. A goleada do Santos por 5 a 2, sobre o Benfica em 1962, na decisão do Mundial Interclubes, em Lisboa, é simbólico para os que só viram o Pelé na Copa de 70 possam ter uma ideia da exuberãncia do futebol do Rei.

Quem só viu Pelé na Copa de 70 pode se lamentar. Infelizmente não viu o melhor de Pelé.

 

 

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