No comentário de véspera do Gre-Nal deste domingo, abordei a Psicologia do clássico, afirmando que o Grêmio das últimas décadas leva ampla vantagem nesse particular.
Salientei na ocasião que o handicap gremista no plano emocional acontece, entre outras coisas, por conta das várias goleadas que o tricolor aplicou no Inter sem ter sofrido, em todo esse tempo, uma única derrota com diferença superior a três gols para o rival colorado.
Por conta desse déficit histórico que o Inter tem para com sua torcida, eu disse que ao time de Coudet não bastaria vencer o clássico - como venceu e mereceu - mas teria que aproveitar a ocasião para descontar com uma goleada uma das tantas que sofreu, visto tratar-se de um Gre-Nal quase amistoso, que não serviria para mais nada, pois ambos os contendores já têm vaga assegurada para a próxima etapa do campeonato.
Pois bem, a teoria do fator psicológico colorado adverso confirmou-se neste Gre-Nal de hoje. O Inter venceu, convenceu com o dobro de posse de bola, mais arremates a gol e mais escanteios a favor, mas o fez de forma sofrida, desperdiçando a chance de golear o adversário, coisa que colorados de 80 anos nunca viram.
Lembram que eu havia dito no comentário daquele jogo do Grêmio contra o Santa Cruz que tinha visto dois time gremistas completamente diferentes nas duas etapas do confronto: o do primeiro tempo, que terminou com dois gols para cada lado, e o do segundo em que o tricolor massacrou o visitante, chegando a uma goleada de 6 a 2 ?
Com base no que vi na etapa inicial daquele jogo, cheguei ao intervalo daquela partida acreditando que o Inter era o favorito para este Gre--Nal, pois o Grêmio havia atuado muito mal contra o Santa Cruz.
Após o final daquele confronto, contudo, me senti impelido a mudar de opinião e afirmar que o favoritismo colorado para o Gre-Nal não mais se justificava em razão do futebol soberbo que o time de Renato havia demonstrado na etapa complementar, a partir da entrada em campo do estreante Pavón.
Considerando aqueles 4 gols relâmpagos que, com a colaboração eficiente de Pavón, o Grêmio transformou um empate bisonho do primeiro tempo numa vitória maiúscula ao final do jogo, jurei - e acredito toda a torcida gremista jurou também - que era com aquele time do segundo tempo que o Grêmio entraria em campo para enfrentar o Inter, no mínimo, de igual para igual.
Entretanto, o técnico Renato Portaluppi resolveu ignorar aquela "metamorfose" gremista e frustrou todas as expectativas, escalando para o Gre-Nal aquele mesmo timinho que havia babado na gravata, cedendo um empate no primeiro tempo ao modesto Santa Cruz.
Com essa composição capenga mandada a campo por Renato, o empate em 1 a 1 no primeiro tempo do clássico não refletiu o que aconteceu em campo, já que era fruto de um gol contra e da má sorte de um Inter completamente dominador.
Percebendo que a vantagem gremista no placar, a partir do gol de Villa Santi, não espelhava o que acontecia no jogo, Portaluppi promoveu, pouco tempo depois, a entrada de Pavón & Cia no time.
Mas esqueceram de avisar o teimoso técnico gremista que o Inter não é o Santa Cruz e que por isso não conseguiria fazer seu time passar de dominado a dominador, com mudanças feitas tardiamente, a partir da segunda metade da etapa complementar.
Aí, deu no que deu. Mesmo sem impor ao Grêmio a goleada de que tanto necessita, o Inter conseguiu o gol da vitória, numa cobrança de pênalti, e, pelo menos, fez-se justiça no resultado da partida.
Renato, além de perder o clássico, precisará explicar à torcida gremista por que deixou Pavón no banco durante a maior parte do jogo e também a razão de ter deixado Geromel fora do confronto, optando por um zagueiro menos experiente ao lado de Kannemann.
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