Quando falamos do Mundial de Clubes da FIFA, parece sempre a mesma história, mas se olharmos bem, a cada ano há algo que muda é algo que pesa ainda mais.
As seleções europeias chegam, reclamam, dizem que o calendário está muito cheio, que estão cansadas, que está muito calor, que o torneio é inútil.
Os dirigentes levantam a voz, os técnicos pedem mais respeito pelos seus jogadores, dizem que a temporada acabou e que são necessárias férias de verdade.
Mas aí, no final, veja quem está lá...no tal Mundial de Clubes que eles tanto criticam: o Real Madrid, o Manchester City, o PSG, o Chelsea, a Inter de Milão, o Bayern de Munchen, todos os grandes times, todos com as melhores estrelas, todos com os elencos mais fortes.
Ninguém deixa os campeões em casa.
Todos aqui, mesmo ao meio-dia com 37 graus, mesmo com as pernas ainda pesadas da Liga dos Campeões que acabou de terminar.
O calor, então, não é só desculpa.
A FIFA marca partidas em horários impossíveis, muitas vezes para favorecer a TV na Europa e na Ásia.
Jogar ao meio-dia, com o sol escaldante, não é fácil para ninguém.
Maradona já havia dito isso em 1994, quando a Copa do Mundo foi disputada nos Estados Unidos: "Não se pode jogar neste horário, é uma loucura".
E ele não era europeu, era argentino, acostumado ao calor, mas protestou mesmo assim.
Aqui mesmo, em terras americanos.
Mesmo calor, mesma loucura.
Mesmo sucesso!
Agora, até técnicos como Guardiola e Luis Enrique deixaram claro que jogar essas partidas neste calor é um risco para os jogadores, especialmente depois de uma temporada longa e difícil. Tensa.
Disseram que o risco de lesões aumenta.
Que a qualidade do jogo diminui. E que os jogadores realmente precisam descansar.
Mas a FIFA segue em frente, porque os horários são convenientes para quem paga pelos direitos de TV e patrocinadores.
E o Presidente da Liga Espanhola segue "encabreado", furioso contra o torneio. Assim como o presidente a UEFA.
E a caravana do Infantino passa. Distribuindo dinheiro. Muito.
E arrancando suspiros de torcedores nas arquibancadas norte americanas
A imprensa europeia, por outro lado, alterna reclamações e ironias.
Dizem que o torneio "é inútil", que as equipes europeias são obrigadas a vir, que seria melhor ficar em casa.
Mas aí, quando os jogos começam, todo mundo acompanha, todo mundo comenta, todo mundo quer ver se as mesmas grandes equipes europeias conseguem dominar aqui também.
E a verdade dói... o ponto mais "sério" e vergonhoso é que nenhum dos grandes europeus veio com o time B.
Ao contrário!
Nenhum clube deixou suas mais poderosas armas em casa!
Todos os campeões vieram: Mbappé, Haaland, Douée, Palmer, Vinicius, e a lista é longa.
Todos em campo, todos suando pela camisa e jogando até o fim por seus clubes.
Mas... então por que eles realmente vêm?
A resposta para muitos... é bem simples: dinheiro.
E você sabia que este Mundial de Clubes paga nada mais que o dobro do que a FIFA pagou às seleções na última Copa do Mundo, no Catar 2022?
No Catar 2022, a FIFA distribuiu 440 milhões de dólares em prêmios em dinheiro.
A Argentina, campeã da Copa do Mundo do Catar, levou para casa, na Copa do Mundo, 42 milhões de dólares!
Aqui no Mundial de Clubes, o time vencedor levará para casa nada menos que 125 milhões de dólares!!!
Lembrando... A Copa do Mundo Feminina na Austrália 2023 teve um prêmio total de 110 milhões de dólares.
Mas agora... Os números são diferentes.
Agora, para o Mundial de Clubes, a FIFA está colocando 1 bilhão de dólares em jogo!
Nunca visto antes no esporte.
Só por participar, cada equipe ganha 15 milhões de dólares... Mas não só isso.
Tem mais: Para cada vitória, mais 2 milhões.
Para um empate? 1 milhão de dólares.
Mesmo aqueles que saem imediatamente, como Urawa Reds, Auckland City ou Ulsan, levam para casa pelo menos 15 milhões.
Um valor tentador para todos, até mesmo para os clubes mais ricos do mundo... justamente os europeus.
Mas será que esse dinheiro realmente faz diferença para times como PSG, Manchester City, Chelsea, que são de propriedade de xeques árabes e outros bilionários?
Para clubes como Real Madrid ou Inter, que já têm balanços financeiros assustadores de tão grandes que são... talvez isso não mude suas vidas.
Mas 100 milhões de dólares a mais são... sempre úteis.
São necessários para pagar salários, comprar novos jogadores, mostrar ao mundo que o clube está sempre no topo.
Então Infantino estava certo.
E os outros que criticam a Copa do Mundo... bem... terão que relaxar e assistir Real Madrid, Palmeiras, Benfica, Botafogo, PSG, Flamengo, Chelsea... lutarem por esse dinheiro e pela honra de dizer, por tudo, sempre: "Somos os Primeiros Campeões do Mundo de Clubes!"
E esse prestígio conta.
E conta muito!
Ganhar o primeiro Mundial de Clubes da FIFA com este novo formato é uma medalha que ninguém quer perder.
Não haverá uma segunda vez.
Quem se importa com a obrigação, por exemplo, na Espanha, onde por lei os jogadores devem ter 3 semanas de férias e mais duas semanas de pré-temporada...?
Que o Real Madrid pode jogar pelo menos dois ou três grupos da próxima temporada com 6 ou 8 jogadores do Castilla (Real B)?
O importante é o dinheiro no banco e, talvez, o título na história do clube.
De vez em quando, algum técnico ou dirigente europeu reclama, diz que o torneio é inútil, que o calendário é uma loucura, que os jogadores estão espremidos.
Não ajudou muito: ao final da primeira fase, havia uma média de 33.000 pessoas por partida.
E a rivalidade entre Europa e América do Sul só aumentou.
Como aconteceu durante a Copa Toyota no Japão.
Guardiola e Luis Enrique, dois dos técnicos mais importantes do mundo, que estão aqui com seus times (Manchester City e PSG) neste momento, disseram que há muito risco, que o calor é um problema real, que a FIFA deveria pensar mais na saúde dos jogadores do que nos patrocinadores.
Mas, no fim das contas, eles estão todos aqui.
Guardiola e Luis Enrique também tentaram reduzir a rivalidade entre Europa e América do Sul.
Para Luis Enrique, "o futebol sul-americano é fantástico. Sempre dissemos isso, e todas as seleções da Europa estão repletas de jogadores sul-americanos, mas também centro-americanos e até africanos. Hoje, o futebol é forte em todos os lugares e, na América do Sul, sempre foi uma fonte de talentos. Então, não vejo onde os europeus são melhores ou superiores."
Guardiola, por outro lado, foi muito mais irônico, explicando:
"Adoro jogar contra times sul-americanos. Como eles te desafiam e competem. Vejam o Boca, o Palmeiras... como eles pegam cada bola; a determinação que eles têm é de outro mundo! Eles têm estilos diferentes. Cada partida contra eles é difícil. E eu adoro como eles comemoram gols, todos juntos. E lembremos que mais torcedores sul-americanos vêm do que europeus; eles amam futebol sempre, de manhã e à noite: é uma cultura diferente. Essa é a beleza, vivenciar a competição dessa maneira. Os sul-americanos são muito fortes. Sempre."
E a imprensa europeia, que frequentemente despreza este torneio, no final das contas relata cada detalhe, as partidas de suas próprias seleções. E exalta as vitórias ou até encontra desculpas quando as coisas vão mal.
E como foi ruim no início da Copa do Mundo...
Bem ruim para Chelsea, PSG, Atlético de Madrid, Benfica, Borussia... eles tiveram uma ideia de como é difícil enfrentar times não europeus que têm mais fome de vitória.
Mas a realidade é que nenhum clube europeu vem para cá por acaso.
E ninguém deixa seus campeões em casa.
Assim como era nos tempos da Copa Intercontinental...
Europeus cansados, não dão muita importância, têm jogos demais, uma viagem longa demais, um título que não era importante...
Mas eles sempre vinham ao Japão.
E sempre com os times mais fortes possíveis.
Se ganhassem, era a "força do futebol europeu".
Se fossem derrotados, significava que "a viagem e a motivação não eram tão grandes quanto para os sul-americanos".
Do outro lado, estão os sul-americanos, que vivem este torneio como uma verdadeira missão.
Um objetivo único. Imperdível!
Os brasileiros são loucos pelo Mundial de Clubes. Nenhum país tem tantos clubes na competição....4!
Brasileiros.....Loucos pela Copa Toyota, depois pela Copa do Mundo da FIFA com 8 seleções, disputada desde 2000, e agora, com 32 seleções... ainda mais!
O Botafogo, que há poucos anos estava na Série B, agora venceu o campeão da Liga dos Campeões.
O Palmeiras chega com todas as suas estrelas, sonhando com o primeiro título mundial, veio em um avião especial e promete prêmios dos sonhos aos seus jogadores, se vencerem. Flamengo e Fluminense se apresentando como potentes e firmes diante de seus adversários.
Argentinos e mexicanos jogam com honra, com determinação, com o orgulho de poder desafiar os times mais fortes do mundo.
E eles levam isso muito a sério!
Junto com milhares de torcedores que vieram do exterior só para este evento.
Para eles, é uma questão de respeito, de história, de mostrar que o futebol de verdade não está só na Europa.
É um trauma antigo, uma vontade louca de vencer que lembra, como já foi dito, os antigos desafios da Copa Toyota, quando sul-americanos e europeus se enfrentavam como se fosse uma guerra.
Hoje é a mesma coisa: os mesmos sonhos, a mesma vontade de gritar ao mundo que o futebol sul-americano ainda importa.
As motivações são diferentes, mas a paixão é a mesma.
Os europeus vêm por dinheiro, por prestígio, para não perder terreno.
E também para mostrar ao mundo suas "joias", e quem saber colocar no mercado mundial seus jogadores!
Os sul-americanos vêm por honra, por orgulho, para mostrar que mesmo sem bilhões é possível vencer.
Os asiáticos, por outro lado, vêm para aprender, para crescer, para sonhar que um dia será a vez deles também.
Mas, no fim das contas, todos estão aqui, todos querem levantar aquela taça, todos sabem que o Mundial de Clubes se tornou a verdadeira vitrine do futebol mundial.
E o ponto principal deste artigo é claro: agora você pode ver que todas as equipes estão dando tudo de si para chegar ao título.
Ninguém está se segurando, todos jogam o seu melhor, cada partida é uma verdadeira batalha.
O importante é estar aqui.
E aqui estão as belas partidas, as emoções, os torcedores cantando, as cervejas a 12 dólares, as emoções.
Para trás, as críticas.
E é assim que elas permanecerão.
Para trás.
E isso porque agora também há uma corrida fora de campo: já há pelo menos três países que querem sediar o próximo Mundial de Clubes.
Se uma seleção desses países vencer aqui nos Estados Unidos, será ainda mais fácil trazer o torneio para casa em 2029.
O Mundial de Clubes já está chegando com tudo: com outro fato indiscutível.
A tradicional Copa das Confederações acabou.
Para sempre.
E também o motivo pelo qual era necessária: para ser o evento-teste para o Mundial de Seleções, agora não será mais a Copa das Confederações.
Agora, e pelos próximos anos, o Mundial de Clubes fará esse teste, nos países que organizam o Mundial de Seleções.
E mesmo sabendo disso, a Copa do Mundo, mesmo que ainda não tenha chegado à metade, é tão emocionante que o Brasil se oferece para sediar o próximo Mundial de Clubes, em 2029.
Sabendo, repito, que a Copa do Mundo da FIFA de 2030 será na Argentina, Uruguai, Paraguai, inicialmente, e depois na Espanha, Portugal e Marrocos...
Enquanto escrevemos, a Copa do Mundo de Clubes está em aberto, mas já, esta segunda e terceira fases, com apenas grandes confrontos, mostram que a aposta de Infantino foi realmente certeira.
Exata. Aposta boa.
O Mundial de Clubes veio para ficar.
À nossa frente está uma página da história que está sendo escrita agora, sob o sol, entre suor, dinheiro, sonhos e uma paixão que nunca se apaga.
Ou você conhece outro evento de futebol que tenha Messi, Haaland, Vinicius Junior, Di Maria, Griezmann, Sergio Ramos, Lautaro Martinez, Harry Kane, Estevão, Mbappé, Vitor Roque, Rodri, Bellingham... com os clubes pelos quais eles jogam o ano todo?