A melhor seleção que o Brasil já enviou para os Jogos Pan-Americanos aplicou um 14x0 e ganhou meio ouro. Mas dias depois da conquista pela metade, teve a medalha cassada pela Fifa, que não reconheceu o esforço de craques como o artilheiro Cláudio Adão e de Carlos, Edinho e Batista. Os três últimos incluíram no currículo várias participações em Copas do Mundo.
No Pan de 1975, realizado na Cidade do México, a seleção brasileira comandada pelo antigo craque Zizinho, ídolo de Pelé e estrela do país na Copa de 1950, estava arrasadora. As goleadas eram comuns. Mas nada como a aplicada sobre a Nicarágua, que em dia 17 de outubro caiu por inacreditáveis 14x0! E o mais incrível é que naquele dia o Brasil esteve desfalcado do atacante santista Cláudio Adão, que nos outros seis jogos da campanha marcou dez gols.
Aos 20 anos, Adão levava para o torneio a experiência de ter jogado algumas partidas ao lado de Pelé. E não decepcionou. Formou um trio ofensivo avassalador ao lado de Luís Alberto (Fluminense) e Santos (Santa Cruz). Na ponta-direita o titular era Rosemiro, lateral do Remo e que na seleção atuava à frente. Logo depois do Pan, foi contratado pelo Palmeiras.
Após várias goleadas, a sequência de vitórias foi quebrada por um 0x0 diante da Argentina, o que não impediu a seleção de alcançar a final. A decisão foi contra o México, que naquele Pan lançou um promissor adolescente de 16 anos, que mais tarde seria ídolo do Real Madrid: Hugo Sanchez.
Com gol de Tapia, os mexicanos saíram na frente no primeiro tempo. No início da etapa final, Adão empatou de pênalti. Na prorrogação, o Brasil era melhor, mas perdia muitos gols. No começo do segundo tempo, os refletores do estádio Azteca se apagaram. Após muito tempo de espera, e com a concordância das duas seleções, o árbitro argentino Arturo Iturralde decidiu encerrar a partida. Cláudio Coutinho representou o Brasil no acordo. A medalha de ouro seria dividida.
A Fifa discordou. Ou se marcava um novo jogo ou a decisão não seria reconhecida. O general Antônio Pires de Castro Filho, chefe da delegação brasileira, não aceitou. E aquele ouro deixou de constar na contagem oficial do Pan.
Na final, o Brasil contou com Carlos (Ponte Preta); Mauro (Guarani), Tecão (São Paulo), Edinho (Fluminense) e Chico Fraga (Internacional); Batista (Internacional) e Eudes (Portuguesa); Rosemiro, Luís Alberto, Cláudio Adão e Santos. Também entraram o volante Bianchi (Santos) e o meia e ponta-esquerda Marcelo (Atlético Mineiro). Este último é o atual técnico Marcelo Oliveira.
Fábio Piperno (twitter @piperno)
Facebook.com/futebolcervejeiro