Médica desenvolveu um ebook com dicas para esportistas. Foto: arquivo pessoal

Médica desenvolveu um ebook com dicas para esportistas. Foto: arquivo pessoal

As práticas esportivas, sejam feitas por profissionais ou amadores, estão sujeitas a danos nos olhos.

Na opinião da Dra. Jane Chen, médica oftalmologista, elas demandam cuidados.

"Os olhos nos permitem interagir com o mundo ao nosso redor e a sua proteção é essencial, especialmente durante a prática de esportes", alerta a médica.

"Os olhos são órgãos expostos, o que os torna suscetíveis a traumas diretos, a danos causados pela exposição prolongada ao sol induzidos pela radiação ultravioleta e a partículas suspensas no ambiente”, pondera a médica que é graduada há 20 anos pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), especialista em Oftalmologia pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia e com sub-especialidade em retina e vítreo.

De acordo com a especialista, que falou com exclusividade ao Portal Terceiro Tempo, impactos podem causar lesões consideráveis nos olhos, por isso é recomendável o uso de equipamentos adequados de proteção nas práticas esportivas. A maioria das lesões oculares é leve ou moderada, mas uma pequena porcentagem pode levar a complicações sérias com perda de visão importante.

"As estruturas dos olhos são delicadas, e qualquer impacto pode causar lesões significativas. Fazer uso de equipamentos de proteção adequados durante a prática de esportes é muito importante para minimizar o risco de lesões", indica a Dra. Jane Chen, que recentemente desenvolveu um ebook sobre cuidados com os olhos nas práticas esportivas, que está disponível em sua página no Instagram (clique aqui e acesse).

PROFISSIONAL DO AUTOMOBILISMO

O piloto Felipe Baptista, que lidera o campeonato da Stock Car em 2024, utiliza lentes de contato desde os oito anos de idade, época em que começou no kart, e elas são importantes no seu dia a dia, incluindo as competições.

"Minha maior preocupação é não deixar entrar alguma poeira nos olhos. Então, mesmo o carro da Stock sendo fechado, eu baixo a viseira em alguns pontos em que haja muita poeira, pois entra pelo duto de ar", pontuou o piloto de 21 anos que compete pela equipe Texaco Racing.

O piloto, inclusive, se lembra bem de um "apuro" pelo qual passou durante uma corrida.

"Já aconteceu de entrar poeira e eu fiquei com dificuldade para enxergar com um dos olhos, mas foi por bem pouco tempo, felizmente", lembrou o piloto que no final deste mês, nos dias 27 e 28 de julho, estará novamente em ação para a rodada dupla da sexta etapa do campeonato da Stock, em Goiânia (GO). 

"Eu recomendaria ao Felipe e demais pilotos, a utilização de um colírio lubrificante ocular antes e após as corridas, pois o calor do cockpit promove ressecamento dos olhos. Consultar um oftalmologista para saber qual é a melhor opção é muito importante.” sugere a oftalmologista, que também salienta a questão dos cuidados em viagens de avião, sobretudo as mais longas, e na manutenção adequada das lentes de contato, comuns aos pilotos e esportistas em geral.

"Nas viagens mais longas de avião, acima de duas horas, recomendo que não se utilize lentes de contato, pois a umidade é baixa", provocando ressecamento", indica a especialista.

O piloto Felipe Baptista, que lidera o campeonato da Stock Car, já sofreu com poeira em um olho durante uma corrida. Foto: Carsten Horst/Hyset  

AMADORES E OS ESPORTES "DA MODA"

Algumas modalidades, que tornaram-se verdadeiras `febres´ nas capitais brasileiras, como o Beach Tennis, requerem especiais cuidados, pois a areia é um agente que pode provocar irritação nas estruturas dos olhos.

"Para a prática do Beach Tennis, e de outros esportes com uso de raquetes, recomendo usar óculos de proteção, mesmo que não tenha necessidade de usar óculos com grau. Esses equipamentos são projetados para oferecer máxima proteção, mantendo a clareza visual e o conforto, permitindo um bom desempenho sem comprometer a segurança ocular. A recomendação de tipo de equipamento de proteção mais adequada depende da modalidade de esporte praticada", indica a médica.
 
DESCOLAMENTO DA RETINA DE TOSTÃO, O CASO MAIS FAMOSO DE UMA LESÃO OCULAR NO ESPORTE
 
Tostão, camisa 9 da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1970, um dos principais jogadores do time que conquistou o tricampeonato de futebol no México, sofreu um descolamento de retina antes daquele Mundial.
 
Em 1969, atuando pelo Cruzeiro, durante um amistoso na Colômbia, contra o Millonarios de Bogotá, machucou o olho esquerdo após chocar-se com o zagueiro Castaños. Naquele mesmo ano ele recebeu uma bolada forte também no olho esquerdo, em chute do zagueiro corintiano Ditão, que provocou o descolamento em sua retina.
 
Em uma época de muito menos desenvolvimento nas cirurgias, Tostão passou por uma delicada cirurgia, realizada em Houston, nos Estados Unidos, principal centro de excelência na especialidade naquela época.
 
Em 1972, então atuando pelo Vasco da Gama, Tostão, que formou-se em Medicina e hoje comentarista esportivo, voltou a ter um problema no olho esquerdo, uma inflamação na retina, que o levou novamente a Houston. Pouco depois, para evitar maiores problemas, e por aconselhamento médico, deixou precocemente o futebol, aos 26 anos.
 
A LESÃO DE TOSTÃO, HOJE, PODERIA IMPACTAR MENOS EM SUA TRAJETÓRIA NO FUTEBOL?
 
"Na medicina, a previsão da resposta terapêutica depende significativamente das características intrínsecas do organismo do paciente e da extensão da doença. Porém é possível inferir que, com os avanços nas técnicas terapêuticas que ocorreram nos últimos 50 anos, provavelmente poderiam mudar o desfecho do caso do Tostão", entende a Dra. Jane Chen.
 

Tostão, com curativo no olho esquerdo, durante a fase de preparação da Seleção Brasileira para a Copa de 70. Pelé (1940-2022) está ao lado do seu companheiro de equipe. Atrás, no centro, Wilson Piazza. Foto: Reprodução

 
 
 

Capa do ebook desenvolvido pela Dra. Jane Chen, médica oftalmologista. Imagem/Reprodução

 

 

 

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