Ex-tenista enxerga nos Jogos Olímpicos uma oportunidade para fomentar um sentimento de identidade nacional

Ex-tenista enxerga nos Jogos Olímpicos uma oportunidade para fomentar um sentimento de identidade nacional

Quando Gustavo Kuerten, 39, entrou no Centro Olímpico de Tênis da Barra da Tijuca, inaugurado na última quinta-feira (10), a primeira sensação foi de nostalgia. "Minha vontade era ligar para o Larri [Passos, ex-técnico dele] e perguntar se daria tempo para entrar em forma em seis meses", relatou o ex-número 1 do mundo. A reação foi intensificada pelo deslumbramento com a quadra que vai receber as partidas dos Jogos Olímpicos de 2016, que serão realizados no Rio de Janeiro: "A estrutura é igual ao que encontramos nos maiores torneios do mundo. É uma alma de Grand Slam". Toda essa euforia, contudo, não impediu Guga de se posicionar de forma crítica. Em entrevista coletiva concedida neste sábado (12), o brasileiro lamentou o número de oportunidades perdidas pelo país que receberá o evento esportivo.

"Para as pessoas, o simbolismo de receber as Olimpíadas é importante. Mas na atual situação do Brasil, isso não é suficiente. O Brasil precisa de respostas maiores. O Brasil precisa de atendimento básico, e nisso nós sofremos em todos os aspectos. Não apenas nas Olimpíadas. As expectativas nunca vão ser correspondidas no nosso país, infelizmente. Em todos os quesitos", disse Kuerten. "Não vale a pena investir R$ 1 errado aqui sabendo que as pessoas estão sofrendo com situações básicas do dia a dia. Isso não pode acontecer", adicionou.

O raciocínio de Kuerten tem a ver justamente com o que ele encontrou no Centro Olímpico de Tênis. Inaugurado na quinta-feira (10), quando começou o evento-teste da modalidade para os Jogos, o aparato tem 16 quadras e custou ao menos R$ 201 milhões. No entanto, a obra tem apenas 85% de conclusão e ainda não fechou um plano de legado.

"Acho que o legado mais importante das Olimpíadas vai ser a estrutura física. Tivemos muitas oportunidades ao longo do caminho, mas o Brasil não proporciona isso. Tivemos inúmeras chances de aprimorar, investir no esporte, entender melhor esse universo, mas as arenas se transformam na nossa maior recompensa. Principalmente para os atletas", ponderou.

"Nosso país ainda não está preparado para algumas ocasiões fantásticas. Ele espreme grandiosas oportunidades para extrair poucos benefícios. Claro que para o tênis vai ser maravilhoso e que essa estrutura pode transformar alguns esportes, mas de certo aspecto é pouco se pensarmos como uma nação inteira", completou Kuerten.

Além da questão estrutural a das possibilidades para evolução de esportes como o tênis, Guga enxerga nos Jogos Olímpicos uma oportunidade para fomentar um sentimento de identidade nacional: "Temos de buscar aspectos transformadores nas Olimpíadas. Se servir para acreditar mais no povo e para buscar soluções, melhor. Reclamar também acaba não ajudando nada".

Quadra central do Centro Olímpico de Tênis homenageia Maria Esther Bueno

O último dia do evento-teste do tênis para a Rio-2016 foi marcado por uma cerimônia em homenagem à ex-tenista Maria Esther Bueno, 76, ganhadora de 19 títulos de Grand Slam. Ela dará nome à quadra central do complexo montado para os Jogos Olímpicos.

"Foi realmente fantástico. Uma das maiores homenagens da minha vida. Fico muito orgulhosa de poder ter representado bem o Brasil durante a vida inteira. Para a mulher brasileira, principalmente, essa foi uma grande vitória. Temos de fazer tudo sempre o triplo dos homens, mas conseguimos tudo isso", disse Maria Esther.

A cerimônia contou com autoridades como o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), e o governador do Estado, Luiz Fernando Pezão (PMDB). Em pouco mais de 15 minutos de discurso laudatório, os dois mostraram a placa com o nome de Maria Esther e entregaram uma chave simbólica do Centro Olímpico de Tênis a Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil) e do Comitê Organizador Rio-2016.

"A partir de agora, o Nuzman vira o prefeito dos equipamentos olímpicos", disse Paes. A arena de tênis é o primeiro aparato inaugurado no Parque Olímpico da Barra da Tijuca, que receberá 16 modalidades durante os Jogos.

Foto: UOL

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