São setenta anos de Maracanã. Fui poucas vezes ao Maraca. Sempre a trabalho, na fase decisiva da Copa América de 1989, nas vitórias sobre Paraguai, Argentina e Uruguai e o título da competição, após 40 longos anos de jejum. Voltei no mesmo ano para o jogo do Brasil com o Chile, decisivo para a defimnição da última vaga sul-americana para o Mundial da Itália, em 1990. Era, na época, repórter da Gazeta Esportiva.
Este jogo entrou para a história do Maracanã. Pois teve a fraude explícita, muito mal encenada por sinal, do goleiro Roberto Rojas, que era jogador do São Paulo. Rojas aproveitou que um sinalizador foi atirado da arquibancada para entrar para o nada glamoroso mundo dos péssimos atores.
As imagens mostraram o goleiro chileno movimentando-se na direção do sinalizador.
No tumulto formado pelos jogadores e a arbitagem, Roberto Rojas leva a mão ao rosto e se corta com uma lãmina. A farsa de Rojas foi parar na Fifa. Como punição, foi banido do futebol. A pena do Chile foi ficar fora do mundial da Itália.
Ainda no Maracanã, surgiu o nome da pessoa que teria atirado o sinalizador usado em embarcações no gramado. Rosinery Mello, de 24 anos.
“Rose fogueteira” ficou famosa. Posou nua para a Palyboy. Morreu de aneurisma cerebral em 2011, aos 45 anos.
Mas muito antes de sua morte, em 1993, fui a Santiago cobrir, pelo Diário Popular, a decisão da Copa Libertadores da América entre São Paulo e Universidade Católica, em que o Tricolor conquistou o bicampeonato da competição. Decidi entrevistar Roberto Rojas. Ele me recebeu em sua casa, próxima ao estádio do Colo Colo.
Matéria de capa do Dipo.
Roberto Rojas contou detalhes sobre a noite em que foi ator canastrão no Maracanã. E fez uma revelação.
Disse que não foi a ‘Rose fogueteira’ que atirou o sinalizador marítimo ao gramado. Segundo ele, foram dois rapazes.
Perguntei a razão de a culpa ter recaído sobre a Rosinery. Ele respondeu: “A polícia fez isto para a história ficar melhor, mais in teressante, mais bonita, mais charmosa”.
Rojas relatou que os dois rapazes que teriam atirado o sinalizador marítimo foram levados ao vestiário do Maracanã.
“Eu vi os dois rapazes. Não foi a tal Rose que atirou. Tenho certeza”, garantiu.
A história de Roberto Rojas isentando Rosinery de culpa foi destaque do Diário Popular.