Considerando que a participação dos clubes do Brasil nos jogos desta semana, pela Copa Libertadores da América, chegou com a maioria deles já classificados em seus grupos, a grande atração do torneio, para os brasileiros, ficou por conta do confronto do Grêmio, diante do The Strongest, realizado nesta quarta-feira, no estádio Couto Pereira, em Curitiba.
Não por outro motivo que não fosse o fato de o retorno gremista ao campo de jogo ter significado a possibilidade da volta por cima de um clube que figura entre as vítimas das enchentes que assolaram o Estado gaúcho, atingindo em cheio suas famílias e entidades.
E a esperada volta por cima aconteceu. Não só pela goleada de 4 a 0 que o Grêmio aplicou no Strongest - surpreendente por se tratar de um time que circunstancialmente sequer havia treinado para esse jogo - mas também pelas manifestações emocionantes que se fizeram sentir no decorrer do espetáculo futebolístico.
A principal delas se expressou nos mais de 23 mil torcedores gremistas que compareceram ao estádio, num confronto em que seu clube do coração atuava a quase 800 quilômetros distante de sua cidade-sede.
As demais ficaram por conta dos símbolos do Rio Grande do Sul, como aquele trecho do Hino Riograndense "Que sirvam as nossas façanhas de modelo a toda a Terra", estampado no acolhedor estádio do Coritiba Futebol Clube, bem como o tremular constante do Pavilhão dos Pampas, conduzido por um grupo de jogadores, liderados pelo técnico Renato, que demonstrou neste gesto nobre fazer jus ao codinome de Renato Gaúcho, como é conhecido em todo o Brasil.
Deixando de lado os aspectos emocionais do histórico acontecimento esportivo e dando campo à razão, que deve presidir sempre a atuação do comentarista esportivo, eu diria que a situação do Grêmio no torneio continental, com o resultado alcançado na partida, melhorou bastante.
Afinal, com este resultado maiúsculo o tricolor "ficou com a faca e o queijo não mão" para passar à fase seguinte da Copa Libertadores, por suas próprias forças, inclusive com uma possibilidade, ainda que remota, de se tornar campeão do Grupo C.
E a chance latente de classificação gremista não repousa apenas nos três pontos conquistados com a vitória, mas também no placar elástico com que a alcançou, o que poderá lhe garantir tal êxito numa eventual decisão pelo saldo de gols.
Soaria estranho fazer alusão ao retorno do Grêmio aos gramados sem aludir a volta ao campo de jogo do coirmão Internacional, em semelhante situação adversa, ocorrida terça-feira, na Arena Barueri, em São Paulo, pela Copa Sul-Americana.
Afora o resultado do jogo diante do Belgrano, que infelizmente sorriu para o adversário colorado, também se tratou de um encontro futebolístico revestido de emoção, com alusões especiais à tragédia que se abateu sobre o Rio Grande do Sul.
Entre elas, vale destacar o fato de os atletas colorados terem entrado em campo com as camisas manchadas de lama, simbolizando o lodo das enchentes, que serão posteriormente leiloadas, com o dinheiro arrecadado, tendo como destinação às vítimas da tragédia ocorrida em solo gaúcho.
Quanto à derrota em si, que não correspondeu ao que seu viu na partida, já que o Inter teve o predomínio das ações, quer-me parecer que ela caiu como uma ducha fria, arrefecendo os ânimos da torcida colorada com vistas à continuidade no torneio.
A partir desse tropeço, a única chance do Inter continuar vivo na competição é conquistando a segunda colocação no Grupo e a consequente vaga para a repescagem, diante de clubes eliminados da Libertadores.
Contudo, mesmo que isso aconteça, a situação ficará delicada para as pretensões coloradas na temporada de 2024, pois representaria desgaste extra, neste momento de dificuldade, que poderia prejudicar a participação do Inter no Brasileirão e na Copa do Brasil.
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