É bom lembrar que, quando Crespo assumiu, a missão era ganhar o Paulista. Foto: Rubens Chiri/SPFC

É bom lembrar que, quando Crespo assumiu, a missão era ganhar o Paulista. Foto: Rubens Chiri/SPFC

O título do Paulistão, que deu fim ao jejum de nove anos sem levantar uma taça, trouxe ao torcedor são paulino a impressão de que o clube do Morumbi viveria uma temporada diferente em 2021. Uma sensação que ganhou ainda mais força com a rápida adaptação de Crespo.

Menos de seis meses depois, o São Paulo vive a sua maior turbulência desde a chegada do argentino. A eliminação para o Fortaleza, em uma noite aonde o time paulista foi engolido taticamente pelo tricolor cearense, pela primeira vez coloca em cheque o trabalho do treinador, especialmente em um momento aonde Rogério Ceni está livre no mercado.

Não que exista qualquer interesse da diretoria na troca de comando, algo até prontamente negado após a derrota no Castelão, mas é compreensível que alguns torcedores sonhem com a volta do eterno ídolo.

Mas é mesmo hora de interromper o trabalho? Antes de qualquer coisa é bom lembrar que quando Crespo assumiu, a missão era ganhar o Campeonato Paulista, tratado como uma espécie de Copa do Mundo pelos lados do Morumbi.

Em uma temporada atípica, colada com a anterior e sem qualquer intervalo para a preparação, o argentino logo implementou um choque no clube. O objetivo foi alcançado, mas era evidente que a conta chegaria mais tarde, algo que a própria direção deveria ter em mente.

Foi notório o desgaste causado por um Campeonato Paulista achatado pela interrupção por conta da pandemia. Além disso, há a questão do planejamento para a preparação física. Enquanto os demais times se prepararam para uma evolução gradual, tendo como ápice do desenvolvimento a parte final da temporada, o São Paulo antecipou esse pico para a disputa do Estadual.

Reforço que foi uma escolha institucional e, ao meu ver, acertada, já que o título trouxe tranquilidade para a nova gestão que assumiu o clube, tirando um incômodo peso das costas. Mas é preciso lidar com o ônus durante o restante da temporada.

Tal escolha elevou o número de lesões, por exemplo. E também trouxe à tona os problemas estruturais do clube no que diz respeito à recuperação dos atletas. Se no começo do século o São Paulo era referência na área, hoje foi deixado para trás pelos rivais.

Mesmo assim não se pode pensar em temporada perdida. Chegar às quartas de final da Libertadores não é nada mau para quem está iniciando um novo projeto. Mesmo na Copa do Brasil, por mais que doa a eliminação, é bom lembrar que o Fortaleza ocupa atualmente a quarta posição do Campeonato Brasileiro e, comandado pelo argentino Vojvoda, é a grata surpresa da temporada.

Falando em Brasileirão, de fato a 16a colocação incomoda, mas a tabela se mostra achatada no momento. Sete pontos separam do G6 o Tricolor, que tem um jogo a menos do que o rival Corinthians, sexto colocado neste momento. Se pensarmos no oitavo lugar, que deve levar à próxima pré Libertadores, são cinco pontos e também um jogo a menos.

Com todo um turno pela frente e podendo se dedicar exclusivamente ao torneio nacional, a tendência é o time de Crespo evoluir e subir na tabela, conquistando a calmaria necessária para começar a pensar em 2022.

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