As condições da infraestrutura gaúcha são altamente precárias em consequência dos temporais que se abateram impiedosamente sobre o Rio Grande do Sul, atingindo em cheio a maioria dos municípios do Estado.
Em momentos como este, precisamos muito mais de usar a razão para amenizar as consequências do fenômeno meteorológico do que nos deixarmos levar pela emoção, extrapolando os limites do razoável.
Obediente a este princípio, discordo da tese de que o campeonato brasieleiro tenha que ser suspenso por causa da tragédia que assola os Pampas.
É preciso analisar o certame nacional como um todo para perceber que o pedido de sua paralisação, encaminhado à CBF por Grêmio, Internacional e Juventude, representa apenas 15% dos clubes que disputam a competição, fazendo com que os outros 85% venham a arcar com o ônus decorrente dos prejuízos financeiros que isso causaria.
É claro que se as enchentes que castigam o Rio Grande do Sul tivessem acontecido no Uruguai, no Paraguai ou em outro país de dimensão territorial pequena, o campeonato nacional teria que ser paralisado, pois a maioria dos clubes estaria sendo atingida pela catástrofe.
Como ocorrem numa parte que representa pouco mais de 3% do território desse gigante continental chamado Brasil, não é justo que se estenda o ônus futebolístico desse enorme prejuízo aos clubes que ocupam os demais 97% do território nacional.
É certo que as entidades esportivas do Rio Grande do Sul serão prejudicadas nos eventos esportivos de que participam nacional e internacionalmente, mas não serão as únicas do estado a arcarem com esse ônus.
Indústria e comércio gaúchos também sofrerão abalo na sua competitividade com os demais estados da federação não alcançados pela catástrofe.
Isso posto, considero correto afirmar, portanto, que o adiamento de jogos dos clubes gaúchos está de bom tamanho, mesmo que tal medida resulte em situação difícil às agremiações envolvidas em outras competições, como é o caso do Grêmio e do Internacional.
Temos de convir, afinal, que uma paralisação completa do campeonato brasileiro estenderia o problema a entidades esportivas do Rio, São Paulo, Minas, Paraná e Ceará, estados que também têm clubes envolvidos em competições nacionais e internacionais e não devem sofrer as consequências da tragédia que acontece em solo gaúcho
Solidariedade ao próximo diante de situações adversas é prova de espírito humanitário, mas não é atraindo para si o sofrimento do outro que isso se manifesta e sim estendendo a mão a quem sofre no sentido de lhe amenizar a dor.
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