Como os tropeços dos últimos anos forjaram um clube que se preparou para levar o país e a América na bola. Foto: Flamengo/Divulgação

Como os tropeços dos últimos anos forjaram um clube que se preparou para levar o país e a América na bola. Foto: Flamengo/Divulgação

Porto Alegre, estádio Beira-Rio. Era a segunda rodada do Campeonato Brasileiro e o Flamengo entrava em campo diante do Internacional. Campeão da Florida Cup e da Taça Rio, o rubro-negro desafiava então um dos melhores times do país, com Guerrero, Serrafiore e Edenilson liderando o grupo de Odair Hellmann. Gols anulados pelo árbitro de vídeo e a inspiração do atacante colorado impuseram o 2 a 1 que seria a primeira derrota de Abel Braga no certame.

O que pareceu uma derrota normal, fora de casa para um grande time, seria o início de uma crise de relacionamento entre o treinador e a direção do Mengão. A primeira fase da Libertadores já não havia sido uma maravilha e, embora o time tenha se classificado em primeiro no grupo, os jogos contra Peñarol em casa (outra derrota por 1 a 0) e contra LDU (fora) causaram calafrios na “magnética” torcida rubro-negra.

O time era irregular. Venceu a Chapecoense, perdeu para o Atlético Mineiro. O desempenho em campo e a desorganização chamavam a atenção da imprensa. Abel era cobrado com veemência nas redes sociais. Sinal de alerta ligado e o presidente Marco Braz decidiu, durante sua ida a Europa, conversar diretamente com Jesus. Não esperaram a Copa América “resolver” os destinos do time. O treinador do cargo percebeu o movimento e se retirou.

No primeiro dia de junho, 13 dias antes da Copa América, em Madrid, na Espanha, Jorge Jesus era anunciado. Dez dias depois da chegada, veio Filipe Luis, então no Atlético de Madrid. Em julho, chegaria Gerson para se juntar a Bruno Henrique, Gabigol, Arrascaeta, Rafinha. Na estreia, em Quito, outro susto. Derrota para o Emelec nas oitavas-de-final da Libertadores por 2 gols. Estaria o sonho destinado ao pesadelo de uma eliminação?

Esta derrota em especial mostrou caminhos a Jorge Jesus, que chegou a ser chamado de Professor Pardal por colocar Rafinha de atacante pela direita e Bruno Henrique como armador. Rodinei e Renê eram os laterais daquele time e, naquela formação, o time não chegaria a lugar nenhum. Feitas as correções, o rubro-negro reverteria a disputa nos pênaltis, dramaticamente. Era a última forja do time que seria campeão brasileiro e continental.

Nós temos dificuldades de aceitar as lições das derrotas no esporte. Preferimos bater, criticar, pedir forca, troca de técnico, dirigente, jogador, jornalista. Esquecemos, na paixão do torcedor que exige o seu clube sempre na frente, que são as derrotas que apontam as estradas de um campeão. São elas que mostram correções, alertam os mais confiantes, tiram da zona de conforto.

Perder é enxergar o caminho da vitória. Pense nisso.

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