Árbitro de vídeo não pode ser protagonista em todos os jogos

Árbitro de vídeo não pode ser protagonista em todos os jogos

Sempre fui entusiasta do VAR. Sempre defendi que a tecnologia precisava passar a jogar no mesmo time dos árbitros, e não servir apenas para que pudéssemos massacrá-los nas análises pós-rodadas.

Mas confesso que ando um tanto quanto decepcionado com este início de operação do árbitro de vídeo no futebol brasileiro, principalmente. Desde que me entendo por gente, escuto em transmissões de futebol o argumento de que árbitro bom é aquele que passa despercebido durante os 90 minutos de bola rolando. E concordo com esta afirmação.

Mas, o que temos visto nos últimos meses no futebol brasileiro? Todo lance, por mais simples que seja, termina com o árbitro colocando a mão no ouvido para escutar as instruções de seus companheiros de profissão lá na sala em que é operado o VAR.

Aí, o jogo fica parado por minutos, os árbitros de vídeo veem e reveem o lance e caçam qualquer pelo em ovo (em câmera lenta, tudo parece pênalti, tudo parece agressão). Depois disso, chamam o companheiro de campo para a revisão e, coagido pelos colegas da cabine, o homem do apito acaba marcando qualquer pênalti ou expulsando um jogador em um lance que certamente passaria despercebida por todo mundo.

Desnecessário, não é mesmo?

Tivemos exemplo de boa utilização do VAR principalmente na reta final da última Liga dos Campeões da Europa. O jogo corria, não tinha enrolação e o árbitro de campo só era chamado para a revisão em casos realmente relevantes.

Se as pessoas que comandam o VAR seguirem caçando pelo em ovo durante os jogos e insistindo no protagonismo que temos visto, o árbitro de vídeo tem tudo para deixar de ser herói e acabar como vilão. Uma pena. 

Foto: Lucas Figueiredo/CBF

SOBRE O COLUNISTA

É redator, repórter e colunista do Portal Terceiro Tempo desde janeiro de 2010.

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