O Pelé jogador de futebol era extremamente zeloso com o seu físico. Foto: Reprodução/Redes sociais

O Pelé jogador de futebol era extremamente zeloso com o seu físico. Foto: Reprodução/Redes sociais

Pelé saiu da UTI.

Já está em um quarto do Hospital Albert Einstein. Em recuperação de cirurgia para a retirada de um tumor – o hospital não informou se é malígno ou benígno -, no intestino, o Rei deu mais um passo para voltar para casa.

Pelé fez parte da minha adolescência. 

Se gosto de futebol, é por causa dele.

Como jornalista já o entrevistei algumas vezes. Sempre foi muito cordato comigo. Uma vez eu estava na área de alimentação da Vila Belmiro – na verdade um espaço reduzido, onde as pessoas se acotovelavam-se para comprar um lanche no intervalo do jogo -, quando ele, cercado por várias jornalistas em uma entrevista coletiva, fez sinal para mim.

Não acreditei no que estava vendo. 

Foi a pessoa que estava comigo, que chamou a minha atenção.

“Olha, o Pelé está acenando pra você”.

Até aquele aceno de mão eu só havia entrevistado o Atleta do Século uma vez. Como sempre trabalhei em redações de jornal, portanto, não era e nem sou conhecido do grande público, ou seja, não sou uma figura pública, fiquei espantado com o fato de ele ter me visto apenas uma vez e se lembrado de mim. 

Fui na direção dele e o cumprimetei.

Ele, incrível, me chamou pelo nome.

Pelé é assim.

Ele cuida da imagem como um ourives cuida de metais preciosos.

Desde que Pelé se submeteu à cirurgia para correção do quadril que eu fiquei interessado em sabe como estava a sua saúde. Foram inúmeras as mensagens que enviei para o seu assessor particular, Pepito Fornos em busca de informações.

Entrevistei o médico que o operou no Einstein, Dr. Roberto Dantas. Na época, Pelé havia dito à Folha de S. Paulo que teria havido erro médico na sua cirurgia. E que por isso ele teria ido aos Estados Unidos para corrigir o erro médico que teria ocorrido no procedimento realizado no Brasil.

O Conselho Regional de Medicina abriu uma sindicância médica para averiguar se teria realmente ocorrido erro médico e chegou à  conclusão de que não houve.

Fiz a matéria, exclusiva, com o desmentido do CRM, publicada pelo UOL.

No livro Esconderijos do Futebol, que escrevi, o drama de Pelé por causa de seus problemas de saúde são contados com detalhes.

O fato é que Pelé passou a se locomover com a ajuda de muletas ou de andador.

Na conversa que tive com o Dr. Roberto Dantas, o ortopedista que o operou no Albert Einstein, ele me disse que os problemas do Pelé não se resumiam apenas ao quadril.

Afirmou que Pelé tem problemas também nos dois joelhos e na coluna.

Antes de fazer a cirurgia no quadril, Pelé teria de ter operado a coluna. Não o fez por causa dos inúmeros compromissos com patrocinadores que tinha quando ainda conseguia se locomover normalmente.

Para atender as inúmeras empresas que o pagavam, e bem, para falar bem de suas marcas, Pelé adiou várias vezes a cirurgia na coluna. Quando operou, já era tarde demais.

O Pelé jogador de futebol era extremamente zeloso com o seu físico.

Depois que parou, em 1977, quando o seu contrato com o Cosmos terminou, Pelé começou a dar mais atenção à imagem do que ao físico.

Incorporou o American way of life (estilo de vida americano), dando mais importãncia aos negócios, ao faturamento, do que ao seu bem estar físico.

Além das lesões na coluna, joelhos e quadril, resultados do esforço nos gramados nos mais de 20 anos como jogador profíssional, Pelé também tem problemas renais.

O que é inquestionável é que, às vésperas de completar 81 anos – faz aniversário dia 23 de outubro -, se comove com as demonstrações de carinho que recebe quando está internado para tratamento.

Nesta terça-feira, 14/9, pelas redes sociais, por intermédio de sua assessoria, avisou que estava deixando a UTI e indo para o quarto.

Durante os quinze dias em que esteve no Albert Einstein, Pelé fez questão de conversar com os seus fãs pelas redes sociais. Não autorizou o hospital a divulgar boletins médicos antes que ele mesmo falasse com seus fãs, para acalmá-los.

Sem se importar com os inúmeros cabelos brancos, apareceu sorrindo e agradeceu o apoio recebido.

Uma imagem impossível de ser vista durante grande parte de sua vida, quando fazia questão de tirar, com uma pinça, um a um de cada fio de cabelo branco que surgia em sua cabeça para desafiar a sua vaidade.

 

 

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