Vitinho, em ação pelo Corinthians: ainda há tempo para ele

Vitinho, em ação pelo Corinthians: ainda há tempo para ele

Dassler Marques
Do UOL, em São Paulo

Todos ainda são muito jovens e ainda há um caminho longo a ser percorrido. Mas, nas voltas que o mundo e a bola dão, o corintiano Vitinho ainda tenta se reencontrar. Aos 18 anos, o maior candidato a craque da base do clube dos últimos anos tem se esforçado e recebido atenção para ser destaque quanto outras promessas com quem dividiu espaço nas seleções de base do Brasil.

Há menos de três anos, ele deixou o Sul-Americano Sub-15 reverenciado. Vitinho foi campeão, craque da competição e artilheiro com seis gols. O coadjuvante do time era Vinícius Júnior, também destaque do torneio e autor de cinco gols. Na mesma equipe, o então vascaíno Paulinho era reserva. Desde 2016, porém, essa hierarquia mudou.

Vinícius Jr e Paulinho já se transferiram para grandes clubes europeus, em transferências que juntas ultrapassaram 70 milhões de euros. Por Real Madrid e Bayer Leverkusen, respectivamente, estão entre os candidatos a revelação da próxima edição da Liga dos Campeões. Vitinho, por sua vez, recebe atenção especial em seu segundo ano de juniores no Corinthians. Ora como titular, ora como reserva. Parte do processo.

Dois fatores ajudaram a frear sua evolução

Uma renovação de contrato tumultuada e algumas lesões surgem como pano de fundo nesse cenário de evolução mais lenta que o esperado. No início de 2017, o garoto começou a realizar um trabalho específico para evoluir fisicamente e aumentar seu índice de massa muscular. Vitinho, nos primeiros meses do processo, ganhou cinco quilos, evoluiu, mas por outro lado teve lesões que dificultaram sua trajetória.

"É um jogador que a gente conhece, acompanha. Quando eu cheguei, ele vinha de uma sequência de problemas musculares que criaram dificuldades para o desenvolvimento dele na categoria 20", comentou o treinador Eduardo Barroca ao UOL Esporte. A íntegra da entrevista do comandante ex-Botafogo, contratado pelo clube no fim de maio, será publicada nos próximos dias.

Um momento específico em que a questão física frustrou Vitinho foi a final da Copa do Brasil Sub-20, contra o São Paulo, em que saiu lesionado e viu o Corinthians perder o título. Meses antes, convocado por Carlos Amadeu para o Mundial Sub-17, ele também não teve a sorte por perto. Uma concussão, após choque de cabeça em partida contra Níger, abreviou sua participação no torneio. Amadeu havia apostado nele em detrimento a outros nomes em melhor forma, como o santista Rodrygo.

Diferentemente de Vinícius e Paulinho, dois jogadores que queimaram etapas dos juvenis direto para os profissionais e rapidamente causaram impacto entre os adultos, com números de destaque ainda muito jovens, Vitinho tem outro tipo de projeção, conforme explica Barroca. A avaliação é que ele precisa de maior rodagem como um atleta sub-20 para que suas qualidades sejam potencializadas.

"Um garoto que sobe da (sub) 17 para a 20, com o calendário como o de hoje na base, de jogos pesados com Inter, Grêmio, Vitória...nas competições nacionais, há jogadores de experiência grande de sub-20, com quase 200 jogos [na categoria]. Isso faz uma diferença muito grande. Em 2016, o Botafogo fez 75 jogos no sub-20", exemplifica Barroca sobre os duelos que Vitinho tem enfrentado.

"Um jogador que subiu do 17 enfrentando isso em nível nacional, ele sente. É diferente. Não peguei o passado dele, não posso dizer. Mas o Vitinho tem um potencial bastante especial, uma técnica individual, velocidade, capacidade de definição. Ainda está em recuperação, agora vai ter uma sequência mais madura", defende o treinador.

O Manchester City já saiu de cena

A estabilidade de um contrato até 2021 joga a favor de Vitinho para que tenha toda essa capacidade de crescimento projetada pelo treinador de forma gradual. A negociação desgastante para que esse vínculo fosse assinado, em março de 2016, porém, atrapalhou seu desenvolvimento durante um período. Pouco antes, o jovem havia feito um estágio no Manchester City, que analisou a possibilidade de adquirir uma opção de compra para quando ele tivesse 18 anos.

Oferecido a outros clubes durante o imbróglio no Corinthians, caso por exemplo do Grêmio, Vitinho assinou sua permanência e desde então tenta embalar. Ao assumir a base, no ano passado, o gerente Yamada detectou nele um dos maiores talentos do departamento e deu início a um intercâmbio entre categorias, para que jogasse no sub-17 e no sub-20. As atuações entre os mais velhos, porém, mostraram um diagnóstico semelhante ao que Barroca faz agora: faltava amadurecer.

Inscrito por Osmar Loss para a Copa São Paulo do ano passado, Vitinho praticamente não foi a campo na equipe campeã, com Pedrinho, dois anos mais velho, como maior destaque. Já na edição 2018, teve a titularidade confiada por Dyego Coelho, hoje auxiliar dos profissionais, mas não se destacou em um time de trajetória irregular na competição. No Paulista Sub-20, seu primeiro efetivamente como jogador da categoria, marcou duas vezes até aqui e joga mais como reserva que titular.

"Ele tem esse ano, o ano que vem e o outro todo para desenvolver. Existe uma transição precoce no Sub-20 e eu tenho a ideia de aumentar a idade. Entendo que muitos jogadores não estão prontos ainda com 17, 18 e 19 anos. A gente erra mesmo se não tiver cuidado, se tiver critério e então perde valores", prega Barroca.

Foto: Rodrigo Gazzanel/Agência Corinthians

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