No Twitter: @fabiolucasneves
O Galo pode ser o Corinthians de 2013.
Não entendeu?
Eu explico.
Até o ano passado, a piada mais irresistível e irreverente do futebol brasileiro era o jejum do Timão na Libertadores.
"Como óleo e água, não se misturam?, desdenhavam santistas, palmeirenses e são-paulinos, os gozadores paulistas até então.
"É como episódio do Chaves. Todos conhecem o final.?
Pois bem.
Tite, Sheik, Danilo e Cássio deixaram de lado os rótulos tão profundos quanto cicatrizes e tatuagens para marcar na pele e na alma dos corintianos o título continental invicto de 2012.
E no Pacaembu abarrotado em cima do Boca Juniors da lenda Juan Román Riquelme.
Invejável.
O feito fez do Corinthians protagonista no Mundial do Japão e no respeito adquirido diante dos arquirrivais, algo imensamente mais importante.
Pois o Galo trilha o mesmo caminho.
Já ouvi o Clube Atlético Mineiro, até por fãs de Reinaldo e Dadá sob tortura, ser chamado de "ex-grande? ou de "time de uma conquista só?.
O Alvinegro de Alexandre Kalil e Cuca busca a independência dos rótulos que mancham o gigantismo de uma equipe refém da desconfiança.
Fosse o São Paulo o dono da atual campanha do Galo na Libertadores, o possível vencedor do torneio já estaria escolhido por boa parte da mídia sul-americana.
Entretanto, a falta de credibilidade que a camisa do Atlético ainda transmite alimenta o ceticismo da imprensa nacional e internacional..
Apesar da genialidade (pontual) de Ronaldinho Gaúcho.
Apesar do oportunismo e da inteligência de Jô (!).
Apesar do fôlego e da ginga de Bernard.
Apesar da segurança de Réver, que merece ter ao lado dele na seleção a firmeza na marcação do lateral-esquerdo Richarlyson.
Apesar das surpreendentes atuações de Diego Tardelli, que deixou péssima impressão por onde passou antes de aventurar-se na capital do meu Estado.
De indolente e "novo-velho? (definido pelo próprio Cuca no SPFC em 2004) a jogador tático e "velho-novo?.
O fato é que o Atlético joga o melhor futebol do Brasil no momento.
O fato é que o Galo é favorito para ganhar o que disputar.
O fato é que o Alvinegro só terá credibilidade quando (possivelmente) ganhar a Libertadores.
O fato é que eu tenho razão.
Os corintianos que o digam.
Ganhe, Galo!
Ou deixe de bicar os oponentes de uma vez por todas.
Passou da hora de o Clube Atlético Mineiro ser visto como um mero "cavalo paraguaio". Piada, né?
No Twitter: @fabiolucasneves
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A impunidade é um vírus mortal com alto poder de contaminação. A falta de punição aos crimes que traumatizam a nossa sociedade tornou-se uma instituição nacional. Assim como o famigerado "jeitinho?.
O descumprimento das leis, presente no cotidiano de todos os setores de atividade no Brasil, tem no futebol uma referência. Ao mesmo tempo que gera orgulho graças às cinco Copas conquistadas e aos craques famosos em todo o planeta há décadas, o esporte mais popular do País causa pânico e calafrios.
Sob a desculpa do amor e da paixão, grupos de fãs de TODOS os clubes tupiniquins organizam-se em verdadeiras guerrilhas para impor a violência, o medo e a bagunça.
O pano de fundo é o jogo de bola, cuja importância é infinitamente menor do que a vida de cada um de nós. Entretanto, para esses "soldados? alvinegros, tricolores, rubro-negros, alviverdes e colorados, o que importa é a implementação do terror para "mostrar quem manda?.
"Financiada? pela impunidade e ausência de pulso firme da Justiça e do Ministério Público, os verdadeiros amantes do futebol tornaram-se reféns de bandidos travestidos de torcedores.
Embora já tenha visto milhares e milhares de partidas como jornalista e torcedor em mais de dez países, nunca levei minhas filhas (de 9 e 4 anos) a um estádio. E não o farei enquanto a hostilidade doentia permanecer nas arquibancadas.
Existe solução? Sim, claro. Mas seria preciso tomar uma atitude drástica e impopular para (tentar) conscientizar os marginais que infestam as arenas do Amapá ao Rio Grande do Sul.
A tragédia de Oruro, causada por corintianos, deveria provocar a suspensão do futebol brasileiro por, pelo menos, um ano das competições organizadas pela Fifa e Conmebol. Foi a gota que fez o balde de água transbordar.
Cartolas do Grêmio, Palmeiras, São Paulo, Galo, Fluminense e do próprio Timão diriam que foram prejudicados por causa da exclusão da Copa Libertadores, é claro. No entanto, nenhuma agremiação verde e amarela, historicamente, fez algo para coibir a ação de marginais no dia a dia das equipes. Invasão de CT, apedrejamemento de ônibus, ameaças a atletas... Que o preço seja pago. E o mais rápido possível. A sociedade cansou-se de ficar sozinha com o ônus. Chega!
Na Inglaterra, funcionou. Basta pesquisar a tragédia de Heysel. Atualmente, na Terra da Rainha, não há sequer alambrados nos estádios. A rivalidade persiste, mas com limites pautadas pela civilidade e respeito à integridade física do próximo.
Sonho em, um dia, levar minhas filhas para ver um jogo do meu time do coração em segurança. Seria um passeio como ir ao cinema ou visitar um parque e representaria um título muito maior do que qualquer Libertadores ou Mundial. Mas esse zagueiro gigante, forte e, aparentemente, invencível, ao menos por enquanto, me impede. Ele se chama IMPUNIDADE. Com esse sujeito em campo, eu prefiro deixar o futebol restrito à TV. Ou nem isso, caso nada seja feito.
Se o futebol é emocionante por causa da imprevisibilidade, a lógica consegue explicar o porquê de a bola não entrar por acaso no gol adversário. O Corinthians iniciou o processo de conquista do planeta ao apostar na continuidade do trabalho do seu técnico, humilhado ou "toliminado? sem dó na temporada anterior. De lá para cá, o treinador dispensou as estrelas para montar um grupo sem vaidade. Um elenco condicionado a engolir o ego para priorizar o conjunto. Um time que ganhou de um Chelsea mais forte por ter acreditado na "política do merecimento? de Tite. Joga quem está melhor. Simples.
Respaldado pelos atletas, já faz tempo que o gaúcho acerta tudo. O perdão ao "rebelde? Chicão em 2011. A saída de Adriano no começo de 2012. A troca de Júlio César por Cássio depois do Paulista. A aposta no recém-chegado Romarinho na Bombonera. A insistência em Guerrero. A substituição cirúrgica de Douglas por Jorge Henrique diante do Chelsea. Em um esporte cada vez mais marcado pela superficialidade das relações, Tite foi capaz de resgatar valores que andam esquecidos no mundo do futebol: comprometimento, caráter, união e respeito. O mundo, agora, está de prova.
O ano superlativo do Timão foi marcado pela "invasão? da Fiel ao outro lado do planeta. A presença de milhares e milhares de corintianos no Japão foi tão marcante quanto o título. A polêmica sobre o número real de alvinegros que atravessaram o globo torna-se minúscula perto da grandiosidade da festa. A batucada de centenas em um simples treino da equipe na remota Kariya, na região de Nagoya. O "mar preto e branco? na chegada dos torcedores aos estádios de Toyota, na semifinal, e Yokohama, na decisão. O enorme número de bandeiras e faixas espalhadas pelos quatro cantos das duas arenas.
A Fiel recebeu elogios até dos executivos gelados da FIFA e foi tema de perguntas de jornalistas ingleses ao técnico e atletas do Chelsea, além de pauta para emissoras como a CNN e a BBC. Entretanto, ainda há quem tente diminuir a "invasão?. Aos céticos, ou invejosos, sugiro que ouçam com os olhos fechados à narração feita por José Silvério, na Rádio Bandeirantes, do gol de Guerrero. A precisão com que o locutor descreve o lance é acompanhada pelo aumento do "frisson? vindo das arquibancadas. No momento em que a bola entra, é impossível não sentir-se no Pacaembu. Impressionante. Inesquecível.
Mente o corintiano que bate no peito e ainda se diz "maloqueiro e sofredor?. Em 2007, quando o rebaixamento no Brasileirão foi consumado, o presidente da época, Andrés Sanchez, foi profético, com lágrimas nos olhos: "Que os rivais deem risada agora?. Ele tinha razão. Nos cinco anos seguintes, o Timão saiu da Série B para iniciar uma arrancada inimaginável rumo ao topo do planeta.
Ronaldo ajudou o Alvinegro a diminuir o abismo que o separava do business da bola. Uma das marcas mais valiosas do Brasil, finalmente, virou sinônimo de rentabilidade. O "peso? do Fenômeno avalizou contratos astronômicos. Com um time vencedor, o corintiano começou a pagar caro para ir ao Pacaembu, sempre lotado. A era dos "maloqueiros? havia dado lugar aos almofadinhas da tribuna.
A transformação do "time do povo? em uma máquina de ganhar títulos e dinheiro teve uma inspiração clara. Quem conhece minimamente Andrés sabe da obsessão que ele sente pelo São Paulo. É uma paixão doentia. Às avessas, é claro. Entretanto, esperto como é, o dirigente aproveitou-se da zona de conforto em que se encontrava o desafeto Juvenal Juvêncio para ocupar o espaço do rival.
Como se tivesse um Milton Cruz, o Timão passou a fazer contratações baratas e cirúrgicas. Alessandro, Chicão, Ralf, Elias, Paulinho e Douglas não nos faz remeter a Cicinho, Fabão, Mineiro, Josué, Grafite e Danilo? À la Telê Santana e Muricy Ramalho, Mano Menezes e Tite tiveram muito tempo para desenvolver o trabalho e mostrar competência, apesar das turbulências. Deu no que deu.
A "clonagem? não parou por aí. O Corinthians passou a ter uma comissão técnica permanente, um "Reffis? com equipamentos de alta tecnologia e um CT moderno e afastado da sede do clube. Por fim, o repórter Rodrigo Vessoni revelou essa semana no Lance! que o Alvinegro terá um Centro de Treinamento de primeiro mundo para abrigar as categorias de base. Alguém aí pensou em Cotia?
Fora de campo, Sanchéz articulou-se politicamente até ficar forte o bastante para enfrentar Juvenal. O resultado: implosão do Clube dos 13, exclusão do Morumbi da Copa e a consequente construção do Estádio de Itaquera. O dirigente do Tricolor, enfraquecido pela "petulância? do aprendiz, passou a agir como antigos cartolas do... Parque São Jorge.
A demissão atabalhoada de treinadores, a troca constante de preparadores físicos, a contratação sem planejamento de atletas, a nomeação de diretores fracos e, ainda, a perda de força nos bastidores já seriam erros graves, mas que tornam-se equívocos mínimos se comparados à perpetuação de Juvêncio no poder. Quem diria que Wadih Helu e Alberto Dualib fariam escola no Morumbi?
O retorno à Taça Libertadores e o dinheiro da venda de Lucas, que deverá ser traduzido em reforços de peso, enchem os tricolores de confiança para 2013. O "inimigo? a ser batido é o Corinthians. Um clube cujos defeitos e "virgindade? internacional eram vistos como piada na Zona Sul. E hoje é dono de um espaço que o São Paulo terá que reaprender a conquistar.
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Foto: UOL
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