Hoje finalizo a série de clássicos cariocas de todos os tempos. Para realizar tão árduo trabalho, manterei a base dos principais jogadores, aqueles que mais se identificaram com a camisa que vestiram, mas modificando a formação do jeito mais atual possível, optando por escalar três jogadores no meio de campo e mais três no ataque. E geralmente terá um ponta fixo e um lateral ofensivo do outro lado. Um detalhe que ainda preservarei é a obrigatoriedade de ter três recordistas na equipe titular. Quem tem mais anos de clube, maior número de partidas disputadas e o goleador principal, além de outros fatos marcantes. No meu caso, continuarei a questão de não repetir o jogador, para que se possa ter uma idéia de um campeonato. Determinado futebolista foi muito importante em mais de um time, mas levarei em conta onde se destacou melhor.
America e Bangu é conhecido como Clássico Bisavô, o mais antigo do Brasil de times de futebol ainda em atividade, ocorrendo pela primeira vez em 06 de agosto de 1905 (os dois foram fundados no ano anterior). Da mesma forma que a Portuguesa de Desportos em São Paulo, são clubes que alternaram ao longo da sua história condições de grandes estaduais e também como coadjuvantes, pois mesmo tendo formado fabulosas equipes, conviveram com muitas fases ruins, vendo mais os rivais ganhando. Mas, para aquele torcedor que desconhece o passado futebolístico brasileiro, vale a pena lembrar que tratam-se de agremiações gloriosas, das quais merecem ser citadas.
O America Football Club, fundado no Rio de Janeiro em dia 16 de setembro de 1904, completou 113 anos em 2017. Teu nome é sem o acento em homenagem à forma inglesa de escrever o continente. Tinha em seus primeiros anos muita força na Federação Carioca, especialmente com a chegada de Belfort Duarte, que seria um dos maiores zagueiros da história do clube. Muitos desconhecem que da década de 10 até a de 80 sempre formou fortes equipes. Outro detalhe é que em 1935 conquistou seu sexto título estadual, ficando atrás apenas do Fluminense (9 na ocasião), Botafogo (8), empatado com o Flamengo e estando acima do Vasco (4), algo importante pra ser mencionado para aqueles que não sabem julgar a glória de um time, desconhecendo o que significou em determinados períodos, inclusive com o Lamartine Babo citando as primeiras conquistas no hino, “campeão em 13, 16 e 22”. Venceu seu último título carioca em 1960, mas até 1987 continuou apresentando fortes elencos, quase sendo campeões. considerado o segundo time de muitos torcedores cariocas, pois sempre foi uma agremiação simpática. Mesmo assim tem muitos torcedores, dos quais costumam chamar o time em campo de “sangue”, por causa da camisa vermelha.
Para o gol americano escalo o imortal Pompéia, goleiro que executou as mais belas pontes entre as traves, era acrobata de circo, encantando sua torcida e dos adversários através das suas belas intervenções, talento esse já demonstrado desde o vice-campeonato carioca de 1955 e consolidado no título em 1960. Na reserva optei por um nome tão bem importante que é o de Joel, primeiro arqueiro brasileiro que disputou uma partida em Copa do Mundo (1930), sendo campeão estadual em 1928 e 1931,
Pela lateral-direita está Jorge, revelado nas categorias de base, era o mais novo jogador do time campeão carioca em 1960, sendo ele o autor gol do título na final contra o Fluminense e que atuou por dez anos pelo clube (1956 a 1966). No banco está Hermógenes, atuando pelo America de 1927 a 1933, sendo também o primeiro americano a estar presente em uma Copa, ganhando os mesmos títulos de Joel, tinha muita fibra, lealdade e era excelente marcador, apresentando ofensividade.
Na zaga americana aparece primeiramente o grande Alex, jogador com mais partidas disputadas pelo time (673), estando treze anos a serviço, entre 1967 e 1980, demonstrando firmeza, técnica e lealdade, o que fez com que ganhasse o Prêmio Belfort Duarte. Tal prêmio dado a Alex e à outros jogadores por disciplinada em campo, curiosamente é em homenagem a um pioneiro na história do clube, o zagueiro Belfort Duarte, que de 1908 a 1915 mudou a história americana, não somente por sua técnica, classe e conduta realizadas nos jogos, mas também na parte administrativa, fazendo com que o America tivesse um grande crescimento e influência na Federação Carioca. Pennaforte, contemporâneo de Joel e Hermógenes, é o primeiro reserva vindo de ótima fase no Flamengo, também contribuindo no America conquistando o título estadual de 1928, sendo um xerife na defesa, mas também apresentando categoria. Completando a zaga improviso o volante Amaro, que na posição demonstrava técnica e grande poder de marcação, muito importante na conquista do título carioca de 1960, último do clube.
Os escalados na lateral-esquerda não têm o mesmo carisma de Jorge, mas também fazem jus à escolha. O primeiro é Paulo César, jogando de 1984 a 1988, fez parte do último forte time americano, um dos destaques na excelente campanha do Brasileirão de 1986. De 1954 a 1958 Édson fez parte da defesa americana, que de tão importante era fez com que fosse convocado pela Seleção Brasileira nos anos de 1956 e 1957, mesmo sem ser campeão pelo time.
Penso que quando se escala um médio-volante de um time de todos os tempos, é necessário que ele seja um grande marcador ou um estilista. Para a posição escolhi Oswaldinho como titular, que ficou conhecido como Divina Dama (termo utilizado antes do surgimento de Domingos da Guia, o Divino Mestre), que de 1921 a 1930 encantou os torcedores americanos com o seu estilo de jogo de articulação, técnica, dribles e gols, funções essas desempenhadas como centro-médio (atual volante) e meia, sendo talvez o principal jogador da equipe nos títulos cariocas de 1922 e 1928. Ivo não fica longe em categoria, que de 1973 a 1977 foi um dos principais destaques do excelente time americano, aquele que ganhou a Taça Guanabara de 1974. Danilo Alvim é um nome pra ser mencionado, mas claro que é no Vasco a sua melhor fase, sendo titular na minha equipe vascaína de todas as épocas.
Meu primeiro meia é Maneco, o Saci de Irajá, terceiro maior goleador americano (187 gols), maior ídolo do time na década de 40, com um futebol envolvente de muita habilidade, era o principal nome da linha de ataque conhecida como tico-tico no fubá, especialista por realizar as jogadas com toques de primeira, um espetáculo. Curiosamente o reserva é um jogador que caberia também no Bangu de todos os tempos, pois Plácido conquistou o primeiro título carioca pela equipe de Moça Bonita (1933), onde jogou de 1931 a 1935, tendo depois em Campos Sales uma fase mais longa (1935 a 1943), sendo campeão carioca logo em seu primeiro ano e quarto maior artilheiro (167 gols).
Seria exagero comparar Edu Antunes Coimbra com Zico, seu famoso irmão, mas muitos que o viram em ação com a camisa americana entre 1966 e 1974 dizem que era tão bom, ou melhor, craque de muitos recursos técnicos, meia-esquerda que formou com o ponta Eduardo uma inesquecível ala, sendo considerado por boa parte da torcida o maior jogador americano de todos os tempos, mesmo não sendo campeão carioca e segundo maior goleador (250 gols). Quem assume a nobre missão de ser o reserva de Edu é Moreno, que de 1981 a 1987 foi um dos grandes ídolos americanos, habilidoso, veloz e driblador, um dos principais nomes do título da Copa dos Campeões de 1982.
Sim, o America terá um ponta-direita, sendo Canário o melhor nome, pois apesar de sua vitoriosa carreira no Real Madrid na primeira metade dos Anos 60, foi no time americano que de fato surgiu para o futebol (tinha sido revelado pelo Olaria), brilhando muito na equipe entre 1954 e 1959, considerado entre 1955 e 1956, depois da saída de Julinho Botelho para a Fiorentina, o melhor jogador na posição atuando em um time brasileiro, jogando pela Seleção Nacional, driblador, rápido, ótimo pra centrar e goleador. Apesar de ser ponteiro esquerdo, escolhi Eduardo para a reserva, já citado pela ótima ala que formou com Edu, tendo depois uma boa passagem pelo Corinthians, estando no jogo da quebra do tabu, era convocado pela Seleção Brasileira, mas em 1969 infelizmente faleceu com Lidu em um acidente de automóvel na Marginal Tietê.
Centroavante tem como função anotar gols, então para a posição o America terá seu maio goleador que é o Luizinho com seus 311 tentos, atuando em vários períodos do clube, mas sempre balançando as redes adversárias, demonstrando técnica, raça e rebeldia. O chileno Ojeda (tradição americana nos primeiros anos quando contratava jogadores estrangeiros), campeão carioca em 1913 e único representante da equipe que venceu o Estadual de 1916 no time americano de todos os tempos, se tornando após a saída de Belfort Duarte em 1915 o principal jogador da equipe.
Como segundo atacante destaco uma lenda, talvez pouco lembrada, que é Carola, jogador com mais anos de America (17 anos – 1929 a 1946), quinto maior goleador (158 gols), declarando no início dos anos 40, quando o clube estava em dívida e os jogadores teriam que ser negociados, pois não poderiam receber o salário, que “não importava se não pudesse receber, pois o mais importante era vestir o manto do time do coração”. Leônidas é o reserva, mas não o “da Silva”, mas sim o “da Selva”, conhecido assim por ser o oposto do genial Diamante Negro (foi sondado pela diretoria americana, mas nunca jogou no clube), pois tinha estilo totalmente trombador, mesmo assim anotando muitos gols no time americano (96) entre 1952 e 1959. E para a função de treinador optei por Jorge Vieira, que comandou o histórico time campeão carioca de 1960, ficando até 1961, recentemente encerrada a carreira de jogador, se tornando um técnico vencedor bem novo, tendo passagens por muitas outras equipes, mas sem dúvida a principal foi essa no America, ganhando com méritos o cargo no elenco de todos os tempos.
AMERICA (1904 A 2017)
Titular: Pompéia, Jorge, Alex, Belfort Duarte e Paulo César; Oswaldinho, Maneco e Edu Antunes; Canário, Luizinho e Carola. Técnico – Jorge Vieira.
Reserva: Joel, Hermógenes, Pennaforte, Amaro e Édson; Ivo, Plácido e Moreno; Eduardo, Ojeda e Leônidas.
Mais anos: Carola - 17 (1929 a 1946)
Mais partidas: Alex – 673 (1967 a 1980)
Mais gols: Luizinho - 311 (1973 a 1975, 1980 a 1984 e 1985 a 1987)
O Bangu Atlético Clube, fundado no Rio de Janeiro em 17 de abril de 1904, completou 113 anos em 2017. Pertencente ao bairro com o mesmo nome e é o mais importante dos clubes cariocas de subúrbio. Conhecido pelo pioneirismo de ser um dos primeiros clubes brasileiros a ter jogadores negros em seu elenco, algo que antes só a Ponte Preta tinha. Sua história é muito ligada à família Da Guia, que ofereceu alguns grandes jogadores. Seu primeiro título estadual aconteceu em 1933. O de 1966 foi conquistado com um time inesquecível. Mesmo não sendo vice-campeão brasileiro de 1985, é um dos grandes orgulhos da sua torcida.
No gol do Bangu está Ubirajara, campeão de 1966, que durante treze anos (1956 a 1969) defendeu o time, dono de grandes qualidades técnicas, muito ágil e recordista de partidas disputadas não somente entre os jogadores, mas de todos os goleiros (534 jogos). Seu reserva é Gilmar, nome que é sinônimo de goleiro, vindo em 1983 de uma boa passagem pelo Palmeiras, permanecendo em Moça Bonita por mais de cinco anos, voltando a esbanjar a mesma categoria, sendo vice-campeão brasileiro de 1985.
Velocidade, força física, forte marcação e resistência fizeram com que Fidélis fosse o escolhido para ser o lateral-direito, que tanta segurança deu à defesa campeã de 1966, disputando a Copa do Mundo da Inglaterra no mesmo ano. Ademir Batista é o reserva, atuando de 1974 a 1983, sendo sempre muito lembrado pela torcida, mesmo não sendo campeão carioca.
A zaga banguense começa com um representante da nobre família de jogadores, com Luiz Antônio da Guia sendo o zagueiro-central, que só atuou na época do Amadorismo (1912 a 1931), o recordista do time em temporadas e para os que viram em ação era melhor que o famoso Domingos. O segundo zagueiro é Zózimo, jogador clássico que na década de 50 e início dos Anos 60 encantou seus torcedores, sendo um orgulho por ser bicampeão do mundo pela Seleção Brasileira em 1958 (reserva) e 1962 (titular). Mário Tito é o primeiro reserva, que nos Anos 60 garantiu a segurança da defesa, formando inicialmente a zaga com Zózimo, sendo campeão carioca de 1966, um prêmio pelos anos dedicados. De 1963 a 1975 Luis Alberto foi o quarto-zagueiro do Bangu, uma espécie de sucessor de Zózimo, o mais importante companheiro de zaga que Mário Tito teve. Muitos reclamarão da ausência de Domingos da Guia, que tem o seu nome citado no hino do Bangu e um busto em Moça Bonita, começando e encerrando a carreira no clube, uma referência no início nos Anos 30, mas como considero que sua maior passagem foi no Flamengo, é nele que está no time de todos os tempos.
Não confundir, pois o lateral-esquerdo tem o nome parecido ao do famoso botafoguense, sendo Nilton dos Santos o titular e segundo jogador com mais atuações com a camisa banguense (502 partidas). Mais um representante da nobre família está presente, com Médio da Guia abrilhantando o setor esquerdo, também apresentando um futebol de técnica, uma tradição.
Fiz questão de escalar um grande nome na posição de volante, com Fausto sendo o escolhido, que em dois anos (1926 a 1928) contribuíram para que fosse o escolhido, mesmo começando como atacante, tendo depois uma carreira vitoriosa em muitos times e o melhor jogador brasileiro da Copa do Mundo de 1930. Israel é mais um representante da brilhante geração vice-campeã brasileira de 1985, tendo uma passagem eficiente em seus sete anos de Bangu (1984 a 1991).
Na posição de meia-direita optei por um ponteiro direito, escalando Paulo Borges, conhecido pelos apelidos de Gazela e Risadinha, era veloz, driblador, insinuante, um terror para as defesas adversárias, principal destaque no título de 1966, já vindo de dois anos demonstrando muito talento e considerado o melhor da posição no Rio após a decadência de Garrincha, tendo a partir de 1968 outra passagem histórica pelo Corinthians, sendo autor do primeiro gol na quebra do tabu contra o Santos. Um jogador interessante para ser o reserva é Décio Esteves, que também sabia atuar como volante, meia-atacante que é o quarto jogador com mais atuações (375 partidas) e oitavo maior goleador (93 gols).
Camisa 10 é sinônimo de qualidade, então claro que agora Zizinho é o escolhido pra ser o meia-esquerda, que tantas vezes escalei no Flamengo, mas optei por ele no Bangu, já sendo jogador do time na Copa do Mundo de 1950 e que até 1957 foi o principal craque da equipe, um ídolo eterno que nem precisou de um título estadual para se consagrar, já fazendo parte da Era Maracanã, demonstrando ainda ser o Mestre Ziza, com um futebol tão completo que no Brasil só foi superado por Pelé. Menezes, que jogou com Ziza, é o reserva, vindo já desde os Anos 40 como um jogador de destaque, um grande goleador, sendo o quarto maior (132).
Marinho abre o ataque, herdeiro de Paulo Borges na ponta-direita, também tinha muito talento, disputava com Renato Gaúcho a condição de melhor na posição antes da Copa do Mundo de 1986, ficou muito chateado por não conquistar os dois títulos em disputa no ano de 1985, sendo vice-campeão brasileiro e carioca, demonstrando muito talento. Fiz questão de improvisar o ponta-esquerda Nívio pelo lado direito, que veio de uma grande fase no Atlético Mineiro, mantendo o mesmo talento com a camisa do Bangu e ser tornou o terceiro maior goleador do time com 144 gols.
Da mesma forma que o America, o centroavante do Bangu tem que ser o maior goleador (223 tentos), justamente por isso que Ladislau da Guia é o escolhido, outro digno representante da nobre família, ficou conhecido pelo apelido de Tijolo Quente devido à potência do chute, inesquecível goleador dos Anos 20 e 30, foi campeão carioca em 1933. Escolhi um ponta-esquerda como reserva, que é o Dininho, que jogou no time por dezesseis anos (1923 a 1939), um dos destaques da equipe que ficou conhecida como Mulatinhos Rosados.
Encerrando o ataque escalo Moacir Bueno, outro espetacular atacante, que de 1942 a 1959 serviu o time principal, grande parceiro de Menezes e o segundo maior goleador, com 179 gols anotados. E na sua reserva está Dé, outro atacante de destaque.
Elba de Pádua Lima, o ex-jogador Tim, é o meu escolhido pra ser o treinador, o estrategista, que tantas passagens teve em Moça Bonita.
BANGU (1904 A 2015)
Titular: Ubirajara, Fidélis, Luiz Antônio da Guia, Zózimo e Nilton dos Santos; Fausto, Paulo Borges e Zizinho; Marinho, Ladislau e Moacir Bueno. Técnico – Elba de Pádua Lima (Tim).
Reserva: Gilmar, Ademir Batista, Mário Tito, Luís Alberto e Médio; Israel, Décio e Menezes; Nívio, Dininho e Dé.
Mais anos: Luiz Antônio da Guia - 19 (1912 a 1931) em 269 partidas
Mais partidas: Ubirajara - 534
Mais gols: Ladislau- 223 em 328 jogos (1922/1923, 1926 a 1936 e 1938 a 1941)
Hoje inicio a segunda parte da série de clássicos cariocas de todos os tempos. Para realizar tão árduo trabalho, manterei a base dos principais jogadores, aqueles que mais se identificaram com a camisa que vestiram, mas modificando a formação do jeito mais atual possível, optando por escalar três jogadores no meio de campo e mais três no ataque. E geralmente terá um ponta fixo e um lateral ofensivo do outro lado. Um detalhe que ainda preservarei é a obrigatoriedade de ter três recordistas na equipe titular. Quem tem mais anos de clube, maior número de partidas disputadas e o goleador principal, além de outros fatos marcantes.
No meu caso, continuarei a questão de não repetir o jogador, para que se possa ter uma idéia de um campeonato. Determinado futebolista foi muito importante em mais de um time, mas levarei em conta onde se destacou melhor.
Vasco e Botafogo estão abaixo de um Fla-Flu, Clássico das Multidões (Flamengo e Vasco) e Clássico Vovô (Fluminense e Botafogo) como confronto entre times cariocas, mas também tem interessantes histórias. O nome é conhecido assim devido ao bom relacionamento entre as duas torcidas. Os vascaínos costumam se vangloriar dizendo que os botafoguenses são fregueses, algo que ocorreu até mesmo no período do maior e melhor time do Botafogo, o dos Anos 60 e, por incrível que pareça, com o Vasco não ganhando o Estadual. Mas provavelmente o maior feito foi do time botafoguense, quando em 1948 se sagrou campeão carioca justamente contra o Expresso da Vitória que tinha o melhor time brasileiro e sul-americano da época e a mais sensacional equipe que teve São Januário.
O Club de Regatas Vasco da Gama, fundado no Rio de Janeiro em dia 21 de agosto de 1898, completou 119 anos em 2017. Foi uma homenagem ao navegador português que 400 anos antes tinha descoberto o caminho marítimo para as Índias. Inicialmente, da mesma forma que o Flamengo, era um clube voltado para o remo, mas a partir de 1915 surgiu o departamento de futebol. No início, por ser um clube pobre, teve muitas dificuldades, ficando conhecido pessoas de todas as classes e origens, algo que incomodou a elite do Rio. Já na década de 20 montava equipes fortíssimas, mas foi nos Anos 40 (principalmente) e 50 que montou inesquecíveis esquadrões, fazendo com que fosse respeitado como nunca em sua história centenária, sendo a base da Seleção Brasileira de 1950. Nas décadas de 70 e 80 teve seu maior jogador, o inesquecível Roberto Dinamite. Nos Anos 90 continuou brilhando com ótimos times e ganhando sua Libertadores justamente no ano do seu centenário. Mas nos últimos anos passou por períodos difíceis, inclusive sendo rebaixado, algo que não está à altura do teu glorioso passado.
Para o gol vascaíno, mesmo tendo alguns nomes muito bons, optei pelo incomparável Barbosa, o melhor goleiro brasileiro entre 1947 e 1953, sendo injustamente massacrado por causa da derrota brasileira na Copa do Mundo de 1950, mas que em São Januário foi supremo, garantia de segurança da defesa com sua precisão e extrema elasticidade. Na reserva escolhi um nome da nova geração, que é o de Carlos Germano, campeoníssimo na década de 90 e um dos melhores goleiros da sua geração, muitas vezes convocado pela Seleção Brasileira, tendo azar de no seu tempo coincidir com o Taffarel, mais consagrado do que nunca devido ao Tetra. Faço questão de citar o irreverente Jaguaré (Anos 20 e 30) e Mazzarópi, que ficou muitos minutos sem tomar gol.
Pela lateral-direita existe uma boa briga do titular com o reserva, mas devido à técnica maior, mais versatilidade e grande carreira internacional, entendo que o Mazinho é a melhor alternativa, muito importante no elenco vascaíno na segunda metade da década de 80 com títulos representativos, embora atuasse mais pelo lado esquerdo. O valente Augusto está no banco, tendo também uma excelente passagem por São Janu, um nome de respeito da poderosa defesa do Expresso da Vitória entre 1945 e 1953, sendo o capitão brasileiro em 1950, quase se tornando o primeiro a ser campeão do mundo.
Na zaga vascaína aparece o capitão dos capitães, que é o xerifão Bellini, que na década de 50 participou de outra ótima fase do time ao lado de alguns remanescentes do Expresso da Vitória e com novos jogadores também talentosos, fazendo em 1958 o que Augusto tentou oito anos antes, segurar a Taça Jules Rimet, inclusive erguendo-a, um gesto que foi repetido depois por todos os campeões do mundo. O quarto-zagueiro é Mauro Galvão, um beque com excelente histórico por muitos times, mas sendo no Vasco, mesmo estando bem veterano, que viveu o auge com grandes atuações, para muitos injustiçado por não ir à Copa do Mundo de 1998 com os seus 36 anos. Como primeiro reserva escalo outro zagueiro-central xerifão, que é o Brito, que teve azar de jogar em um período de poucos títulos (Anos 60), formando com Fontana outra zaga de respeito. E o segundo reserva é Orlando Peçanha, outro que formou uma poderosa zaga vascaína (tradição do time) ao lado de Bellini, inclusive também sendo a do Mundial de 1958, primeira a ser campeã.
Uma prova que o Vasco tem em seu time de todos os tempos jogadores de muitas épocas é a escolha do lateral-esquerdo Felipe, muito habilidoso e versátil como o Mazinho (também atuava com facilidade pelo meio de campo), que deu muitas alegrias aos torcedores na segunda metade da década de 90, uma das mais vitoriosas da história vascaína. Jorge é o reserva ideal, inclusive já ganhando como titular em algumas enquetes, atuando por mais de dez anos pelo clube, vivenciando a fase dourada da década de 40. Para finalizar a defesa faço questão de citar o nome de Alfredo II, que disputou a Copa de 1950, jogador muito versátil em várias posições da defesa, inclusive jogando como atacante.
A posição de volante está muito bem representada, pois conta com o Príncipe Danilo Alvim, um dos jogadores mais elegantes do futebol brasileiro, que ditava o ritmo do sensacional esquadrão do treinador Flávio Costa, ambos presentes no primeiro Mundial realizado no Brasil. O outro é Juninho Pernambucano, que em 1995 veio do Sport (curiosamente um time rubro-negro, mas que tanto presenteou São Januário com grandes jogadores) pra participar daquela que talvez seja uma última grande equipe vascaína, tendo depois uma bela carreira no Lyon da França, retornando à São Januário. Como primeiro reserva aparece Alcir, outro que jogou muitos anos pelo clube, nas vacas magras (Anos 60) e períodos melhores (década de 70), jogador muito limpo que ganhou o Prêmio Belfort Duarte. E para completar destaco o Geovani, meia de muita técnica dos Anos 80 e início da década de 90.
Fechando o meio de campo com chave de ouro escalo o maior jogador do Vasco da Gama, pois Roberto Dinamite é uma unanimidade, sendo com Pelé (que eu saiba) o único jogador brasileiro recordista nas três máximas que garantem a titularidade (mais anos, partidas e gols), se bem que o centroavante Roberto está acima de tudo isso, pelos feitos importantes apresentados, raça e técnica bem mesclada e excelente nas cobranças de faltas. Talento é o que não falta para o reserva, pois Ipojucan encanto seus torcedores com um estilo de jogo altamente técnico, cheio de jogadas de efeito, uma espécie de Sócrates dos Anos 40 e 50.
Talvez o Vasco tenha um dos ataques mais infernais dos times de todos os tempos, pois simplesmente conta com Edmundo, Ademir de Menezes e Romário. O Animal foi revelado pelo clube e já no primeiro ano (1992) apresentou o mesmo futebol que consagraria a sua carreira, de muita velocidade, dribles, gols e gênio forte, brilhando depois no Palmeiras da Parmalat (outro clube que teve muito destaque), tendo rápidas passagens pelos rivais Flamengo e Corinthians, retornando à São Januário para novamente brilhar, especialmente em sua segunda passagem, sendo o grande nome do título brasileiro de 1997. Ademir foi daqueles atacantes que todo treinador queria ter em sua equipe (Gentil Cardoso o conseguiu para o Fluminense, sendo campeão carioca em 1946), pois o Queixada (primeira grande aquisição do Sport) era muito veloz, rompedor, habilidoso e goleador, enfim, infernal para as defesas adversárias, sendo uma glória vascaína na maior fase que o clube já teve, sendo um ídolo que só foi superado por Dinamite. E o Baixinho finaliza com maestria, um dos maiores finalizadores da história do futebol, rápido, manhoso, muita facilidade para o drible, com ótimas passagens por diversos times (inclusive o Flamengo), mas claro que é no Vasco que merece estar, revelado pelo clube, melhores números, uma passagem memorável. Para a reserva escalei o ponta-direita Sabará (velocidade e habilidade em seus mais de dez anos com a camisa vascaína), Vavá (outro jogador vindo do Sport que também brilhou com o uniforme vascaíno, inclusive jogando com Ademir e sendo o seu substituto) e Almir Pernambuquinho (da mesma forma que Edmundo apresentou talento e gênio forte).
E para comandar resolvi por Flávio Costa, o famoso treinador da Copa do Mundo de 1950, que embora tenha sido flamenguista e quem mais treinou o Flamengo, mas o fato de ser o técnico do maior e melhor time vascaíno de todos os tempos, o Expresso da Vitória, estar no clube no Mundial do Brasil, responsável pelos grandes feitos do memorável esquadrão. Vale lembrar de Welfare, antigo atacante do Fluminense e técnico que mais comandou o Vasco e Antônio Lopes, que tanto marcou nos triunfos vascaínos dos últimos anos do século XX.
VASCO (1915 A 2017)
Titular: Barbosa, Mazinho, Bellini, Mauro Galvão e Felipe; Danilo Alvim, Juninho Pernambucano e Roberto Dinamite; Edmundo, Ademir e Romário. Técnico – Flávio Costa.
Reserva: Carlos Germano, Augusto, Brito, Orlando e Jorge; Alcir, Geovani e Ipojucan; Sabará, Vavá e Almir.
Mais anos: Roberto Dinamite - 17 (1971 a 1978, 1980 a 1989 e 1992/1993)
Mais partidas: Roberto Dinamite - 1121
Mais gols: Roberto Dinamite- 725
O Botafogo de Futebol e Regatas, fundado no Rio de Janeiro em 12 de agosto de 1904 (já existia desde 01 de julho de 1894 para o remo), mas sempre se considerando a do século XX como oficial, completou 113 anos em 2017. Foi o principal adversário do Fluminense nos primeiros anos do futebol carioca, tendo depois grandes fases, como o time tantas vezes campeão estadual dos Anos 30 e até mesmo o da década de 40 comandado pelo expressivo Heleno de Freitas. Mas quando se pensa no time da Estrela Solitária pelo passado não tem como não destacar aquele que teve Nilton Santos, Didi e Garrincha, uma fase áurea, além do que veio depois na segunda metade da década de 60, também muito forte. Entre 1989 (quando saiu da incômoda fila de mais de 20 anos sem vencer o Estadual) e 1995 (campeão brasileiro) também teve bons momentos.
No gol do Glorioso faço questão de escalar o Jefferson, que atuou de 2003 a 2005, retornando em 2009, sendo o goleiro com mais atuações com a camisa botafoguense, até hoje fazendo parte do time, inclusive jogando muitas vezes pelo Brasil. Seu reserva é Aymoré Moreira, mais conhecido como grande treinador que foi (campeão do mundo pela Seleção Brasileira de 1962), mas que foi um goleiro muito bom, tendo uma respeitável passagem de dez anos por General Severiano, embora não tenha sido campeão carioca. Sei que Manga fez falta, mas seu lugar está garantido no Inter.
Vejo Rildo como o lateral-direito botafoguense de todos os tempos, embora muitas vezes é escolhido pelos santistas, mas entendo que por ter jogado no maior Botafogo, é nele que merece estar, sem desmerecer obviamente seu período na Vila Belmiro, até mesmo de mais anos. Considero interessante ter o Josimar na reserva, que ficou famosíssimo pela sensação apresentação na Copa do Mundo de 1986 com dois golaços e estando presente na quebra da fila em 1989, um justo prêmio. Zezé Procópio também seria um grande nome, mas creio que estará no meu Villa Nova de todas as épocas, tendo ótimas passagens por outros times, especialmente o Palmeiras.
A zaga botafoguense se inicia com o Sebastião Leônidas, um zagueiro de técnica, que brilhou nos Anos 60, esbanjando categoria e o líder da defesa (Gérson era do meio de campo). Leônidas ficará orgulho ao saber que seu companheiro de zaga escolhido é o Nilton Santos, talvez o maior jogador da história do clube ao lado de Garrincha, uma glória para o clube, muitos anos dedicados (só jogou no Botafogo), conhecido como a Enciclopédia de Futebol com o seu de infindáveis recursos técnicos principalmente como lateral-esquerdo, mas também atuando muitas vezes como quarto-zagueiro (explicando o porquê de tê-lo escalado no setor) e com ótimos serviços prestados à Seleção Brasileira, estando presente em quatro Copas do Mundo, sendo bicampeão mundial em 1958 e 1962. Nariz é o primeiro reserva, o forte comandante da defesa alvinegra campeã carioca em 1934/35. E Wilson Gottardo completa, presente em dois bons períodos dos últimos anos do século XX (1987 a 1990 e 1994 a 1996), com o Bicampeonato Carioca de 1989/90 e o Campeonato Brasileiro de 1995, um xerifão.
Marinho Chagas assume a histórica lateral-esquerda de Nilton Santos, um dos maiores ídolos da torcida entre 1972 e 1976, quando a fila estava começando a pesar, se destacando pelo seu estilo diferenciado, com cabelos compridos, técnico e pela forma de jogar, com muita ofensividade, algo que seria adotado depois no que conhecemos hoje como alas. Muitos se lembram do Botafogo de Nilton Santos, mas desconhecem que os Anos 30 também foram excelentes, tendo Canalli como ótimo representante, diferente de Marinho, pois foi várias vezes campeão carioca (1930, 1932/33/34/35), atuando como lateral e centro-médio (atual volante). Destaco Valtencir, terceiro jogador que mais atuou pelo clube, de 1967 a 1976.
Depois de tanto citar os Anos 30, decidi que a posição de volante merece ser representada por Martim Silveira, capitão e comandante do período, também exercendo a função pela Seleção Brasileira, participou das Copas do Mundo de 1934 e 1938, na segunda tendo um forte concorrente que era o José Augusto Brandão (Corinthians), pois também apresentava um futebol de extrema categoria. Mesmo sendo mais um meia que volante, optei por Nei Conceição na reserva, jogador que atuou muitos anos pelo clube (1966 a 1974).
A dupla de meias-armadores do Botafogo de todos os tempos está com o que há de melhor em termos de lançadores. Didi foi um dos mais completos futebolistas brasileiros na posição, com duas passagens espetaculares pelo Glorioso, vindo do Fluminense onde era um craque consagrado, vestiu com maestria a camisa botafoguense, demonstrando sua classe, formidáveis cobranças de falta, passes com precisão cirúrgica e ganhando títulos inesquecíveis como o Campeonato Carioca (1957 e 1961/62) e Rio-São Paulo (1962 e 1964 dividido com o Santos), além de viver seu auge na Seleção Brasileira sendo bicampeão mundial em 1958 (melhor jogador da Copa) e 1962. Gérson herdou do Folha Seca muitas qualidades, o mais famoso lançador do futebol brasileiro, comandou a segunda fase dourada do Botafogo dos Anos 60, ganhando o Bicampeonato Carioca (1967/68) e a tão sonhada Taça Brasil (1968), também se consagrando na Copa, ficando conhecido como o Canhotinha de Ouro no Tri de 1970. Para a reserva do Mestre Didi escolho o Geninho, grande parceiro de Heleno, meia bem habilidoso que encantou os torcedores de 1940 a 1954 na articulação das jogadas e que foi de suma importância para o título carioca de 1948. Na reserva do Canhota aparece Amarildo, o Possesso, importante ponta de lança que substituiu Pelé no Mundial de 1962, tendo no Botafogo uma passagem importante, decisivo para o sucesso do time no início dos Anos 60.
Nenhum ataque começa de forma tão espetacular, pois afinal de contas o incomparável Garrincha é o ponta-direita, ídolo inesquecível, driblador magistral, arrancadas irresistíveis, goleador, preparador para o gol dos companheiros, pilar dos títulos do clube durante mais de dez anos (1953 a 1965), tão querido pela torcida brasileira devido aos títulos mundiais de 1958 (destruiu as defesas adversárias) e 1962 (principal responsável pela conquista), enfim, um fenômeno. Heleno de Freitas não foi campeão carioca pelo Fogão, arrumou muita confusão nos Anos 40, mas merece a titularidade, pois era um ídolo diferenciado, jogava o fino da bola, tinha uma genialidade e gênio diferente de qualquer jogador da época, demonstrava seu amor ao clube, enfim, um monstro do Glorioso. Quarentinha completa o ataque, o centroavante que não comemorava gols, mas que cansou de fazê-los, fazendo dele o maior goleador da história botafoguense, outro jogador que tanto contribuiu para o sucesso do maior time já montado em General Severiano, do início da década de 60. Claro que Jairzinho não poderia faltar, pois mesmo sendo reserva é considerado um dos maiores atacantes do time, arrancadas fulminantes, rápido no drible, que de 1960 a 1974 fez parte do ataque e se consagrando em 1970 como o Furacão da Copa. Mais um representante dos Anos 30, pois Carvalho Leite aparece pra compor o banco, ídolo maior da sua época, é ainda o segundo maior goleador do clube, estando presente em todos os Estaduais vencidos pelo Botafogo no período, sendo sempre a peça principal. E para completar o ataque reserva aparece Nilo Murtinho Braga, principal atacante do clube antes do surgimento de Carvalho Leite, com quem formou depois uma grande dupla nos mesmos títulos, mas já vindo dos Anos 20 com seu talento e facilidade para balançar as redes.
Como treinador, até mesmo por não escalá-lo na titularidade ou reserva, Mário Jorge Lobo Zagallo, um patrimônio do clube, que prestou grandes serviços tanto jogando quanto comandando, outro que fez parte do período de ouro, depois sendo técnico por várias vezes e com frases de efeito sempre fazendo questão que é o único tetra pela Seleção Brasileira (1958 e 1962 como jogador, 1970 treinando e em 1994 na função de supervisor.
BOTAFOGO (1904 A 2017)
Titular: Jefferson, Rildo, Sebastião Leônidas, Nilton Santos e Marinho Chagas; Martim, Didi e Gérson; Garrincha, Heleno de Freitas e Quarentinha. Técnico - Mário Jorge Lobo Zagallo.
Reserva: Aymoré Moreira, Josimar, Nariz, Wilson Gottardo e Canalli; Nei Conceição, Geninho e Amarildo; Jairzinho, Nilo e Carvalho Leite.
Mais anos: Nilton Santos - 16 (1948 a 1964)
Mais partidas: Nilton Santos - 721
Mais gols: Quarentinha- 313 em 444 jogos
Hoje inicio a série de clássicos cariocas de todos os tempos, claro, dando destaque ao Fla-Flu, o mais famoso clássico do futebol brasileiro. Para realizar tão árduo trabalho, manterei a base dos principais jogadores, aqueles que mais de identificaram com a camisa que vestiram, mas modificando a formação do jeito mais atual possível, optando por escalar três jogadores no meio de campo e mais três no ataque. E geralmente terá um ponta fixo e um lateral ofensivo do outro lado. Um detalhe que ainda preservarei é a obrigatoriedade de ter três recordistas na equipe titular. Quem tem mais anos de clube, maior número de partidas disputadas e o goleador principal, além de outros fatos marcantes. No meu caso, continuarei a questão de não repetir o jogador, para que se possa ter uma idéia de um campeonato. Determinado futebolista foi muito importante em mais de um time, mas levarei em conta onde se destacou melhor.
Flamengo e Fluminense não são os times de maior torcida no Rio de Janeiro, pois há muito tempo o Vasco está acima do Flu tendo a segunda maior do Estado, além de uma rivalidade mais acirrada. Mas obviamente, por toda a história envolvida, que o Fla-Flu tem um charme maior, principalmente com inesquecíveis times nas décadas de 30, 40, 50, 60, 70 e mesmo 80, em especial a partir da Era Maracanã por causa do colorido que as duas torcidas formavam no estádio.
O Clube de Regatas do Flamengo, fundado no Rio de Janeiro em dia 15 novembro de 1895, completará 122 anos em 2017.
Inicialmente era um clube voltado para o remo, mas a partir de 1912, com alguns futebolistas do Fluminense saindo dele e passando a integrar o Fla, surgiu o departamento de futebol, fazendo com que se tornasse anos depois uma potência no Rio. Embora fosse um time de destaque, a famosa popularidade mesmo, com sua torcida crescendo horrores, se deu mesmo na segunda metade da década de 30, com Leônidas e Domingos na equipe. Veio os dois Tricampeonatos Estaduais nos Anos 40 e 50, mas sua melhor fase sem dúvida foi no período de Zico, quando conquistou seus principais títulos.
Para o gol flamenguista optei pelo paraguaio García, que foi destaque da Seleção Paraguaia no Sul-Americano de 1949, sendo contratado pelo Flamengo e ser tornando um dos heróis no segundo Tricampeonato Carioca em 1953/54/55 com suas grandes atuações. Para a reserva optei por um nome que talvez seja muito contestado que é o de Cantarelli, muitas vezes sendo bando de goleiros melhores, porém estando durante 16 anos a serviço do clube, com respeitáveis 557 partidas em seu currículo (recordista entre os goleiros), fazendo com que mereça a lembrança. Cito também Jurandyr, o goleiro do primeiro tri (1942/43/44) e o inesquecível Raul, presente nas principais conquistas, que não está porque optei de escalá-lo no Cruzeiro.
Pela lateral-direita sem dúvida que o grande nome é o de Leandro, outro que fez parte do maior período flamenguista e considerado por muitos um dos melhores na posição, não sendo poucos que o consideram melhor até mesmo que Djalma Santos e Carlos Alberto. Seu reserva é o valente Biguá, da década de 40.
Na zaga temos o incomparável Domingos da Guia, o Divino Mestre, com marcantes passagens por clubes do Brasil e pelo Peñarol e Boca Juniors, Selecionado Carioca e Paulista (sua excelente passagem pelo Corinthians), Seleção Brasileira, mas sem dúvida que foi no Flamengo que viveu sua melhor fase, onde esbanjou categoria de sobra, ganhando os títulos cariocas de 1939 e 1942/43 (já tinha sido pelo Vasco em 1934, mas sem o mesmo destaque), embora tenha também muita identificação com o Bangu, onde iniciou e encerrou a carreira, tendo estátua no clube e seu nome citado na letra do hino. Ao seu lado está Mozer, outro que participou bem dos maiores triunfos flamenguistas, que sempre demonstrou grande amor pelas cores rubro-negras, algo bem demonstrado em uma entrevista sua. Os reservas são o Deus da Raça Rondinelli, especialmente por causa do seu gol de cabeça contra o Vasco na decisão do Campeonato Carioca de 1978 e Newton Canegal, que formou parceria com Domingos nos títulos estaduais, um patrimônio que jogou por 13 anos.
Pelo lado esquerdo não tem como deixar de fora o Júnior, sempre lembrado como um dos melhores do futebol brasileiro, mesmo para muitos vivendo sua melhor fase técnica quando voltou veterano jogando pelo meio de campo, mas foi por tal setor que contribuiu na fase de ouro e até hoje o recordista em número de partidas (876). Para a reserva está o combativo Jordan, quarto jogador com mais jogos disputados (609), que esteve presente no segundo tri e considerado até hoje um dos melhores marcadores de Garrincha, já que sua passagem praticamente coincidiu com praticamente todo período áureo do ponta-direita do Botafogo.
Uma posição complicada de escalar é a de volante, pois muitos nomes são sempre lembrados. Após quebrar muito a cabeça, resolvi escalar o Andrade, até mesmo pra dar consistência e entrosamento ao time, por seus respeitáveis 570 jogos (quinto da lista total) e sem dúvida muito importante no período dourado devido à sua técnica e dinâmica. Para compor a forte dupla de volantes está Carlinhos, muito conhecido pelas tantas vezes que foi o treinador, mas com certeza outro grande jogador, com mais de dez anos atuando, de estilo clássico que fez com que ficasse conhecido pelo apelido de Violino. Outro nome que merece muito ser citado é o de Dequinha, muita categoria apresentada nos Anos 50 e em algumas enquetes foi o vencedor para a posição, sendo um reserva de luxo. Cito também, mesmo com destaque bem menor, o nome do paraguaio Bria, outro que encantou, completando o banco.
Sem dúvida que o meio de campo flamenguista será completado pelo maior e melhor Camisa 10 do time que foi o Zico, o mais importante jogador do Flamengo, uma unanimidade em qualquer enquete, ídolo insuperável, craque com vários recursos técnicos (dribles, lançamento, finalização e cobrança de faltas) e comandante da mais vibrante e vitoriosa fase do clube, cansando de ganhar títulos e sendo até hoje o maior goleador da sua história com 509 gols (o segundo tem um pouco mais que a metade) e segundo jogador em número de partidas. Doutor Rubens, um meia de muita habilidade e perito em cobranças de faltas é uma ótima alternativa para a sua reserva, muito querido no timaço do segundo tri.
Como ponta-direita elegi um que costuma ganhar na maioria das vezes que é o Joel, elemento de grande importância no time de Rubens, que driblava e também costumava ajudar o meio de campo. Seu reserva, por incrível que pareça, tinha características até mesmo semelhantes, pois Tita também contribuía de forma exemplar na dinâmica do time, aquele famoso de “um certo” Zico.
A função de centroavante é bem representada, pois muitos dirão que Leônidas (melhor média de gols) deveria estar por causa do seu período fantástico que coincidiu com a Copa do Mundo de 1938, mas optei por Dida no comando do ataque, mesmo sendo ele mais um ponta de lança, mas teve um faro de gol como poucos (segundo maior artilheiro com 264 gols), principal jogador do clube na década de 50, ídolo eterno. Optei por Henrique Frade na reserva de Dida, que formou justamente com ele uma infernal dupla de área, sendo (muitos não sabem) o terceiro maior goleador flamenguista (216).
Agora vem a grande polêmica. Muitas vezes quando se pensa em um meia-direita flamenguista se lembra do nome de Zizinho, porém vou escalá-lo no Bangu, que mesmo não sendo campeão carioca, foi o ídolo maior, o que também aconteceu no Flamengo depois da saída de Domingos da Guia, sendo tricampeão, mas saindo de forma muito magoada, fazendo com que perdesse a ligação que tinha. O nome que resolvi escalar é o do habilidosíssimo Adílio, terceiro jogador com mais atuações (617), sendo também de suma importância nos áureos tempos flamenguistas, tendo 14 anos a serviço do clube, formando com qualidade o fortíssimo rubro-negro da época, algo que se repetirá aqui. Sylvio Pirillo, quarto maior artilheiro do time (207), fica na reserva, muito importante no tri de 1942/43/44, tendo a difícil tarefa de substituir o Diamante Negro e com um recorde no Campeonato Carioca que perdura até hoje, com 39 gols em 1941. Romário é o quinto maior goleador (204), grande passagem pela Gávea, mas como entendo que tem uma história maior no Vasco, é no time vascaíno que pretendo escalá-lo.
E para a função de treinador escolhi o paraguaio Fleitas Solich (impressionante como os paraguaios se deram bem no clube!), tendo quatro passagens pelo clube (a primeira, de 1953 a 1957, foi a mais marcante) e segundo com maior número de partidas (504). Flávio Costa, o recordista no comando do time (765 vezes), também seria uma boa alternativa, mas também o vejo mais como técnico do Vasco.
FLAMENGO (1912 A 2017)
Titular: García, Leandro, Domingos da Guia, Mozer e Júnior; Carlinhos, Andrade e Zico; Joel, Dida e Adílio. Técnico - Fleitas Solich
Reserva: Cantarelli, Biguá, Rondinelli, Newton Canegal e Jordan; Bria, Dequinha e Rubens; Tita, Henrique Frade e Pirillo.
Mais anos: Zico - 17 (1971 a 1983 e 1985 a 1990)
Mais partidas: Júnior - 876 (1974 a 1984 e 1989 a 1993)
Mais gols: Zico - 509 em 732 jogos
O Fluminense Football Club, fundado no Rio de Janeiro em 21 de julho de 1902, completou 115 anos em 2017. Da mesma forma que era o Paulistano em São Paulo, tinha grande influência no Rio, um clube pioneiro em muitas atividades que ajudaram no crescimento do futebol no Brasil. Montou inesquecíveis times nos primeiros anos do século XX, especialmente aquele de 1936 a 1941, cinco vezes campeão carioca, grandes momentos nos Anos 50 e 60, na década de 70 com a sua Máquina, seus importantes títulos entre 1983 e 1985, enfim, grandes momentos vividos.
No gol do Fluminense de todos os tempos não pode ser outro, pois Castilho não está apenas por ser o recordista de partidas (702) e anos (18), mas pelo o que significou como goleiro, pelo talento, heroísmo, uma referência no time tricolor, um ídolo eterno. Para a reserva está Marcos Carneiro de Mendonça, que inaugura a grande tradição de goleiros tricolores e até mesmo brasileiros, pois foi o primeiro da Seleção Brasileira e um gigante no gol do time da década de 10. E lembro-me de outros nomes fabulosos, como os de Batatais, o próprio Veludo, Félix e Paulo Vítor.
De forma natural enxergo Píndaro como lateral-direito, que compôs um trio final famoso ao lado de Castilho do zagueiro Pinheiro, muito famoso no momento de recitar, que teve um período bem importante no clube, responsável por grandes conquistas no início da década de 50. Seu reserva é Rubens Galaxe, mais conhecido pelos torcedores do início dos Anos 70, também de suma importância nos triunfos da equipe.
A zaga está bem composta pelo forte Pinheiro (segundo jogador em número de partidas, com 603) e por Edinho, um zagueiro de técnica e raça que marcou o coração dos torcedores da segunda metade da década de 70 e primeira da de 80. Ricardo Gomes, que tentou substituir à altura o Edinho (fez muito bem) compõe a primeira opção como defensor e escalo Fortes, histórico jogador das décadas de 10 e 20.
Altair, como lateral-esquerdo, fecha a defesa, quarto em número de jogos (551) e que durante 14 anos (1957 a 1971) foi garantia de segurança. O reserva é justamente quem o substituiu, pois Marco Antônio merece o destaque, sendo até mesmo considerado um novo Nilton Santos.
Quando se pensa em um volante do Fluminense na maioria das vezes se vem em mente o nome de Denílson, considerado o primeiro cabeça de área do futebol brasileiro, muito talento e modernidade apresentados na década de 60 e início dos Anos 70. Quem está escalado como reserva, embora seja um jogador mais recente não é tão conhecido assim, é Jandir, peça importantíssima nos títulos tricolores da primeira metade da década de 80.
Para a meia-direita fiz questão de lembrar de alguém que ganhou como treinador do São Paulo, que é o Fio da Esperança Telê Santana, que tanto contribuiu na década de 50 com o seu futebol trabalhoso e também de técnica, condutor de muitas ações do ataque, além de ser o terceiro jogador com mais atuações (559), algo que sempre faço questão de citar para valorizar a escolha. Paraguaios também brilharam no Flu, então não dá pra esquecer o talentoso Romerito, ótimo para a reserva de Telê, articulador da dinâmica do time ao lado de Jandir, com formidáveis atuações.
Meias-esquerdas geralmente são sinônimos de jogador diferenciado e mesmo sem ainda existir a Camisa 10, Tim poderia ser um ótimo representante dela se existisse, pois era o melhor brasileiro no tempo que esteve nas Laranjeiras, contribuindo também para comandar as ações do ataque ao lado do formidável Romeu, naquela equipe de 1937 a 1941 que não foi chamada de Máquina como a de 1975 a 1977, mas que não devia nada. Optei por Orlando Pingo de Ouro para o banco, que entre 1945 e 1953 demonstrou habilidade em uma posição difícil de ir longe na Seleção Carioca e Brasileira (os concorrentes eram nada mais nada menos que Zizinho e Jair), mesmo assim sendo muito elogiado e tem a respeitável marca de ser o segundo maior artilheiro do time (184 gols). Tudo bem, aqui está a polêmica pela não escalação de Roberto Rivellino, um monstro, justificando sua ausência justamente por estar no Corinthians de todos os tempos.
Meu primeiro atacante é o Preguinho, de quem considero o maior jogador que o Fluminense teve ao lado de Castilho, sendo ainda mais que isso, um atleta polivalente, que não se dedicava apenas ao futebol, mas à outros esportes, não medindo forças para tentar fazer tudo nos heróicos tempos do Amadorismo, um herói tricolor. O inglês Harry Welfare é o seu reserva, jogou antes dele e era daqueles atacantes tanques, que muitos ótimos serviços prestou ao clube.
Obviamente que o centroavante tem que ser o maior goleador do Fluminense, o valente Waldo, que com os seus 319 gols não teve concorrente em 7 anos de Flu (1954 a 1961). Muitas vezes fica a impressão que para um time de todas as épocas não se escala jogador recente, mas Fred, que ainda está em atividade, merece, sendo um ídolo de altos e baixos no seu relacionamento com a torcida e quase superou Orlando em número de gols, ficando em terceiro com os 172 anotados.
Finalizando o ataque, de forma poderosa de acordo com o escalado, está o ponteiro esquerdo Hércules, que ficou conhecido como Dinamitador, devido ao seu poderoso chute que também tinha muito efeito, formando com Tim uma excelente ala-esquerda. Seu reserva é um jogador bem talentoso e famoso Paulo César Caju, muitas ótimas fases também no Botafogo e Flamengo, fazendo parte da inesquecível Máquina, onde caiu como uma luva.
E para a função de treinador opto por Zezé Moreira, o rei da estratégia, que comandou a Seleção Brasileira de 1954, mas claro que foi no Fluminense que fez história nos Anos 50, além de ser o comandante com mais partidas comandadas (467).
FLUMINENSE (1902 A 2015)
Titular: Castilho, Píndaro, Pinheiro, Edinho e Altair; Denílson, Telê Santana e Tim; Preguinho, Waldo e Hércules. Técnico - Zezé Moreira.
Reserva: Marcos Carneiro, Rubens Galaxe, Ricardo Gomes, Fortes e Marco Antônio; Jandir, Romerito e Orlando Pingo de Ouro; Welfare, Fred e Paulo César Caju.
Mais anos: Castilho - 18 (1947 a 1965)
Mais partidas: Castilho - 702
Mais gols: Waldo - 319 em 403 jogos
Hoje encerro os levantamentos dos clubes paulistas, sempre achando que poderia ter feito mais. Como deixar de fora times do interior paulista como o XV (de Piracicaba e Jaú), os representantes do clássico Come-Fogo de Ribeirão Preto (Comercial e Botafogo), a Ferroviária de Araraquara e tantos outros?
Internacional de Limeira e Bragantino, curiosamente dois clubes alvinegros, balançaram a estrutura do futebol paulista na segunda metade da década de 80, quando o interior ainda era forte, mesmo muitos não vendo com bons olhos tais títulos, achando que era a decadência geral. Limeira e Bragança Paulista têm mais de 120 km de distância, então o confronto não pode ser considerado um clássico interiorano.
A Associação Atlética Internacional de Limeira, fundada em 13 de outubro de 1913, completará 104 anos em 2017. Sagrou-se campeã estadual em 1986, derrotando o Palmeiras, que completou dez anos que não vencia o torneio. Bem antes, em 1924, a Inter de Limeira ficou conhecida pelo apelido de “Leão Paulista”, quando foi derrotada pelo Palestra Itália por apenas 2 a 1, sem ninguém imaginar que 62 anos depois decidiriam um título paulista. Em 26 de setembro de 1926 obteve um grande triunfo, vencendo o famoso Paulistano de Friedenreich pelo placar de 2 a 1. Também teve, no ano de 1947, um grande empate contra o XV de Piracicaba em seus domínios, quando o time de Limeira era considerado o mais forte do interior paulista. Seu maior adversário é o Independente da mesma cidade (clássico Le-Gal ou Galeão).
No gol optei por Silas, campeão paulista de 1986, que veio do Santos sem conseguir se firmar por causa da forte concorrência, se consagrando com o título. Seu reserva é o Morais, que atuou no clube de 1960 a 1964, sendo, provavelmente, o maior ídolo da torcida na época.
Pela lateral-direita está Quim, importante jogador da Inter. Seu reserva é João Luís, campeão paulista de 1986.
Na zaga estão Juarez e Bolíver, os campeões estaduais que pararam o ataque do Palmeiras na decisão, com Lau e Fenga sendo seus reservas, que também jogaram contra o antigo Palestra Itália em 1924, perdendo por apenas 2 a 1.
Pelo lado esquerdo está o Munhoz, que fazia parte do elenco que enfrentou o Palestra e que estava presente dois anos depois na histórica vitória frente ao Paulistano de Friedenreich pelo placar de 2 a 1. Basso é o seu reserva.
O meio de campo é formado por Zeca Carabina (volante antigo), Gilberto Costa (meia destacado no título de 1986 e preciso nas cobranças de faltas) e Lupércio, com Manguinha, Bertolatto e João Batista no banco, praticamente (exceto Bertolatto) os campeões paulistas.
De forma justa optei o ataque com o mesmo que foi campeão paulista de 1986, formado por Tato (autor do segundo gol), Kita (fez o primeiro e terminou como artilheiro do torneio) e Lê. Peixe, Augusto e José Petrelli compõem a suplência.
E para treinar ninguém melhor que o histórico jogador Pepe, treinador do maior título.
INTER DE LIMEIRA (1913 A 2017)
Titular: Silas, Quim, Juarez, Bolívar e Munhoz; Zeca Carabina, Gilberto Costa e Lupércio; Tato, Kita e Lê. Técnico – José Macia (Pepe).
Reserva: Morais, João Luís, Lau, Fenga e Basso; Manguinha, Bertolatto e João Batista; Peixe, Augusto e José Petrelli.
O Clube Atlético Bragantino, fundado na cidade de Bragança Paulista em 08 de janeiro de 1928, completou 89 anos em 2017. Foi o campeão paulista de 1990 na primeira e única final caipira, contra o Novorizontino. Era um trabalho que já vinha desde a conquista do Campeonato Brasileiro da Série A2 do ano anterior. Sem se esquecer que o Braga também se sagrou vice-campeão brasileiro em 1991. Também venceu o Brasileirão da Série C (2007). Dois outros grandes feitos foram as conquistas do Campeonato Paulista da Série A2 em 1965 e 1988.
O goleiro Marcelo sem dúvida é o escolhido, campeão paulista de 1990, passando duas vezes pelo clube, sendo mais marcante a primeira. Seu reserva é o Alê, destaque do Braga nos últimos anos.
Pela lateral-direita a escolha certa é a de Gil Baiano, que passou três vezes pela equipe, claro com mais destaque na primeira, vencendo o Estadual e sendo convocado pela Seleção Brasileira. Luizinho, que tem nome de craque, é o seu reserva.
A dupla de zaga é formada por Felipe (destaque nas fases mais recentes) e pelo volante Pintado, natural de Bragança, vindo da base, campeão paulista de 1990, com grande passagem depois pelo São Paulo, mas com uma identificação especial no clube de origem, tendo algumas passagens. Os reservas são o Cris e o Tiago Vieira.
Pelo lado esquerdo escalo o Biro-Biro, sem confundir com o famoso que atuou pelo Corinthians, mas outro jogador raçudo, um dos pilares da inesquecível conquista. Quem tem a nobre missão de ser o reserva do Biro é o Hamilton.
Claro que o volante de todos os tempos tinha que ser o Mauro Silva, que em apenas dois anos (1990 a 1992) se tornou o maior jogador da história do clube, consagrando-se mundialmente, inclusive fazendo parte como titular ao lado de Dunga no Tetra, formando um forte meio de campo. Seu eterno reserva (em tese) é o Somália, que também esteve duas temporadas no Bragantino, mas entre os anos 2007 e 2009.
Os meias são o Alberto Félix e Davi, de uma fase mais recente. Para a reserva optei por Araras e César.
Para o ataque minhas escolhas foram por Tiba, Mazinho Oliveira (outro que foi para a Seleção Brasileira) e João Santos, o infernal trio-atacante de 1990. Neizinho, Silva e Luís Müller são os respeitáveis reservas.
E para comandar está o famosíssimo Vanderlei Luxemburgo, talvez o treinador brasileiro mais destacado de todos os Anos 90, conquistando títulos por todos os grandes clubes que passou (Palmeiras, Flamengo, Santos e Corinthians) e indo comandar a Seleção Brasileira, mas foi no Bragantino que de fato ganhou notoriedade ao vencer o Campeonato Brasileiro da Série B (1989) e especialmente o Paulistão de 1990.
BRAGANTINO (1928 A 2015)
Titular: Marcelo, Gil Baiano, Felipe, Pintado e Biro-Biro; Mauro Silva, Alberto Félix e Davi; Tiba, Mazinho e João Santos. Técnico – Vanderlei Luxemburgo.
Reserva: Darci, Luizinho, Cris, Tiago Vieira e Hamilton; Somália, Araras e César Gaúcho; Neizinho, Silva e Luís Müller.
Hoje será a penúltima parte paulista da série “clássicos de todos os tempos”. Para realizar tão árduo trabalho, manterei a base dos principais jogadores, aqueles que mais se identificaram com a camisa que vestiram, mas modificando a formação do jeito mais atual possível, optando por escalar três jogadores no meio de campo e mais três no ataque. E geralmente terá um ponta fixo e um lateral ofensivo do outro lado.
Um detalhe que ainda preservarei é a obrigatoriedade de ter três recordistas na equipe titular. Quem tem mais anos de clube, maior número de partidas disputadas e o goleador principal, além de outros fatos marcantes.
No meu caso, continuarei a questão de não repetir o jogador, para que se possa ter uma idéia de um campeonato. Determinado futebolista foi muito importante em mais de um time, mas levarei em conta onde se destacou melhor.
A próspera região do ABC, pertencente à Grande São Paulo, é constituída por Santo André, São Bernardo e São Caetano. Em alguns casos se aumenta para ABCD, para incluir Diadema. Mas claro que se tratando de futebol, são justamente o Santo André e São Caetano que são os maiores representantes, disputando o clássico San-São do ABC, que não é propriamente um dos mais tradicionais do Estado de São Paulo, mas especialmente por causa da importância dos dois times na primeira metade do Século XXI.
O Esporte Clube Santo André, fundado em Santo André no dia 18 de setembro de 1967, completará 50 anos em 2017. Quando o Corinthians da mesma cidade terminou suas atividades em 1961, o primeiro time que Pelé anotou um gol jogando por uma equipe profissional. Houve alguns problemas em seus primeiros anos, quase se extinguindo. Em 1984 participa pela primeira vez da primeira divisão do Campeonato Brasileiro, sem dúvida sendo o principal time do ABC. Mas sua maior glória obviamente foi a conquista da Copa do Brasil de 2004, eliminando importantes times brasileiros e sendo campeão contra o Flamengo em pleno Maracanã. Outro fato bem marcante foi ter sido vice-campeão paulista em 2010, perdendo para o Santos.
No gol optei por Júnior Costa, que foi campeão da Taça São de Futebol Júnior de 2003 e da Copa do Brasil em 2004, sendo muito querido pelos torcedores do Ramalhão. Tonho é o seu reserva, figura importante da década de 80.
Pela lateral-direita escalo o Luisinho Maia, um dos maiores ídolos do time dos Anos 70. Seu reserva é o Samuel Santos, figura de destaque da década atual.
A zaga é constituída por Flavião e Tito, com o primeiro tendo destaque em outra bela fase, a da década de 70 e o segundo foi outro bom zagueiro. Rayan, defensor da fase recente, é o primeiro reserva, completando com Luiz Matheus, outra grata revelação recente.
Pelo lado esquerdo estão os incansáveis Paulo e Renato Peixe, uma posição que já teve o famoso Wladimir, entre sua saída e retorno ao Corinthians.
Como volante está Careca, capitão dos melhores anos do time, no início do Século XXI. Fernandinho é o seu reserva, jogador de muita técnica, um dos principais da equipe de 1975 a 1981, quando ele com os companheiros foram apelidados de Baixinhos Frenéticos.
Os dois meias são o Rotta e Élvis, com um tendo muito destaque no início da década de 80 e o outro sendo bem importante nas campanhas de 2003 e 2004, retornando duas vezes ao clube (2009 e 2013). Para a reserva está Bruno César, meia que rodou no Corinthians e no Palmeiras, mas que se destacou na campanha de 2010 e Jaiminho, que com sua experiência contribuiu muito para o filme do final da década de 80, atuando com Eduardo Amorim, outro jogador bem experiente.
Para o ataque estão Ivanzinho (meia bem destaco dos Anos 90), Tulica (maior goleador da história do time que cansou de fazer gols na década de 70) e Rodriguinho (muito decisivo nos anos de 2009 e 2010, retornando também em 2014).
E para comandar o Santo André de todos os tempos ninguém melhor que Péricles Chamusca, o treinador do maior feito da história do clube, de campeão da Copa do Brasil de 2004.
SANTO ANDRÉ (1967 A 2017)
Titular: Júnior Costa, Luisinho Maia, Flavião, Tito e Paulo; Fernandinho, Rotta e Élvis; Ivanzinho, Tulica e Rodriguinho. Técnico – Péricles Chamusca.
Reserva: Tonho, Samuel Santos, Rayan, Luiz Matheus e Renato Peixe; Careca, Bruno César e Jaiminho; Bona, Sandro Gaúcho e Nunes.
Mais gols: Tulica – 63 (1970 a 1972 e 1974 a 1977).
A Associação Desportiva São Caetano, fundada em São Caetano no dia 04 de dezembro de 1980, completará 28 anos em 2017. Da mesma forma que a população de Santo André, a de São Caetano queria novamente um bom representante como nos velhos tempos do São Bento e do SAAD. Nos Anos 90 teve bons momentos, com o veterano centroavante Serginho Chulapa fazendo os seus gols. Mas foi a partir de 2000, com o título paulista da Série A2, que o clube ganhou notoriedade nacionalmente, com ótimos jogadores e memoráveis campanhas, das quais destaco o vice no Brasileirão de 2001, o segundo lugar da Libertadores em 2002 e a conquista do Campeonato Paulista de 2004. Nos anos seguintes o São Caetano decaiu, sem repetir os mesmos êxitos.
O goleiro Silvio Luiz, praticamente um xará do famoso narrador, não é o goleiro titular apenas por ser o jogador com mais partidas pelo São Caetano, mas sem dúvida por ser o maior e melhor de todos, jogando ininterruptos oito anos pelo clube (1998 a 2006), estando presente nos principais momentos vividos da sua trajetória. Cavani é o seu reserva, terceiro arqueiro que mais atuou pela equipe, antecessor de Silvio, pois teve muito destaque nos Anos 90, apesar de algumas decepções bem fortes que sofreria depois.
A titularidade da lateral-direita deixo para Anderson Lima, que teve ótima passagem pelo Santos, se destacando também no São Caetano em 2004 (campeão paulista) e entre os anos de 2006 e 2007, sempre com suas mortais cobranças de falta. Japinha está na sua reserva, que teve destaque no início dos Anos 2000, também com momentos interessantes.
Para a zaga escalo a dupla “D (Dininho e Daniel)”, com o primeiro, da mesma forma que Silvio Luiz, atuando por oito anos (1997 a 2005), vivenciando também o auge do São Caetano, com o segundo participando daquela que é considerada a melhor fase do clube, entre 2000 e 2003, mesmo não sendo campeão e retornando em 2007. A primeira opção de reserva é o Serginho, zagueiros dos anos de outro (2000 a 2004), que tragicamente morreu em campo, algo que abalou o mundo do futebol. Thiago Martinelli é outro bom zagueiro que não pode ficar de fora, campeão paulista de 2004 e retornando em 2011.
Pelo lado esquerdo está César, do expressivo time de 1999 a 2001, sem dúvida um dos principais jogadores do elenco, chegando inclusive à Seleção Brasileira. Triguinho é um excelente reserva, que honrou bem a lateral-esquerda anos depois.
Optei por Augusto Recife na posição de volante, não vivendo uma fase das mais brilhantes do clube, entre 2010 e 2013, mas atuando muito bem. Para a reserva aparece Adãozinho, do time de 2000 a 2002.
O primeiro meia é Magrão, que também jogava bem como volante, o que faz bem forte o meio de campo do São Caetano de todas as épocas, com passagens na década de 90, também participando entre 2002 e 2003, sempre demonstrando muita disposição e rodado em importantes times como Cruzeiro, Palmeiras e Corinthians. Esquerdinha, como bem diz o apelido, jogava na meia pelo lado esquerdo, tendo quatro passagens (1997, 1998, 1999 e entre 2000 e 2002, a melhor de todas, com grandes participações). Claudecir, o primeiro reserva, pertencia mais ao Palmeiras, mas nas quatro vezes que atuou no São Caetano (duas com o seu passe pertencendo ao clube e as outras por empréstimo) fez boas apresentações. E Éder é outra bela aquisição nos últimos cinco anos.
Para iniciar o ataque com chave de ouro conto com o formidável Adhemar, maior goleador de todos os tempos, exímio cobrador de faltas, com três passagens, sempre com brilho e sendo o principal ídolo. Somália é daqueles jogadores que passam por vários clubes, mas sempre tem um que se destaca mais e volta diversas vezes, o que é o caso do São Caetano, onde teve uma respeitável passagem na primeira década do Século XXI e por empréstimo em 2012. Completando o ataque aparece Eduardo, também um atacante bem destacado. A primeira opção na reserva é Paulinho Kobayashi, tão famoso depois no Santos, mas que fez parte dos primeiros anos do clube, de 1989 a 1992. O segundo Zinho mais famoso da década de 90 sem dúvida é um nome que não pode faltar. E por último está Marcinho, outro grande nome do título paulista de 2004.
Muitos se lembrarão de Muricy, o técnico que deu o título estadual, mas claro que o nome ideal pra comandar o São Caetano é o de Jair Picerni, que treinou a mais empolgante equipe, que foi entre 2000 e 2002, tendo dois retornos, mas menos expressivos.
SÃO CAETANO (1989 A 2017)
Titular: Silvio Luiz, Ânderson Lima, Dininho, Daniel e César; Augusto Recife, Magrão e Esquerdinha; Adhemar, Somália e Eduardo. Técnico – Jair Picerni.
Reserva: Cavani, Japinha, Serginho, Thiago Martinelli e Triguinho; Adãozinho, Claudecir e Éder; Paulinho Kobayachi, Zinho e Marcinho.
Mais partidas: Silvio Luiz – 451 (1998 a 2006).
Mais gols: Adhemar – 68 (1997 a 2001, 2002 a 2004 e 2006/2007).
Foto: Site oficial do EC Santo André
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