Dia 27 de agostos de 1974, partia para a eternidade o maior compositor gaúcho de todos os tempos. Foto: Grêmio

Dia 27 de agostos de 1974, partia para a eternidade o maior compositor gaúcho de todos os tempos. Foto: Grêmio

Lino Tavares

Hoje, 27 de agosto de 2024, faz exatos 50 anos que morreu Lupicínio Rodrigues. Alguns, entre os mais jovens, hão de imaginar que me refiro a algum jogador de futebol, considerando o fato de estar sendo citado neste Portal esportivo.

Aos que porventura imaginarem isso, esclareço que não se trata de um atleta e sim de um compositor, o maior e mais importante que o Rio Grande do Sul projetou no cenário musical brasileiro.

Foi um dos raros autores musicais gaúchos que teve músicas de sua autoria gravadas pelos maiores cantores brasileiros da segunda metade do século passado, entre as quais se incluem Cadeira Vazia, Nervos de Aço, Ela disse-me assim; Esses Moços, pobres moços e Vingança, apenas para citar algumas de suas quase duzentas composições.

Mas não é essencialmente pela brilhante carreira artística que estou lembrando aqui de Lupicínio Rodrigues. É pelo forte elo de ligação que sustentou com o futebol dos Pampas, como torcedor fanático do Grêmio, a tal ponto que incluiu entre suas mais famosas composições o Hino do Clube, que compôs, segundo consta, quando se juntou a um grupo de torcedores que iam para um jogo do tricolor, a pé, no antigo Estádio da Baixada (bairro Moinhos de Vento), porque não havia bonde funcionando naquele dia, devido à falta de energia elética em Porto Alegre.

Inspirado na caminhada gremista, Lupicínio começou a cantarolar com os companheiros de torcida aquela que se tornaria a primeira estrofe do Hino do Grêmio: Até a pé nós iremos/ Para o que der e vier/ Mas o certo é que nós estaremos/ Com o Grêmio. onde o Grêmio estiver.

Depois desse jogo, Lupicínio deu campo à sua imaginação fértil e, em questão de dias, criou o restante da letra do Hino, no qual se inclui Cinquenta anos de glória..., algo que coincide hoje com o número de anos em que rememoramos nesta data o dia de sua partida.

Embora famoso, Lupicínio Rodrigues - o popular Lupi, como era conhecido - sempre estava rodeado de amigos, cantarolando suas marchinhas, sambas-canção e músicas de raiz como Felicidade e Cevando o Amargo, num recanto boêmio qualquer de Porto Alegre.

Nunca vou esquecer daquele dia, em 1967, quando visitei Lupicínio Rodrigues em Porto Alegre, na sede regional da União Brasileira de Compositores - UBC, da qual ele era presidente, para lhe mostrar minha primeira composição, a Marcha-rancho Sonho de Menino.

 Ele deu tanta importância à música de minha autoria, que providenciou a inscrição dela numa partitura de piano e a encaminhou para o competente registro na Universidade Federal do Rio Janeiro.

E me explicou que, sem aquela providência, eu corria sério risco de que um compositor pirata qualquer plagiasse a composição e a registrasse como sendo da autoria dele.

Assim era o saudoso Lupicínio Rodrigues. Amigo não apenas dos que privavam do seu cotidiano, mas também de qualquer pessoa que se aproximasse dele por um motivo qualquer.

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