Se a cada um de nós fosse feita a pergunta sobre o brinquedo mais legal de sua infância, certamente apareceria clara e nÃtida a imagem de um, aquele mais marcante e que nos cativou por horas a fio durante um bom tempo.
Devo muito das minhas boas recordações a uma fábrica extinta, a Trol, cujo slogan era "bom motivo pra ser criança", e ficava na Via Anchieta, mais precisamente na Vila Liviero.
Esse aÃ, da imagem ao lado, meu favorito, atendia pelo sugestivo nome de "Piloto Campeão", cujo funcionamento era muitÃssimo bem elaborado.
Embaixo dessa pista, que girava impulsionada por um pequeno motorzinho abastecido por três pilhas grandes, havia um eixo com um imã na ponta. A pista era de um papelão grosso, então, no traçado sinuoso, o carrinho vermelho tinha uma base de ferro que grudava no tal imã. A pista girava, mas dava a impressão de que o carrinho era que andava, mais ou menos como acontece com os videogames, que na verdade tem seus carros e aviões "parados". A paisagem é que "anda"... Já repararam?
Havia uma chave de ignição e um câmbio de três marchas, que na verdade era um acelerador de rotação, dificultando as manobras do "piloto" no pequeno volante preto com o miolo prateado.
"Piloto Campeão", a seu modo, juntava-se ao que havia naqueles deliciosos anos 70 em matéria de brinquedos alusivos às corridas de carros, na esteira do sucesso de Emerson Fittipaldi, como o Autorama Estrela.
Mas havia outras diversões baseadas em carros, como os divertidos calhambeques do "Pega-Pega Trol" ou o "Automatma", uma fábrica de carrinhos meio insossa, mas que me divertia à beça assim que os modelos coloridos desciam a pequena rampa após serem montados e conduzidos por uma esteira de borracha.
Todos esses, e muitos outros, foram presentes que ganhei do "Papai Noel".
Ao contrário do que acontecia com muitos amigos de infância, que recebiam seus presentes na noite do dia 24, Papai Noel só trazia o meu na madrugada do dia 25, enchendo meu quarto de alegria assim que eu despertava para aquele dia mágico, fazendo com que eu passasse o Natal inteiro entretido com volantes, carrinhos batendo ou sendo montados em uma fabriqueta.
Outros também foram inesquecÃveis, claro, como a "Ilha dos Thunderbirds", igualmente da saudosa Trol, o "Eletrodiversões", um pinball gigantesco da Estrela e o "Vertiplano", este último reeditado pela Estrela há alguns anos atrás que fiz questão de dar de presente ao meu filho. Claro, brinquei muito mais do que ele...
Meu último Natal alegre de verdade, enquanto criança, foi justamente aquele em que ganhei o "Piloto Campeão".
No ano seguinte, sei lá por qual motivo, resolvi pedir um relógio de pulso ao "Papai Noel".
Meu pai, então, me chamou para uma conversa reservada em seu quarto. Meio sem jeito, sem saber por onde começar o papo com aquele menininho que eu era, abriu sua mala de trabalho e tirou, em meio a editais e processos, duas caixinhas.
Em uma, um relógio Seiko, azul. Em outra, um Orient cor de vinho.
Perguntou qual eu havia achado mais bonito e eu disse que era o Orient vinho.
Falou que eu poderia ficar com o relógio naquele dia mesmo, porque seria ele, e não um velhinho barbudo, quem me daria os presentes daquele Natal em diante.
O azul, Seiko, ficou com meu irmão mais velho.
Apesar do trauma, o primeiro dos grandes pelos quais passei, guardei cuidadosamente meu Orient cor de vinho até hoje. Preciso mandar arrumar o ponteiro de segundos, que está solto.
Quanto ao "Piloto Campeão", só saudades...
Meu bom e velho Orient cor de vinho, necessitando de um reparo, mas indicando o dia 25.
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Marcos Júnior Micheletti
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