Gosto de navegar por sites do mundo todo em época de grandes eventos esportivos para ver como as competições estão repercutindo nos outros países.
Assim, logo após a vitória brasileira sobre a Argentina, no vôlei, mesmo de folga, corri para portal do jornal Olé, principal diário esportivo dos nossos vizinhos, para ver como o tropeço estava sendo tratado por eles.
Esperava ler uma crônica frustrada, que apontasse culpados pelo revés. Afinal, a Argentina, até agora, conquistou apenas uma medalha, de bronze, com Del Potro, no tênis. No entanto, leiam abaixo um trecho do texto com que me deparei.
"O Brasil foi demais para a Argentina, que caiu com uma contundente derrota por 3 a 0. Com parciais de 25-19, 25-17 e 25-20, os brasileiros conseguiram passar para as semifinais. Os meninos de Weber (treinador da equipe), com atuação digna, se despedem nas quartas-de-final?.
Então, fiquei pensando: e se fosse ao contrário? Como um tropeço como esse sempre é tratado por nós?
Nós rimos das desculpas criadas por nossos atletas após uma derrota. Mas será que é fácil encarar todo tipo de comentário maldoso que fazemos depois de tanto tempo dedicado aos treinamentos e de ter feito o seu melhor na hora da competição?
E o pior é que nós temos essa extrema necessidade de ouvir estas desculpas. Como se, com uma faca apontada no pescoço do atleta, perguntássemos: "e então, o que aconteceu? Por que você não pôde ser melhor que seu adversário??.
Gostamos de achar culpados. Gostamos de eleger vilões, seja ele o próprio atleta, um árbitro, um dirigente...
Confesso: é difícil admitir, mas espero ansiosamente pelo dia em que, nesse sentido, nos espelhemos em nossos "hermanos? e passemos a explicar as nossas derrotas apenas com um "o adversário foi demais para gente?.
Foto: Reprodução/UOL

SOBRE O COLUNISTA

É redator, repórter e colunista do Portal Terceiro Tempo desde janeiro de 2010.

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