O saudoso austríaco no carro da equipe brasileira de F1. Foto: Reprodução

O saudoso austríaco no carro da equipe brasileira de F1. Foto: Reprodução

Às vezes dava certo, outras não, mas era divertido inventar uma história mirabolante no 1º de abril.

Voltando no tempo, lembro que no 1º de abril eram as contratações improváveis de jogadores de futebol os pratos prediletos na época do Colegial.

Aqui, se me permitem, faço uma observação: Colegial era um nome bem mais imponente que o atual Ensino Médio. Sabem aquela escala, "fraco, médio e forte"?

Pois bem, chamar um período tão importante na vida de um adolescente de "médio" é uma tremenda sacanagem.

Aprendi coisas fundamentais para minha existência nesse período intenso, de efervescência hormonal e política (contra a maldita ditadura militar).

Também conheci bons amigos, assim como a paixão mais arrebatadora da minha vida, que surgiu diante das minhas retinas quando eu era um estudante do 2º Colegial, em uma manhã iluminada de 1983; uma menina magrela com cabelos desgrenhados que vestia uma jardineira branca e que sentou-se duas fileiras do meu lado direito, junto  à parede. Linda, plena.

E foi lá, no meu inesquecível Colegial, um ano antes dessa visão maravilhosa, que contei para a minha sala inteira do 1º ano que Niki Lauda (1949-2019) havia desistido de retornar à Fórmula 1 pela McLaren para assinar com a equipe de Emerson Fittipaldi, então chefe do time, que na ocasião contava apenas com Chico Serra como piloto. Era 1º de abril.

Muitos colegas também gostavam de automobilismo, e como o "Dia da Mentira" não havia sido lembrado por ninguém, consegui convencer os incautos.

Disse que havia acabado de ouvir a história na Jovem Pan (a rádio que eu ouvia) pelo TKR da Caravan bege do meu pai, que me levava de segunda a sexta para as bandas da Vila Mazzei, à porta da querida Escola Estadual Gonçalves Dias.

"Gente, acabei de ouvir o Claudio Carsughi* dizendo que o Lauda vai correr na Fittipaldi", decretei com seriedade.

Segurei a história até onde pude, — época sem internet era uma maravilha —, ninguém tinha como sacar um celular do bolso para checar a informação. E assim foi, até uma colega lembrar que era 1º de abril...

Pena que naquele dia eu não tinha uma foto igual a que ilustra esta crônica, com Lauda dentro do carro... Ninguém duvidaria...

* Peço desculpas ao Claudio Carsughi, hoje amigo, pela história que inventei no longínquo ano. Foi por uma causa divertida, certo, Mestre?

OBSERVAÇÃO: A foto acima é autêntica. Niki Lauda sentou-se no cockpit do Copersucar F5 em 1977, durante um teste de pneus da F1 em Zandvoort, na Holanda. Porém, o austríaco apenas posou para a imagem, nunca andou no carro da equipe brasileira de F1.

 

Últimas do seu time