Atacante entrou em acordo com o São Paulo e deixa o clube após perder posição para Paulinho Bóia

Atacante entrou em acordo com o São Paulo e deixa o clube após perder posição para Paulinho Bóia

Antônio Magnano é um clássico bonitão, daqueles que arrasta olhares e suspiros e ciúmes por onde passa. Durante sua estadia de três anos em Roma, ganhou fama de sedutor rapidamente. Acabou casando-se com Bárbara Puglisi, linda filha de um tabelião mergulhado em riqueza. Fosse hoje, a festa do enlace seria daquelas de parar o trânsito, com muitas selfies, editoriais em revistas de celebridades e tudo. Coluna social seria fichinha para o casal mais belo da “cidade eterna”.

Os dias foram passando e aquela aura de beleza ia gerando no mulheril a curiosidade fatal. Como teria sido a primeira noite? Afinal, embora fosse casamento arranjado, os dois estavam apaixonados, era visível. A terra deu uma volta inteira em torno do sol enquanto as famílias e amigos da noiva se corroíam de curiosidade. Como um vento minuano inevitável, a verdade trágica chegou aos pais da noiva. Doze meses após o casório, nada... (se é que me entendem...). Um padre foi chamado e desfez o matrimonio com a maior das decepções.

A história do personagem de Marcello Mastroianni em 1960 serve para muitas estrelas do futebol. Jogadores que pintam com talento vistoso diante de câmeras e microfones, com lindos gols e lances de efeito que encantam e empolgam. No entanto, o tempo e os clubes vão mostrando uma outra face do ídolo bonitinho, porém ordinário. Vem as crises, o jejum, as críticas, a saída pela porta dos fundos. Assim tem sido a carreira de Alexandre Pato, que ontem se despediu do elenco do São Paulo após quase um ano e meio. Lá se foi a segunda passagem pelo Morumbi.

Pato é daqueles casos difíceis de entender. Lembro bem daquele 26 de novembro de 2006, quando narrei seu primeiro gol como profissional contra o Palmeiras aqui no antigo Palestra Itália no primeiro lance do jogo. Energia, explosão, habilidade, magia... era um craque nascendo. Durou pouco. Em meses, envergava a camisa de Andriy Shevchenko no Milan. Começou bem lá e, em dois anos, conquistou os europeus, mesmo com lesões, que iriam minar sua permanência saudável no clube rossonero mais adiante.

Seus tempos em Milão foram mais longos e proveitosos, como uma foto daqueles que tiramos para o feed do Instagram e podemos visitar a qualquer crise para relembrar os bons tempos. Após a Olimpíada de Londres, em 2012, já não havia clima e a proposta do Corinthians ao final do ano foi a salvação para dias mais calmos. A lua de mel com a Fiel durou cinco meses. Em outubro, o fatídico pênalti contra Dida...a invasão do CT Joaquin Grava...o fim. Em 2015, o bom ano no São Paulo, com 38 gols. Depois disso, 6 meses discretos no Chelsea, mais seis criticados no Villareal, depois o ostracismo no Tianjin Tianhai.

Talvez tantos revezes na carreira do sempre “feliz” Alexandre Pato o deixaram anestesiado. Lembro de uma entrevista que deu a mim em Johanesburgo em um evento da Nike em que dizia estar contente em estar na terra da Copa mesmo fora da Seleção que treinava ali há poucos quilômetros. A parte esportiva da carreira foi derretendo, dando lugar ao lado celebridade. Mais cliques e likes do que bolas nas redes fizeram mal ao garoto. Talvez tenha perdido o amor à bola ou era mesmo um “Belo Antônio” do futebol, daqueles que aparecem lindos e na hora “H”, não funcionam. Mistura de azar e maldade na avaliação.

Hoje, Alexandre Pato é sinônimo de jogador que promete, mas não entrega. Ficou marcado pelas namoradas famosas, pelas dancinhas e desafios nas redes sociais. Deveria ser lembrado pelos dribles fantásticos, pela rapidez de raciocínio com a bola e seus golaços. Nem sempre a vida é o que pensamos dela, ainda mais quando a expectativa é de quem apenas admira, mas não tem a vida do craque. Recebi de um amigo hoje: “Do Ó, o Pato é o jogador TikTok, dura 15 segundos, forçando, vai a 30, mas jamais chega a 60”.

Bela e triste definição.

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