Fotos: Ivan Storti/Santos e Alexandre Vidal/Flamengo

Fotos: Ivan Storti/Santos e Alexandre Vidal/Flamengo

O Flamengo é, disparado, o melhor time do Campeonato Breasileiro. Líder, com 64 pontos, dez a mais do que o vice-líder Palmeiras, treze na frente do Santos, o terceiro colocado. No saldo de gols, a diferença é impressionante: soma 35, contra 21 do Palmeiras, 12 do Santos. Marcou 57 gols, enquanto o Palmeiras fez 42 e o time de Sampaoli, 38.

Mano Menezes, há pouco tempo no comando do Verdão, não será comparado aqui com Jorge Jesus, o mister do Fla. Mas, com Jorge Sampaoli, a comparação se justifica.

Jorge Jesus gosta de marcação alta, com pressão na saída de bola do adversário. Jorge Sampaoli, também. Jesus exige marcação rígida, com o objetivo de recuperar a bola quando o rival está com ela. Sampaoli, também. Jesus quer muita movimentação de seus atacantes e meias assim que o Flamengo recupera a bola. Sampaoli, também. Jorge Jesus conversa bastante com seus jogadores. Faz com que todos estejam motivados, mesmo os que não estão sendo escalados constantemente. Jorge Sampaoli, também. Prova disso foi ter dado oportunidades e recuperado jogadores como Jean Motta, Eduardo Sasha, só para citar dois exemplos, que no início de seu trabalho não eram aproveitados porque não se encaixavam em seu estilo de trabalho.

Ambos, Jesus e Sampaoli, não baseiam a metodologia de trabalho no discurso vazio, como faz a maioria dos treinadores brasileiros. Ao contrário, trouxeram para o Brasil métodos de treinamentos que capacitam suas equipes a mostrarem no gramado o que fazem em seus CTs durante a semana.

Então, se Jorge Jesus e Jorge Sampaoli têm as mesmas virtudes, qual o motivo de Jesus estar na frente, praticamente com o título de campeão brasileiro no currículo, e o time de Sampaoli oscilar tanto?

Simples, Sampaoli não tem o que sobra para Jesus: jogadores capazes de desequilibrar uma partida. Rafinha, Filipe Luís, Gerson, Arão, Bruno Henrique, Arrascaeta, Gabigol decidem jogos. Na falta deles, Jesus tem à disposição jogadores que cresceram sob o seu comando e que também resolvem. Vitinho é um deles.

Eis a diferença. No Santos de Jorge Sampaoli não há jogadores decisivos. Carlos Sanchez alterna boas, regulares exibições com apresentações ruins. Marinho, Soteldo, Taíson Eduardo Sasha são apenas bons atacantes. Não são ótimos jogadores, como Gabigol, Bruno Henrique, Arrascaeta e Gerson. Craques ainda não, mas ótimos jogadores.

O Flamengo tem uma defesa sólida, com dois zagueiros, Rodrigo Caio e Pablo Mari, cujos estilos se encaixaram à filosofia de jogo de Jorge Jesus. Pelos lados, Rafinha e Filipe Luís são muito mais do que laterais. Funcionam como meias, a maioria das jogadas da equipe começa pelos lados.

Lucas Veríssimo, Gustavo Henrique, Luan Perez, Luís Felipe e Felipe Aguilar não conseguem passar a segurança necessária para que o esquema de Sampaoli deslanche.

Em seu início no Santos, Jorge Sampaoli também exigia que seus zagueiros saíssem jogando, que se transformassem em meias de armação quando o Santos estava com a bola. O esquema deu certo e chegou a encantar, com vitórias inquestioináveis, principalmente no Campeonato Paulista.

Só que, sem jogadores de capacidade técnica inquestionável, o Santos foi goleado pelo Ituano (5 a 1), Botafogo de Ribeirão (4 a 0), na competição estadual, e por 4 a 0 para o Palmeiras, pelo Brasileirão.

As derrotas humilhantes levaram Sampaoli a adotar um esquema mais cauteloso. A ousadia deu lugar à uma postura mais cautelosa.

O discurso que prega cautela passou a ser adotado pelo líder do time, o lateral Victor Ferraz.

Sem dinheiro para ir ao mercado e comprar o craque que quiser, como faz o Flamengo, o Santos tem de se contentar com jogadores apenas razoáveis. E com uma classificação que lhe dê, no máximo, o direito de disputar a Copa Libertadores da América de 2020.

 

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