Gianni Infantil durante congresso em Paris. Foto: Franck Fife/AFP

Gianni Infantil durante congresso em Paris. Foto: Franck Fife/AFP

Preocupado com a concentração do poder do futebol nas mãos de apenas uma dezena de clubes, o presidente da Fifa, Gianni Infantino admite que a entidade terá de agir para voltar a ter um futebol competitivo em um número maior de países. Mas o suíço ensaia uma crítica aos clubes nacionais que, mesmo com receitas elevadas, são incapazes de manter seus craques.

"Temos de mudar essa mentalidade (dos clubes)", disse o cartola que, nesta quarta-feira, foi eleito para mais um mandato no comando da Fifa. "Os clubes têm de investir e guardar seus jogadores. Com a receita de um Mundial de Clubes, esses times podem ficar com os melhores jogadores por mais um ano", afirmou.

Infantino insistiu que tem avaliado as receitas dos clubes brasileiros e constatou que eles não estão distantes de uma média europeia. "Só recentemente percebi que a receita no Brasil não está longe das grandes ligas europeias", disse. "E eu ainda me pergunto por qual motivo esses jogadores saem do Brasil para jogar no segundo, terceiro ou quarto nível europeu", questionou.

"Por qual motivo não ficam num Flamengo?". "Temos de mudar essa mentalidade de formar e vender. Eles têm de ficar e ganhar um Mundial. Eu entendo se querem sair para um Real Madrid. Mas não para um pequeno clube de segunda divisão".

Sua percepção é a de que um jogador que permaneça mais tempo em seu clube original pode, depois, sair para um clube até mais forte.

Na avaliação do presidente da Fifa, o novo Mundial de Clubes com 24 times vai no sentido de fortalecer os clubes. Para ele, não bastará apenas realizar o evento. Mas também desenvolver esses clubes.

Hoje, segundo ele, apenas dez clubes europeus podem ser campeões do mundo. Entre as seleções, também apenas uma dezena poderia chegar a uma final e sem garantias de que esse grupo hoje inclua os sul-americanos.

Infantino aponta que sua estratégia será a de "abrir o futebol" e evitar que se crie uma elite no esporte. "Precisamos globalizar o futebol", disse. "Não queremos ter dez clubes que podem ser campeões. Mas 50", afirmou. "Hoje, ninguém pode competir com europeus e precisamos trabalhar para abrir", defendeu.

Sua esperança é de que investidores que hoje colocam o dinheiro apenas nos clubes europeus diversifiquem o destino desses recursos, ajudando também clubes de outras regiões.

O cartola admite que o calendário internacional não pode estar baseado apenas nos interesses europeus e que um "calendário com uma visão mais global" terá e ser estabelecido.

Mas o presidente da Fifa, que já havia sido secretário-geral da Uefa, também ensaiou uma crítica às demais confederações. "Geralmente, a Europa esta bem acima (no que se refere à organização do futebol). Isso tem relação com a histórica, com situação econômica. Mas tem relação com trabalho. Na Uefa, trabalhamos muito e os demais menos", disse.

Fundo

Questionado sobre sua ideia de vender o torneio de clubes para um obscuro fundo de investidores, Infantino não descartou que o projeto volte a fazer parte de sua agenda.

No ano passado, ele sugeriu que o novo Mundial de Clubes fosse comercializado em parceria com investidores sauditas e japoneses. Adicionando a Copa do Mundo, o projeto envolveria US$ 25 bilhões em receitas. Mas foi abandonado depois que dirigentes se irritaram com a falta de transparência do suíço sobre os reais donos do dinheiro.

 

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