Foto do encontro entre os dois. Foto: Divulgação

Foto do encontro entre os dois. Foto: Divulgação

A história da trégua involuntariamente promovida pelo Santos Futebol Clube liderado por Pelé na cidade de Benin, na Nigéria, é bastante conhecida, quando em 1969 o time da Vila Belmiro conseguiu a façanha de ter parado ainda que por pouco tempo a chamada Guerra de Biafra, para que um público estimado em 25 mil espectadores assistisse Santos 2 x 2 Seleção da Nigéria.

Pelé (1940-2022), especificamente, também foi responsável por um momento curioso que aconteceu com o saudoso maestro Eleazar de Carvalho (1912-1996), doutor em música pela Washington State University, titular das orquestras sinfônicas do Rio de Janeiro, Porto Alegre e do Estado de São Paulo, nome mais relevante do tradicional Festival de Inverno de Campos do Jordão, evento em que atuou como coordenador a partir de 1973 até sua morte.

ENCONTRO ENTRE PELÉ E ELEAZAR DE CARVALHO NO PALÁCIO DO PLANALTO

Castello Branco, primeiro dos cinco presidentes da ditadura militar (que governou entre 1964 e 1967), promoveu um encontro entre o maestro Eleazar de Carvalho e Pelé no Palácio do Planalto, em Brasília, e disse: aqui estão o "Rei da Mão" e o "Rei do Pé".

O cumprimento entre Eleazar e Pelé foi registrado em uma fotografia que o maestro guardou no meio de suas partituras. Um dos hábitos do maestro era de andar pelas ruas lendo e decorando suas partituras,

O BLAZER INGLÊS QUE SAIU DE GRAÇA...

De acordo com Sônia Muniz de Carvalho, segunda esposa do maestro, Eleazar entrou em uma loja para comprar um blazer em Londres. Ele perguntou o preço e o dono do estabelecimento, percebendo seu sotaque, perguntou sua origem, ao que Eleazar responder ser brasileiro.

- Do you know Pelé? (O senhor conhece Pelé?)

Eleazar disse que não, então o homem retrucou:

- Que pena, se o senhor conhecesse Pele o blazer seria de graça...

Então, Eleazar pediu que o inglês soletrasse o nome:

- P-E-L-E, disse o homem da loja.

Ah, Pelé! Sim!

E Eleazar mostrou-lhe a foto em meio à partitura e saiu do estabelecimento sem precisar pagar pelo caro blazer inglês.

VEJA A HISTÓRIA DO BLAZER NO VÍDEO ABAIXO (A PARTIR DOS 5 MINUTOS), NARRADA POR SÔNIA MUNIZ DE CARVALHO, VIÚVA DE ELEAZAR DE CARVALHO. DOCUMENTÁRIO DA TV CULTURA-SP

Sônia Muniz de Carvalho, viúva de Eleazar de Carvalho, com o blazer que Eleazar de Carvalho ganhou de graça em uma loja de Londres por ter mostrado uma foto ao lado de Pelé

No documentário acima (que está na íntegra), há muitas outras ótimas histórias do maestro Eleazar de Carvalho. Uma delas, no começo, em que ele explica que entrou para a música por querer comer melhor.

O cearense Eleazar de Carvalho deixou o Grupo Escolar e passou a estudar na Escola da Marinha. Ao observar que a refeição servida na mesa ao lado era de melhor qualidade, indagou o motivo, ao que soube que era pelo fato de que naquela mesa estarem os músicos, que precisavam de mais energia para evitar ficarem tuberculosos e poderem soprar seus instrumentos.

Eleazar não teve dúvida e pediu ao mestre Lisboa, responsável pela banda, para fazer parte do grupo, Só havia a tuba como instrumento disponível. Mesmo sem saber tocar, passou à banda e à mesa onde se comia melhor.

"Foi por gulodice que eu fui ser músico", disse Eleazar.

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