De Maria Esther a Bia Haddad: quando as maiores do tênis brasileiro precisaram pausar para recomeçar. Foto: Acervo Família Bueno

De Maria Esther a Bia Haddad: quando as maiores do tênis brasileiro precisaram pausar para recomeçar. Foto: Acervo Família Bueno

E Beatriz Haddad resolveu antecipar as férias e descansar o corpo e a mente. Pensando bem, nada mais sensato. Já não conseguia repetir seu melhor tênis e seu ranking caía para abaixo de 40. Isso lembra o que ocorreu há 64 anos com Maria Esther Bueno, quando “a bailarina das quadras” também teve de dar uma parada. Mas por um motivo bem diferente.

Número um do tênis feminino desde 1959, quando venceu Wimbledon, Maria Esther se superou em 1960, conquistando os títulos de Wimbledon e Forest Hills, atual US Open, além de vencer as chaves de duplas dos quatro torneios de Grand Slam, tornando-se a primeira do tênis também nesta categoria. Em 1961 não havia dúvida de quem era a rainha das quadras.

Maria iniciou a temporada no final de fevereiro, jogando sobre a quadra dura de Caracas, e ficou com o título ao bater a norte-americana Darlene Hard, número dois do mundo, por 7/5 e 6/1. Em seguida, sobre o piso de saibro, venceu a final de Barranquilla contra a mexicana Yola Ramirez, sétima do ranking, por 6/3 e 6/4.

Ainda em março, antes de viajar para a Europa, sobre o piso duro de San Juan, superou a britânica Ann Jones, que se tornaria campeã de Roland Garros naquele ano, por 3/6, 6/2 e 6/2. Na Itália, conquistou o título de Viena ao derrotar novamente Darlene Hard, desta vez por 8/6 e 6/3. Só então, na final de Nápoles, perdeu pela primeira vez em 1961, para a mexicana Yola Ramirez, por 6/1 e 14/12.

Logo em seguida, no saibro de Turim, Maria Esther voltou a ser campeã, batendo a australiana Lesley Turner por duplo 6/4, depois de vencer na semifinal a australiana Margareth Smith, terceira do mundo, por 6/4 e 6/3. É evidente que depois dessa campanha, na qual, repito, só perdeu uma única partida desde o início do ano, Maria Esther Bueno era a favorita para o título de Roland Garros, jogado a partir de 18 de maio.

Após um susto na primeira rodada, em que precisou de três sets para superar a sul-africana Margaret Hunt (6/4, 6/8 e 6/2), Maria passou com tranquilidade pela francesa Martha Wolf Peterdy (6/1 e 6/0) e voltou a vencer Lesley Turner (6/2 e 9/7). Porém, contra a húngara Zsuzsa Kormoczy, algo parecia estar errado.

A adversária jogava bem no saibro, tinha sido campeã de Roland Garros em 1958, mas a brasileira se mostrava lenta, sem forças, e a derrota por 6/3 e 6/3 foi considerada inexplicável. A amiga Darlene Hard disse que Maria Esther estava se sentindo mal desde o início do torneio e só vencera até ali na base da garra. Após uma consulta médica ficou constatado que Estherzinha sofria de hepatite, doença que exigia repouso absoluto e a afastaria das quadras por todo o segundo semestre.

Assim, depois de um período acamada em um hotel de Paris, Maria voltou para a casa dos pais, em São Paulo, e só retornou ao circuito dez meses depois, em março de 1962. O recomeço, como se previa, foi bem difícil, mas ela ainda retomaria o lugar de líder do tênis feminino em 1964 e 1966. Oxalá Bia Haddad sorte parecida.

Para contar em detalhes a vida e a carreira da lendária Maria Esther Bueno, só mesmo um livro com 400 páginas e 50 lindas fotos. Foi o que decidi fazer, pela Editora Verbo Livre. E agora ele pode ser seu. Para saber como garantir seu exemplar de “Maria, a vitória da arte” é só enviar e-mail para editoraverbolivre@uol.com.br A dedicatória e as despesas de correio são por minha conta. Afinal, essas histórias não podem ser esquecidas.

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