No final dos anos 80, em minha carreira no boxe profissional, meu agente foi Abraham Katzenelson, convivÃamos praticamente todos os dias da semana, conversávamos muito e o assunto principal era sempre boxe. Katzenelson foi o mais conhecido empresário e promotor de boxe que já tivemos no Brasil, foi empresário do Eder Jofre e em algumas lutas o promotor das disputas dos tÃtulos mundiais que ele realizou, nas categorias de peso galo e nos pesos pena também.
Em nossas conversas uma vez eu perguntei a ele quem para ele foi o melhor peso pesado da história do boxe mundial, sua resposta foi Max Baer. Estranhei a opinião de um profundo conhecedor do boxe mundial, perguntei por que ele considerava Max Baer o melhor pesado de todos os tempos?
Katznelson respondeu que era porque Max Baer podia definir a luta com apenas um golpe, batia muito forte com as duas mãos e dava espetáculo.
Para mim Max Baer remetia um boxeador que havia perdido por nocaute para Joe Louis, o mesmo aconteceu com seu irmão mais novo, Buddy Baer; Max Baer proporcionou uma das maiores "zebras" da história dos pesos pesados, perdeu para James J. Braddock. O quê Katznelson viu no Baer?
Assistindo o filme, "Homem Cinderela" que conta a história de James J. Braddock vi a Estrela de Davi no calção de Max Baer e soube que ele era judeu, daà o motivo que levava Abrham Katzenelson considerar Max Baer como o melhor para ele, um peso pesado judeu? Essa semana que passou, fiquei pesquisando mais sobre Max Baer, sua vida no boxe e fora dele e afirmo, com toda a segurança, e sem hipocrisia que escolheria a vida e feitos de Max Baer, à do James J. Braddock ou até mesmo do magnÃfico Joe Louis.
Quase 20 anos após sua morte (1959), Ron Firmrite do Sports Illustrated escreveu que quando criança se sentiu encantado por ele (Max Baer), captou a essência do "Esmurrador de Livermore" (assim era conhecido Max Baer) que encantava a todos.
Nascido, Maximillian Adalbert Baer em 11 de fevereiro de 1909, pai Jacob Baer de origem judeo-alemã e mãe Dora Baer que vinha de famÃlia irlandesa radicada na Escócia proporcionaram um lar afetuoso a seus cinco filhos.
Jacob e Dora tinham seus mais de 1,80 m, e ambos com cerca de 90 quilos, e seus filhos eram mais avantajados.
Max Baer desenvolveu seus músculos na fazenda da famÃlia em Twinoaks, Livermore, 72 km a leste de San Francisco. A famÃlia prosperou criando porcos e gado, onde Baer manejava machado e carregava as pesadas cargas de gado suÃnos.
Max Baer, como todo jovem americano naquela época, se interessava por lutas, mas como simples torcedor. Admirador de Jack Dempsey, tinha 10 anos quando Dempsey derrotou Jess Williard, em 1923 e quando Dempsey enfrentou LuÃs Firpo (o Touro Selvagem dos Pampas), Baer tinha 14 anos e acompanhou a luta de perto, assim como todos adolescentes norte-americanos.
"O instinto de luta despertara para nunca mais adormecer".
Em 1929 Baer participou de 16 lutas, ganhou 12 por nocaute, 3 por pontos e a última perdeu por desclassificação, cometeu uma falta. Com a mesma rapidez com que se tornou admirado pelos fãs de boxe, ficou ainda mais querido pelas mulheres, a primeira foi uma garçonete, Olive Beck, a primeira, mas não a última a leva-lo a justiça por quebra de promessa de casamento. Baer indenizou Olive Beck e continuou a não cumprir promessas a outras.
Nem mesmo o perÃodo da Depressão nos EUA impediu Baer de se divertir. Como lutador em ascensão, manteve-se praticamente imune à s dificuldades. Baer nocauteava praticamente todos os infelizes lutadores que apareciam a sua frente. Para a assinatura do contrato de sua primeira luta em Los Angeles, em abril de 1930, ele chegou numa limosine de 16 cilindros, com motorista e ajudante.
A luta, a morte e a paixão
Em 25 de agosto de 1930 Max Baer lutou contra Frankie Campbell e venceu por nocaute no 5º round, mas durante a sessão de golpes durÃssimos de Baer contra Campbell, o árbitro Toby Irwin apenas observava e não interrompeu a luta, quando Campbell foi a lona já estava inconsciente, não havia ambulância, foi chamada e demorou, 13 horas depois de ser nocauteado, Frankie Campbell morre. Baer tinha 21 anos e ficou abalado pelo resto da vida, mas depois desse acidente ficou conhecido como "O Carniceiro de Livermore". Ancil Hoffman, seu agente, decidiu que Max Baer precisava mudar de ares. Financeiramente, Baer era dono de dois terços de si mesmo e vendeu por cinco mil dólares um terço para Hoffman. Baer pegou o dinheiro e foi para Reno, Nevada, que era o paraÃso dos farristas. Uma semana depois voltou à Califórnia sem o dinheiro, que tinha gastado todo, e estava apaixonado por Dorothy Dunbar, sete anos mais velha que ele e viúva de um milionário,foi estrela de vários filmes mudos, mas era conhecida mesmo como Jane a namorada de Tarzan, papel que representava em 1926 em "Tarzan e o Leão de Ouro". Quem fez o papel de Tarzan foi James Pierce que acabou se casando na vida real com a filha do criador de Tarzan, Edgar Rice Burroughs.
Dorothy Dunbar nasceu Edith Augusta Dunbar em Cripple Creek, Colorado em 28/05/1902 e se casou sete vezes, Max Baer foi o terceiro.
Treze meses depois da quebra da Bolsa e a cidade mergulhada na Depressão, Baer se hospedava no Plaza Central Park South, levava com ele dez baús de roupas novas com trinta ternos feitos sob medida; contrastando com as ruas da cidade na qual cinquenta mil refeições eram distribuÃdas e o desemprego crescia desenfreadamente.
Em 1931 Max Baer casou-se com Dorothy Dunbar e o casamento durou seis meses, nesse perÃodo as mulheres vinham aos montes para Max Baer e no ano seguinte, 1932, Manhattan, dinheiro e mulheres, inclusive a candidata a estrela de cinema, June Knight.
Max Baer x Max Schmeling - judeu x alemão
Maximillian Adolph Otto Siefried Schmeling, o primeiro campeão mundial de pesos pesados cuja lÃngua nativa não era o inglês. Uma das ironias do boxe no século XX é o fato de Max Schmeling ter se tornado um sÃmbolo do nazismo, especialmente depois do nocaute que impôs a Joe Louis, e nunca fora nazista, pelo contrário, era antinazista e sofreu pressões para dispensar seu agente, Joe Jacobs, que era judeu.
Baer x Schmeling no estádio Yankee com um público de 60 mil pessoas (luta não valida pelo tÃtulo mundial), e Baer pela primeira vez usou na perna esquerda de seu calção a Estrela de Davi. A luta estava marcada para 15 rounds e Jack Dempsey foi um dos segundos no corner de Max Baer, e no 10º round o árbitro Arthur Donovan encerrou a luta declarando o nocaute para Max Baer.
O cinema
Depois da luta contra Schmeling, e sua bela aparência, Max Baer foi procurado por Hollywood.
"The Prizefigther and the Lady" (O Lutador e a Dama), durante dez semanas Baer trabalhou no filme onde ele era o protagonista, recebeu 30 mil dólares para fazer o filme, e a atriz que fez par com ele era uma estrela em ascensão, Myrna Loy.
Max Baer estava com 24 anos de idade, rico, boa estampa, pugilista famoso e divertido. Greta Garbo e Jean Harlow as mulheres mais desejadas do planeta, estavam entre suas conquistas.
O filme estreou e ficou entre os 10 melhores do ano, sendo que a atuação de Baer foi excelente, o crÃtico de cinema Mordaunt Hall, do New York Times escreveu: "Max Baer pode ter surpreendido muitos entusiastas do boxe ao derrotar Max Schmeling em junho passado, mas provavelmente muito mais gente se surpreenderá com sua atuação extraordinariamente competente no filme The Prizefighter and the Lady.
A contra gosto do ministro da Propaganda e Esclarecimento Público da Alemanha, Paul Joseph Goebbels o filme estreou no Teatro Capitólio em Berlim, mas a versão dublada foi proibida por Gobbels.
Quando Hoffman informou a Baer que o filme havia sido proibido na Alemanha, Baer disse: "Proibiram porque eu nocauteei Max Schmeling. Para mim não faz muita diferença, mas sem dúvida tenho pena das mulheres e das crianças da Alemanha. É uma pena que não vejam em ação o maior amante e o maior lutador do mundo".
Baer x Carnera - o tÃtulo mundial dos pesos pesados - a luta entre pesados válida pelo tÃtulo com o maior número de quedas da história.
Em 14 de junho de 1934 ocorreu a luta Baer x Carnera pelo tÃtulo mundial da categoria dos pesados no Madison Square Garden. Uma das lutas mais sensacionais entre pesados de todos os tempos, 11 quedas dos boxeadores, 3 de Baer e 8 de Carnera. Quando Carnera caiu pela 8ª vez no 11º round o árbitro Arthur Donavan finalmente interveio e encerrou a luta. Segundos depois Jack Dempsey abraçava efusivamente seu discÃpulo no meio do ringue e o locutor Joe Humphreys anunciava o novo campeão dos pesos pesados.
Max Baer campeão mundial dos pesos pesados no boxe, rico no perÃodo da Depressão nos EUA e teve as mulheres mais desejadas do planeta na sua época.
Achados & Perdidos: Relembre de Paulo Morsa em uma hilária briga com Cacá Rosset no 'Debate Bola' da Record
28/04/2025Olhos no retrovisor: Jacques Villeneuve vencendo pela primeira vez na Fórmula 1
28/04/2025Achados & Perdidos: A confusão generalizada após o jogo entre Brasil e Uruguai com 'fuga' de Rivellino
28/04/2025Saudade: Há 56 anos a tragédia que vitimou Lidu e Eduardo e originou o apelido 'porco' do Palmeiras
28/04/2025Saudade: Há dois anos morria Zé Carlos Lebeba, ex-meio-campista do Vasco e Náutico
27/04/2025