Fotos: Alexandre Vidal/Flamengo e Ivan Storti/Santos FC

Fotos: Alexandre Vidal/Flamengo e Ivan Storti/Santos FC

A força que alguns técnicos brasileiros fazem para esconder a inveja que sentem pelo sucesso que, sim, pode ser momentâneo e passageiro, Jesus e Sampaoli fazem no Brasil é grande. Mas eles não conseguem disfarçar que estão preocupados.

Nesta segunda-feira, dois representantes dos “comandantes” de equipes brasileiras estiveram no Bem, amigos, do Sportv, desta vez com Cléber Machado no comando.

Um deles em atividade, Mano Menezes, o outro, fora dos campos, devido à problemas de saúde, Muricy Ramalho, hoje comentarista do canal por assinaturas.

Muricy, em nova função, forçado a mostrar imparcialidade e isenção, “jornalista” de ocasião, tem repetido que Jorge Sampaoli merece mais elogios do que Jorge Jesus, pois que o elenco do Santos é limitado tecnicamente e não dá ao técnico argentino as opções que Jesus tem à sua disposição no Flamengo. É verdade. Mas Muricy não perde a chance de dizer que o time de Sampaoli é vulnerável demais, pois “Sampaoli só se preocupa em atacar”. Não é verdade.

Basta olhar. O Santos de hoje toma, sim, muitos cuidados defensivos. Seus zagueiros não têm mais liberdade para sair, como o argentino gostava que faziam antes das goleadas sofridas para o Ituano, Botafogo de Ribeirão Preto, Palmeiras e Grêmio, e também após os três gols que sofreu, em casa, do Fortaleza, depois de começar vencendo por três a zero.

Ou seja, Sampaoli está longe de ser o técnico maluco que o seu jeito de se comportar à beira do gramado e suas tatuagens podem levar a pensar.

Não só Mano e Muricy não perdem oportunidades para exibir a inveja que nutrem pelos dois jorges. Levi Culpi, o agora desempregado Fábio Carille, Renato Gaúcho e até o ex-mei Ricardinho, que também já aventurou como treinador, e fracassou, hoje comentarista do Sportv, alfinetam sempre que podem Sampaoli e Jesus.

No Bem, amigos, Mano ficou indignado após ouvir um comentário do jornalista Marco Antonio Rodrigues, o Bodão.

“Fazia tempo, uns 50 anos, que eu não via um time jogar tão bem, buscar o gol durante os 90 minutos com tanta intensidade, como o Flamengo”, afirmou Bodão.

Mano Menezes não gostou. Reconheceu que Jesus e Sampaoli “são ótimos técnicos, muito bons”, mas não admite que os dois revolucionaram a maneira de jogar futebol no Brasil.

Nestes momentos, logo surgem comparações. Lembram do Santos de Dorval, Mengávio, Coutinho, Pelé e Pepe, do Internacional de Falcão, do Flamengo, de Zico, do Palmeiras de 1996, treinado por Vanderlei Luxemburgo, do Cruzeiro, também de Luxemburgo, que conquistou a tríplice coroa em 2003.

Penso que não é disso que se trata. Claro, evidente, que as equipes mencionadas encataram, conquistaram títulos, fizeram história.

Ao contrário, o Flamengo de Jorge Jesus e o Santos de Jorge Sampaoli que nada conquistaram ainda. O Flamengo caminha a passos de gigante para ser campeão brasileiro e tem chances de conquistar a América do Sul, se passar pelo River Plate, na final marcada para o dia 23 de novembro, em Santiago, no Chile.

O máximo que o Santos de Sampaoli pode festejar é uma vaga para a Copa Libertadores da América de 2020. Sob o comando de Sampaoli, foi eliminado pelo Corinthians do Campeonato Paulista, pelo frágil River Plate, do Uruguai, na Copa Sul Americana, e pelo Atlético Mineiro, na Copa do Brasil.

O argumento que pode ser utilizado a favor de Sampaoli é que ele tem em mãos um grupo de jogadores de qualidade técnica apenas razoável. Não é o que ocorre com Jesus, que dispõe de fartas opções para escalar um time recheado de estrelas, muitas provenientes do futebol europeu, como Gerson, Rafinha e Flilipe Luiz.

O que deve ser discutido são os métodos de treinamentos usados por Jorge Jesus e Jorge Sampaoli. O que se vê em campo, principalmente nos jogos do Flamengo, é o resultado de uma metodologia de trabalho que os nossos “professores”, pelo que seus timnes mostram no gramado, desconhecem.

A intensidade, a marcação rígida para recuperar a posse de bola, os ataques constantes, realizados em bloco de até oito jogadores, a movimentação, são frutos de trabalho intenso também durante a semana.

Nossos técnicos exibem uma oratória invejável. São imbatíveis na teoria. Mas apenas na teoria. Na prática, no dia a dia, precisam do aperfeiçoamento que possa dotar os times que dirigem das virtudes que os fazem sentir inveja da dupla de técnicos que encanta o nosso fuitebol em 2019.

O problema é que, vaidosos como são, dificilmente irão se afastar de suas convicões. O que é lamemtável.

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