José Carlos Peres, presidente do Santos. Foto: Ivan Storti/Santos FC

José Carlos Peres, presidente do Santos. Foto: Ivan Storti/Santos FC

O Santos ferve. E já faz tempo. Desde que assumiu a presidência do clube, José Carlos Peres sofre pressão do Conselho Deliberativo. Foi salvo de um impeachment pelos sócios, quando ainda mal havia completado um ano de mandato, de um total de três.

A sua gestão termina no final deste ano, portanto daqui a três meses. Mesmo assim, pode ser excluído do poder na noite desta segunda-feira, 28/09.

O Conselho Deliberativo (CD) do clube irá se reunir para debater o parecer da Comissão de Inquérito e Sindicãncia (CIS) sobre as contas reprovadas da gestão do presidente em 2019.

O CIS quer o afastamento imediato de Peres.

Deverá conseguir.

Peres não tem o apoio do Conselho Deliberativo.

Caso perca o cargo, quem assume a presidência é Orlando Rollo, o vice-presidente. Os dois foram eleitos na mesma chapa.

Só que brigaram logo no primeiro ano de mandato.

Assim como Andrés Sanchez, presidente do Corinthians, que veio da corintiana Pavilhão Nove, Rollo também é originário de um torcida uniformizada do Santos, a Torcida Jovem.

É maçon.

Os argumentos do CIS para que Rollo assuma é que ele foi impedido de exercer o mandato de vice por uma portaria expedida por Peres.

Ou seja, não teve nenhuma participação nos demandos constatados nas contas reprovadas.

O Conselho Deliberativo é presidido por Marcelo Teixeira, ex-presidente do clube por duas gestões, e que, nos bastidores, já emite sinais de que pode concorrer ao cargo na eleição para presidente, que vai acontecer no início de dezembro.

Até o momento oito candidatos já se apresentaram para concorrer na eleição do final do ano.

Marcelo Teixeira estava no grupo denominado União. Só que não teria gostado da indicação de Andrés Rueda para ser o candidato a presidente pela chapa, “por Rueda morar em São Paulo”, e nos próximos dias pode lançar a sua candidatura à presidência.

“Morar em São Paulo” é um grande problema, na opinião dos dirigentes e conselheiros santistas. Na Baixada, há quem chame os torcedores do Santos que residem em São Paulo ou em outras cidades de “forasteiros”.

O fato de ser “forasteiro” também pesou contra José Carlos Peres.

Claro que este não foi o único aspecto que impediu que ele fizesse uma boa gestão.

Peres acumulou erros no comando do clube.

Não conseguiu ter um bom diálogo com jogadores e integrantes das comissões técnicas que passaram pelo clube nos últimos anos.

Entrou em rota de colisão com Jorge Sampaoli, que o criticava publicamente. O relacionamento com Jesualdo Ferreira, demitido há três meses, também foi conturbado. Jesualdo foi demitido e disse que o dirigente não teve respeito por ele.

As brigas com Sampaoli foram parar na Justiça do Trabalho. O técnico cobra o pagamento de uma multa contratual de R$ 10 milhões. Garante também que o clube lhe deve comissões por metas alcançadas e não pagas.

A questão financeira foi muito tumultuada na gestão de Peres. O Santos está impedido pela Fifa de fazer contratações por causa de uma dívida de R$ 30 milhões com o Hamburgo, da Alemanha, ainda referente á compra do zagueiro Cléber Reis, feita na gestão anterior, de Modesto Roma Júnior.

O Santos também deve para o Huachipato, do Chile, R$ 18 milhões, pela contratação de Soteldo, e para o Atlético Nacional, da Colômbia, pela compra do zagueiro Felipe Aguilar, que já foi negociado com o Athletico Paranaense.

O Santos também deve para o Brudge, da Bélgica, pelo empréstimo do zagueiro Luan Peres.

Durante a pandemia, Peres foi o pivô de uma grande polêmica com os jogadores santistas. Cortou o salário em 70 por cento. O elenco alegou que o trato era para que o corte fosse de apenas 30 por cento.

Descontentes com a situação, Eduardo Sahsa e Everson apelaram para a Justiça do Trabalho. Os dois acabaram sendo negociados com o Atlético Mineiro.

Caso saia nesta segunda-feira da presidência, Peres não conseguirá cumprir a promessa de reformar a Vila Belmiro. Propagou durante a gestão que havia uma negociação encaminhada com a Wtorre, o mesmo consórcio que reformou o estádio do Palmeiras, para que o estádio santista fosse totalmente reformado.

Também não cumprirá a promessa de construir um Centro de Treinamentos as categorias de base do clube.

 

 

 

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