O internauta Nelson Valente, historiador dos bons, mandou alguns e-mails para a Redação do Portal Terceiro Tempo sobre a renúncia do ex-presidente Jânio Quadros. Confira abaixo!
Prezado Milton Neves,
amanhã, dia 25 de agosto: 53 anos da renúncia de Jânio Quadros.
Veja o texto que vai entrar no documentário Jânio Quadros, da Biruta Filmes:
Nelson - O senhor é motorista ? É cumpridor das leis de trânsito?
JÂNIO QUADROS - Quando Presidente da República desci do Horto Florestal num Volks ao lado de Faria Lima. Eu mesmo estava guiando o Volks e entrei numa contramão. O guarda civil me deteve e me multou. Certo. O Presidente da República não tem imunidades para viajar na contramão.
Nelson - Ele não te reconheceu?
JÂNIO QUADROS - Nem me olhou na direção. Olhou minha carta, escreveu a multa, deteve-se no "Quadros", deixou cair o livro de multas e o lápis e desapareceu em uma feira livre.
Nelson - Deve estar correndo até hoje.
JÂNIO QUADROS- Juntei tudo e mandei para o Diretor de Trânsito com Cr$ 20 - uma multa de contramão àquela altura - e acrescentei uma observação para que chamasse o guarda e lhe dissesse: "O Presidente da República não tem imunidade para viajar na contramão". Estou sujeito à lei como qualquer outro.
Abraços de quem o admira e lhe quer muito bem,
Nelson Valente
Segue outro texto de Nelson Valente:
Prezado Milton Neves,
Governador de São Paulo, Jânio foi a Santos, cidade em que tivera péssima votação para aquele cargo. Desejando prestigiar um dos seus líderes locais, fez uma visita à residência do deputado Athiê Jorge Coury. Mostrando-se admirado pelo bom gosto das pelas da casa, Jânio dirigiu-se a Athiê, que havia sido goleiro do Santos Futebol Clube.
- Athiê, meu bem. Que casa linda! Diga-me, sinceramente, você a ganhou pelas bolas que defendeu ou pelas que deixou entrar?
Algumas risadas, que não conseguiram quebrar o mal estar. Quando saiu, convidou seu amigo Saulo Ramos para ir com ele no carro oficial.
- Que brincadeira infeliz - disse Saulo, que nunca transigiu com o mal gosto e cultivava uma dura sinceridade. Jânio, por isto, costumava chamá-lo de "o irreverente", e admitiu:
- É verdade, meu caro irreverente. Você tem razão. Pobre do Athiê, um bom homem e honesto. Foi bola fora. Ainda bem que ele não deu bola.
Abraços de quem o admira e lhe quer muito bem,
Nelson Valente
Destaque também, para este recado de Nelson Valente:
Prezado Milton Neves,
em 1967, trabalhava nos Correios e meu diretor era Oscar Paulino. O meu primo Desembargador Luiz Gonzaga Belluzzo pertencia ao Conselho do Palmeiras.
Eu precisava apresentar o jogador de futebol Tico e o Marinho e falar com Brandão. Aí descobri que meu amigo Oscar Paulino era o diretor e fui prontamente atendido.
Oswaldo Brandão, desceu do treinamento e foi me atender a apresentei o Tico e o Marinho. Brandão conversou com ambos, mas em virtude da idade do Tico, dispensou, mas o Marinho, foi incorporado na equipe juvenil do Palmeiras: o treinador era o Godê ( outro era Marquette? ). O jogador Marinho "excelente" centro avante, abandonou para ir treinar na Portuguesa.
O Tico, levei para o São Bento de Sorocaba, na Rua Ruy Barbosa e apresentei o mesmo ao João Avelino. O Tico, faleceu há dois anos. Jogava e muito ! O irmão do Tico, de nome Mário ( apelido de Sarrafo), ponta esquerda, jogou com Zé Roberto, Eufraim, Carbone, Dias, etc. Quando batia falta ( era uma bomba)... e driblava como ninguém.
Abs,
Nelson Valente
E aqui, mais Nelson Valente:
Prezado Milton Neves,
quando ouço o candidato ao governo de São Paulo , falar em " aprovação automática", fico com a impressão de que estou vivendo em outro país que não é o nosso. Vejamos: É Lei ! “O artigo 32, parágrafos 1º e 2º, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN nº 9394/96.
Prezado Milton Neves,
A LDBEN nº 9394/96, visando a democratização, entendida aqui como garantia de acesso e permanência na escola, trouxe uma novidade no que diz respeito ao tipo de sistema ou regime adotado pelo Ensino Fundamental, sugerindo e estimulando, através do Artigo 32, parágrafos 1º e 2º, da LDEN nº 9394/96, que o ensino fundamental seja baseado no regime de Progressão Continuada e não mais no antigo modo seriado. O regime foi adotado no governo de Luiz Erundina, através de seu secretário Municipal de Educação, professor Paulo Freire, na época, ambos do Partido dos Trabalhadores (PT/SP).
Prezado Milton Neves,
No Município de São Paulo, a “sugestão” foi imediatamente acatada pelo secretário Municipal de Educação que fundamentou-se no referido artigo 32 da Lei Federal n.º 9.394, para implantar na rede pública o regime de Progressão Continuada. A estratégia de adoção do regime, de acordo com os documentos oficiais do Município, contribuindo para viabilizar a universalização da Educação Básica, que é o impulso para as nações se projetarem e competirem mundialmente, também é um meio de garantir o acesso e principalmente a permanência do aluno na escola.
Prezado Milton Neves,
Os documentos também indicam que esta medida é uma forma de otimizar recursos e de regularizar o fluxo de alunos da rede (idade/série), pois a evasão e repetência eram considerados pela Secretaria Municipal de Educação como “perniciosos ralos por onde se desperdiçam” os preciosos e poucos recursos financeiros da Educação. Para garantir a “aceitação” pelos professores da Progressão Continuada no âmbito escolar, a Secretaria Municipal de Educação divulgou alguns outros documentos de cunho pedagógico que explicitavam as bases teóricas como sendo aquelas do Construtivismo, ou seja, os princípios de Piaget, Emília Ferreiro e Paulo Freire, conceitos de que todos são capazes de aprender e que a aprendizagem é ininterrupta e não linear.
Prezado Milton Neves,
A partir deste princípios não fazia mais sentido reprovar um aluno pela falta de domínio de alguns conteúdos, mesmo porque a avaliação passa a ser constante, contínua e cumulativa e o reforço escolar e a recuperação, se necessários, devem ocorrer ao longo do ano. A retenção de um aluno só acontecerá ao final dos ciclos em casos extremos de não superação dos conteúdos e de faltas acima de 25%.
Prezado Milton Neves,
Quanto a segurança pública: A educação é o caminho, antes que o país afunde de vez na ignorância, miséria e violência.
Abraços de quem o admira e lhe quer muito bem,
Nelson Valente
Foto: Portal TT
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