Na semana passada descrevemos que os exercícios físicos, quer sejam aeróbicos ou anaeróbicos, não modificam os tipos histoquímicos das fibras musculares, que são exclusivamente determinados pelos neurônios localizados no corno anterior da medula. Portanto é a frequência e amplitude das cargas elétricas emitidas pelos nervos provenientes destas células motoras, que caracterizam as fibras musculares I, IIA e IIB.
Mas quando treinamos bastante e melhoramos nosso desempenho esportivo, o que será que acontece?
O treinamento diário contínuo melhora bioquimicamente nossa máquina muscular de gerar energia! Isso não significa em absoluto aumento do número de fibras musculares ou mudança de tipo histoquímico.
Mas então como pode uma fibra muscular mudar de tipo? Simplesmente ela não pode! A menos que haja uma lesão nesses neurônios e seus nervos correspondentes.
Vamos começar a explicar isso. É preciso antes de mais nada mostrar o que significa uma unidade motora. O conceito de unidade motora é formado pelo entendimento de que o conjunto formado por um neurônio do corno anterior da medula, seu nervo periférico e as fibras musculares que ele inerva, formam uma estrutura bem definida e fisiologicamente perfeita.
Todas as fibras inervadas por esse nervo possuem o mesmo tipo histoquímico, o estímulo elétrico é o mesmo para todas elas, pois origina-se num único neurônio. Portanto define-se unidade motora pelo conjunto: neurônio, nervo periférico e fibras musculares por ele inervadas. As unidades motoras de músculos como o quadríceps e o bíceps são grandes, sendo que nelas um neurônio chega a inervar mais de 500 fibras musculares!
Contrariamente as unidades motoras dos músculos das mãos são pequenas, podendo inervar, às vezes, somente 10 fibras musculares. Quanto maior a unidade motora, mais força ela gera. Enquanto quanto menor for, mais destreza e habilidade aos movimentos musculares é proporcionada.
Continuamos na semana que vem, direto de Paris.
Até lá! Abraço.
Beny Schmidt.