Rinaldo José Martorelli, ex-goleiro do Palmeiras e presidente do Sapesp. Foto: Marcos Júnior Micheletti/Portal TT

Rinaldo José Martorelli, ex-goleiro do Palmeiras e presidente do Sapesp. Foto: Marcos Júnior Micheletti/Portal TT

Rinaldo José Martorelli, ex-goleiro do Palmeiras, vive fase conturbada na presidência do Sindicato de Atletas Profissionais do Estado de São Paulo (Sapesp). De acordo com o site globoesporte.com, em matéria assinada pelos jornalistas Leonardo Lourenço, Martín Fernandes e Rodrigo Capelo, um grupo de 263 jogadores entrarou na Justiça pedindo o afastamento imediato de Martorelli do Sapesp. Os atletas pedem que o Ministério Público do Trabalho apure as denúncias reveladas pelo próprio ge, que envolvem supersalário do ex-goleiro, bônus milionário e cargo para seu filho. 

Ainda de acordo com o ge, a petição original conta com a assinatura de jogadores de 13 clubes diferentes, incluindo Corinthians, Guarani, Palmeiras, Ponte Preta, Red Bull Bragantino, Santos e São Paulo. Os advogados Filipe Rino e Thiago Rino representam os atletas. 

Além do afastamento do ex-goleiro do cargo, os atletas pedem a saída de toda a diretoria do sindicato, investigação por parte do Ministério Público do Trabalho e o bloqueio das contas da entidade. 

DENÚNCIAS

As denúncias feitas pelo globoesporte.com em abril deste ano envolvem o aumento sistemático do salário de Martorelli na presidência do Sapesp, a elaboração de um bônus milionário e retroativo, a retenção de valores que poderiam ser repassados para os atletas, a contratação de seu próprio filho e a transformação do sindicado em uma empresa de agenciamento de jogadores. 

ABAIXO, CONFIRA A RESPOSTA DE MARTORELLI AO GLOBOESPORTE.COM

Evidente que todo esse questionamento tem raiz em uma disputa política em nível nacional em que, infelizmente, esse tipo de notícias chega até os senhores apenas com o intuito de colocar um lado da história, mas ainda bem que vocês estão me dando a oportunidade de poder colocar claramente tudo que é feito aqui no Sindicato de São Paulo. Aqui vale uma pergunta, o que essa pessoa, essa fonte, fez pela categoria? A resposta é nada. “Pode se enganar alguns por um certo tempo, mas não todos por todo o tempo”, já dizia o filósofo.

Quanto ao bônus ela é prática de todo o setor corporativo quando os resultados financeiros são satisfatórios e no meu caso, como o trabalho é vencedor e extremamente superavitário, vem ajustar minimamente uma parte do período de dedicação a representação da categoria em que, além de não ter nenhum retorno financeiro, ainda utilizava dos meus recursos para que o Sindicato paulista pudesse se manter ativo. Essa é uma ação que acontece, inclusive, com os executivos da empresa que o senhor presta serviços. Quando os resultados são positivos, os executivos recebem a bonificação.

A título de esclarecimento com os investimentos que temos hoje e que foi fruto do meu trabalho, caso haja uma escassez total de entrada de recursos, conseguiremos manter as atividades da forma como estamos fazendo por mais dez anos. Sendo que essas atividades consistem em: equipe rodando todo o interior do Estado visitando os atletas nos clubes; emitindo os Certificados de Monitor Esportivo – certificamos mais de dois mil atletas - que permite aos atletas a continuarem trabalhando, isso foi fruto de uma disputa de mais de dez anos com o CREF; de continuar com o nosso curso Educatleta – Orgulho de ser Atleta – certificamos mais de mil e duzentos atletas, que possibilita que o atleta adquira conhecimento para uma vida com autonomia; que continuemos a dar palestra para os atletas a respeito da prevenção do assédio e abuso sexual; que permita que continuemos a dar palestra para os atletas quanto a prevenção do assédio quanto a manipulação de resultados; que continuemos a organizar cursos de capacitação para os atletas que adquirem o Certificado de Monitor Esportivo; que continuemos a possibilitar que os atletas possam se preparar para voltar ao mercado de trabalho através do Expressão Paulista, projeto que já deu oportunidade de volta ao trabalho para mais de setecentos atletas ao longo dos anos; que continuemos a trabalhar em Brasília na defesa da categoria, como por exemplo as 22 emendas conseguidas na MP 984; ou quanto ao clube empresa da Câmara dos Deputados quando trouxemos o relator, Deputado Pedro Paulo para uma mesa redonda e discutir os temas pertinentes de defesa da categoria; ou agora quando nos reuniremos com o Senador Carlos Portinho, relator do clube empresa, esse do Senado; ou quando assistimos a categoria com o nosso auxilio social mensalmente; ainda quando disponibilizamos mais de cento e oitenta mil reais na ação que culminou no auxilio emergencial que atendeu quatrocentos e vinte atletas que não conseguiram o benefício do governo; ou quando articulamos com o Podemos e ajuizamos duas ADI`s que questionam supressão de direitos da categoria; ainda quando ajuizamos ações para resgatar a possibilidade de o atleta maior de 23 anos disputar a competição na segunda divisão paulista; também quando ajuizamos ações para que a FPF e CBF cumprissem com o artigo do Profut e exigisse comprovantes de pagamentos de salários dos clubes; também quando trabalhamos e aprovamos o dissídio coletivo que traz mais segurança na relação para o atleta; ou quando trabalhamos e conseguimos a parada para a hidratação nos jogos, como aconteceu recentemente na final da Super Copa entre Palmeiras e Flamengo, até nos jogos da Copa do Mundo de 2014; até quando ajuizamos a ação que garantiu as férias de 30 dias para os jogadores; ou quando, através do Deputado Arlindo Chinaglia propusemos o primeiro projeto para acabar com a escravidão do jogador que era o passe; também quando trouxemos o Bosman para o Brasil para fundamentar a necessidade do fim do passe; quando tratamos e conseguimos colocar no regulamento das competições uma penalização para o clube inadimplente quanto aos salários dos jogadores; ou quando negociamos com a CBF e conseguimos dar andamento para a CNRD e o Sistema de Licenciamento de clubes; também quando negociamos e deixamos encaminhado o sistema do Fair Play financeiro; ou quando amparamos os atletas e os encaminhamos para cirurgias e reabilitações; quando defendemos os atletas em todos os tribunais do país, desportivos ou não; quando amparamos os atletas com um trabalho psicológico; ou até quando esse amparo é feito por nossa Assistente Social; ou, até mesmo na pandemia continuamos a atender a categoria que em média ultrapassa os mil atendimentos de todas as espécies; ou quando os amparamos com bolsas de estudo; que levamos conhecimento específico ao elaborar e distribuir gratuitamente uma cartilha tributária para categoria; que na pandemia elaboramos uma cartilha de prevenções e distribuímos para os atletas; que estamos fazendo uma pesquisa para entender os efeitos da concussão no futebol; que montamos uma agência de colocação para tender, não só os atletas do Expressão Paulista, mas todos aqueles que não tem representante oficial; que organizamos anualmente um draft para que os atletas fossem apresentados para representes de vários clubes estrangeiros para poderem buscar melhor condição de trabalho; em que ajuizamos ação contra a CBF para mudar o protocolo da Covid, etc.

 

E não para por aí. Querendo saber mais é só buscar o endereço https://sindicatodeatletas.com.br/conquistas. Ressaltando que para tudo isso os recursos são os que arrecadamos nessa caminhada e não exigimos nada dos atletas. Atleta nenhum que nos procura fica sem atendimento. Como você mesmo disse e como o Sindicato não é empresa pública, esses assuntos são discutidos em assembleias e em outras reuniões com a própria categoria que sempre se mostrou satisfeita com a condução que damos ao trabalho.

– Quanto é o salário atual do presidente do sindicato?

Muito antes de qualquer salário o que sempre me motivou foi o propósito de fazer o que eu faço com muito prazer e alegria. Antes de qualquer salário importante ressaltar que não foi esse o motivo que me levou ao sindicato porque ele passou a existir de doze anos para cá, nos vinte e oito anos que levo a frente da instituição, portanto, se esse fosse o motivo não iria para as reeleições. Quando assumi o sindicato havia três meses de atraso do aluguel, as máquinas de escrever eram alugadas, a estrutura era mínima, quatro funcionários que trabalhavam meio período, porque não se podia pagar. Ainda assim, trabalhei muito para acabar com o passe e conseguimos ajuizar ação do direito de arena, além de outras intervenções que levaram o presidente da federação da época a proibir os clubes de me contratarem, ainda como atleta. Ou seja, além de não ter nenhum recurso para trabalhar para o sindicato, ainda perdi meu sustento principal da época. Porém, nada disso fez com que eu desistisse. Naquele período conversei com muitos atletas para virem trabalhar para me ajudar, mas ninguém queria. Alguns deram até permissão para pôr os nomes deles na chapa de eleição, mas jamais apareciam na sede. Assim, dá para entender que o trabalho durante vários anos era feito por mim e esses funcionários. Somente depois de algum tempo consegui que mais gente chegasse. Assim, mesmo com as dificuldades o trabalho fluiu, tanto que hoje temos a representação e o respeito de todos. Fluiu tanto que hoje temos uma estrutura física e adequada com sede própria inteiramente reformada e adaptada para o atendimento aos atletas; terreno para construção de uma colônia de férias com quase duzentos mil metros; outro imóvel que até antes da pandemia serviria para aumentar o espaço físico; automóvel a disposição da diretoria; locação de espaço para o desenvolvimento do trabalho do Expressão Paulista; terreno para construção do nosso Centro de Treinamento.

 

De novo há que salientar que questões financeiras são tratadas em ambientes próprios para tanto, mas há que se ressalvar que tudo o que fazemos tem a aprovação da assembleia, além do Conselho Fiscal e auditoria independente há muito tempo. Entendo a sua pergunta a respeito do meu salário, porém cumpro com todas as minhas obrigações e reitero aquilo que percebo foi aprovado em assembleia, tenho obrigações com a minha categoria e as cumpro religiosamente. Mais, há que de salientar que o sindicato não recebe nenhuma verba pública, portanto, não há motivo para que eu mostre meu salário. Outra coisa muito importante, já fomos auditados pela Receita Federal que não nos deixou uma mínima restrição.

– Em 2020, uma assembleia geral aprovou a constituição de uma “agência de colocação”, o que permite ao sindicato “atuar como agente, intermediário” e arrecadar com isso. Desde então, o Sindicato intermediou alguma transferência de atletas? Houve alguma arrecadação com essas transações?

Infelizmente ainda não. Esse é um trabalho projetado tanto para dar chance para os atletas que não têm representantes quanto para buscar recursos financeiros para o sindicato. E um dos motivos pelo qual ainda não se iniciou esse trabalho foi porque a CBF não nos deu, por pura retaliação, a certificação para que pudéssemos ter a garantia quanto aos recebimentos. Retaliação essa, fruto de um posicionamento firme em defesa da categoria, coisa que a Fenapaf do presidente destituído, jamais fez. Mas, posso garantir que isso logo será resolvido e iniciaremos esse trabalho tão importante para a categoria.

– O fato de o senhor ser sócio de uma empresa de agenciamento de jogadores (RGM Sports) não pode configurar algum conflito de interesses?

Interessante, a sua fonte vasculhou tanto minha vida e não viu que essa empresa jamais teve atividade, que não há nenhuma conta corrente no CNPJ dela. Mas, agradeço a lembrança, tenho mesmo que encerrá-la.

– Qual é o número de atletas que o sindicato representa hoje?

Temos em torno de nove mil associados. Mantemos como associado todo aquele que passou por São Paulo e mesmo não atuando mais por clubes do Estado não pediu a extinção de sua condição.

– A assembleia-geral de março de 2020, por exemplo, que aprovou o pagamento de um bônus financeiro para a presidência, teve 78 assinaturas válidas, segundo a ata. A assembleia geral que aprovou a criação de uma verba mensal para o presidente da entidade teve 56 assinaturas, todas de jogadores que na época disputavam a quinta divisão. O sr. considera satisfatória a presença de representados pelo sindicato nas assembleias-gerais?

Primeiro sua informação já está equivocada, não existe quinta divisão no futebol paulista [nota dos repórteres: segundo a Federação Paulista de Futebol, Rio Claro e Catanduvense disputaram a Série B2 no ano 2000]. Para nós TODOS são associados e TODOS são importantes, não há distinção. E aqui fica meu repúdio de como a sua fonte trata nossos atletas, com extrema distinção e discriminação, o modo como essa pergunta foi formulada por quem não é afeito a vida sindical. Primeiro, porque em nenhuma assembleia, seja qual for, nem a de condomínio de prédio com um número razoável de apartamentos, todos marcam presença. Depois, duas outras coisas. Se o senhor está querendo distorcer para justificar que fazemos as assembleias as escondidas, percebe-se que não se atentou em pesquisar em nossas mídias sociais e site. Todas as nossas assembleias, além de duas publicações em jornais, também vão para essas plataformas, ainda, os capitães dos clubes próximos são avisados via WhatsApp. Se pesquisar vai ver várias fotos desses encontros. Evidente que queríamos muito mais participações, mas delas participam os que têm interesse. Outra coisa, se pesquisasse em qualquer estatuto de qualquer outra instituição saberia que, como o nosso, a assembleia está autorizada com qualquer número de presentes em segunda convocação. É regra, não exceção. Para finalizar essa resposta. Essa mesma questão já foi formulada por orientação de vossa fonte em 2017, não lembra? Convidamos e tentamos trazer os jogadores que possam vir as Assembleias como forma determos pessoas que possam debater e aprovar ou não o que é importante para a categoria.

– Por que o Sapesp retém o direito de arena dos jogadores, inclusive com R$ 38 milhões reconhecidos em balanço como dívidas, em vez de simplesmente repassar o dinheiro?

Outro grande erro de sua fonte, não há retenção de direito de arena, muito pelo contrário, assim que chega o aviso de deposito para nós, os capitães das equipes são imediatamente avisados e acompanham tudo. O senhor deveria ter consultado um contador, assim sua informação seria precisa. A partir daqui o texto é do nosso contador.

O Balanço Patrimonial da Entidade em questão obedece às Normas Brasileiras de Contabilidade, sendo assim, as contas de Receitas de contribuições são baseadas em estatuto, ou em documento equivalente, bem como as despesas, que são registradas em obediência aos Princípios Fundamentais de Contabilidade, sempre considerado o tempo decorrido e a periodicidade mensal. Baseando-se nestes princípios, esclarecemos o questionamento feito em relação à Entidade em demonstrar em seu fechamento de Balanço Patrimonial do Exercício de 2019, o Passivo no valor de R$ 27.772.865,50. O valor é decorrente de obrigações referentes ao Exercício de 2019 a serem pagas no exercício seguinte. Para maior compreensão, tomamos como exemplo: Entidade possui folha de pagamento, competência 12/2019, a obrigatoriedade deste pagamento aos seus funcionários será até o 5º dia útil do mês seguinte, ou seja, em janeiro/2020. O mesmo ocorre com o valor do passivo apresentado no Balanço Patrimonial: Obrigações a serem pagas no exercício seguinte.

– A contratação de seu filho, Guilherme Martorelli, como advogado do Sindicato, pode ser classificada como nepotismo? Há outros familiares de outros dirigentes empregados no sindicato?

Nepotismo se ele recebesse e não trabalhasse. Vamos lá, ele iniciou há bastante tempo o trabalho, em 2005, mas sempre respeitando os critérios de mérito e antiguidade. Começou como estagiário, depois da obtenção da carteira da Ordem dos Advogados iniciou o trabalho como advogado e agora é nosso coordenador jurídico, sempre recebendo salário de mercado. Ele administra 337 processos de atletas pelo sindicato e somente em um deles recuperou para o sindicato, numa troca com a Fenapaf de ação de exigir contas, quatro milhões e trezentos e cinquenta mil reais, valor ainda a ser corrigido porque ainda não foi recebido. É graduado em direito, pós-graduado em direito do trabalho, pós-graduado em processo do trabalho, pós-graduado em direito civil, pós-graduado em processo civil e mestre em direito desportivo internacional. Será que está qualificado para o trabalho? Temos outro caso sim, que é um sobrinho da nossa coordenadora administrativa. Ele faz mais de trezentos atendimentos por mês e tem duas graduações e recebe salário de mercado.

– O sindicato entende que é legal a cobrança de uma taxa de administração dos valores recebido de direito de arena?

Essa pergunta também é requentada. É legalíssima a existência da taxa de administração. Essa questão fez parte do próprio acordo no processo que garantiu o direito de arena ao atleta, sendo que sua ratificação e aprovação se deu, pela primeira vez, na assembleia que deliberou positivamente sobre a possibilidade do acordo estabelecido na ação judicial ordinária de cobrança, ocorrida em 18 de agosto de 2000 e reiterada em outras assembleias no decorrer desse período de repasses. Quanto ao montante e para a certeza de que a medida foi feita com muita cautela e zelo pelos valores que se entregam aos atletas recorre-se ao posicionamento de nossos tribunais em caso análogos:

TJ-MG - Apelação Cível: AC 10701100350449001 MG
Data da publicação: 04/03/2013 Ementa: Constitucional e Cível - Ação Coletiva - Taxa de Administração de Consórcio - Fixação de Percentual Máximo - Decreto nº 70.951 /72 - Inaplicabilidade - Competência para Regulamentar a Matéria - BACEN - Circular nº 5.766 /97 - Precedentes do STJ - Sentença Mantida. I - Segundo jurisprudência dominante do STJ, as administradoras de consórcio possuem total liberdade para fixar a respectiva taxa de administração, não sendo considerada ilegal ou abusiva, portanto, as taxas fixadas em percentual superior a 10%, conforme ocorre no presente caso; II - Recurso conhecido e desprovido

TJ-SE - APELAÇAO CÍVEL: AC 2010214642 SE
Data da publicação: 17/12/2010 Ementa: os serviços prestados, ao longo do funcionamento do grupo consorciado, a taxa de adesão cobre custos diversos da empresa, especialmente com propaganda, captação dos clientes, formação do grupo e contratação ou cobrança. - O STJ pacificou o entendimento de que as administradoras de consórcio são livres para estipular a respectiva taxa de administração, não havendo qualquer abusividade ou ilegalidade na fixação de taxa superior a 10%. - Não cabe o decote do valor do seguro da quantia a ser restituída se ausente a sua contratação. - Conforme entendimento do STJ, a liquidação extrajudicial da empresa não interrompe a contagem de juros moratórios. - A sociedade em liquidação extrajudicial responde por juros de mora, se o ativo comportar. - Tratando-se de sentença condenatória, cabe o arbitramento dos honorários advocatícios em percentual sobre o valor da condenação, nos termos do art. 20, § 3º, do CPC, não comportando majoração o valor já fixado no percentual máximo. - Preliminar rejeitada. 1º Recurso provido em parte. 2º Recurso não provido. Percebe-se, então, que o Sindicato de Atletas SP prestigiou a condição de seus representados quando estipulou o percentual mínimo para retribuir o trabalho e para continuar oferecendo toda excelência na defesa do direito.

– Um acordo feito em 2000 diminuiu a porcentagem dos direitos de arena e foi contestado na Justiça do Trabalhos nos anos seguintes até a lei Pelé fixar a nova porcentagem em 5%. Essa mudança foi boa para a categoria?

Aí, de novo, há uma distorção na informação da sua fonte, mas agradeço a oportunidade de falar sobre uma grande conquista que obtivemos para a categoria. Nossa luta é o que dignifica nosso trabalho e toda a obra do Sindicato de Atletas SP. Interessante e necessária a ressalva quanto à questão legal e a concretização do direito. O direito de arena foi introduzido em nosso contexto no ano de 1973 através da Lei 5.988 de 14 de dezembro de 1973, a Lei de Direitos Autorais, com o seguinte texto:

CAPÍTULO IV. Do direito de arena (...)
Art. 100. A entidade a que esteja vinculado o atleta, pertence o direito de autorizar, ou proibir, a fixação, transmissão ou retransmissão, por quaisquer meios ou processos de espetáculo desportivo público, com entrada paga. Parágrafo único. Salvo convenção em contrário, vinte por cento do preço da autorização serão distribuídos, em partes iguais, aos atletas participantes do espetáculo. Art. 101. O disposto no artigo anterior não se aplica à fixação de partes do espetáculo, cuja duração, no conjunto, não exceda a três minutos para fins exclusivamente informativos, na imprensa, cinema ou televisão. Depois o mesmo direito foi recepcionado na Lei 8.672 de 06 de julho de 1993:

(...) Art. 24. Às entidades de prática desportiva pertence o direito de autorizar a fixação, transmissão ou retransmissão de imagem de espetáculo desportivo de que participem. § 1º Salvo convenção em contrário, vinte por cento do preço da autorização serão distribuídos, em partes iguais, aos atletas participantes do espetáculo. § 2º O disposto neste artigo não se aplica a flagrantes do espetáculo desportivo para fins exclusivamente jornalísticos ou educativos, cuja duração, no conjunto, não exceda de três minutos.

 

Assim, o direito existia desde 1973 – com a evolução legislativa, agora ele tem sua previsão na Lei 9.615 de 1998 - porém e somente com o trabalho do Sindicato de Atletas de SP quando buscou o Judiciário para o reparo de grave desrespeito foi que o direito se concretizou, a previsão legal passou a ter eficácia. O trabalho do Sindicato de Atletas SP “fez a lei pegar” senão até hoje não haveria recebimentos por parte dos atletas. Então, depois de 28 (vinte e oito) anos de total desrespeito, foi somente a partir do trabalho corajoso e de excelência desempenhado pelo Sindicato de Atletas SP foi que os atletas passaram a receber, o que lhe era devido - o ano de início foi o de 2001. Quanto a informação a respeito da diminuição, podemos afirmar que JAMAIS houve diminuição do percentual, tanto que os atletas que recorreram à justiça continuam recebendo até hoje. O acordo se referia ao um adiantamento do percentual da ocasião, sendo que o atleta poderia buscar, como o fez, a diferença com o clube ou na justiça. Por gentileza, perguntem aos atletas se essa condição, esse alerta, vinha estampado nos recibos emitidos pelo sindicato que os atletas assinavam e ficavam com uma cópia. Também há de se salientar que, quando foi introduzido o percentual de 5% na legislação ironicamente, era época que se dizia sindicalista e voltado para os trabalhadores, mas que no nosso caso, pela paixão do mandatário principal e seus assessores principais pelo futebol, a coisa era inversamente proporcional, a condução era toda patronal. Assim – o projeto de redução legal foi do próprio governo “trabalhista”, nós lutamos muito e conseguimos manter o percentual que estava no acordo porque a intenção deles era o da extinção do direito, desta forma, pode-se afirmar e com orgulho, que a manutenção do percentual atual foi uma grande vitória.

 

– O senhor pretende concorrer na próxima eleição do Sapesp?

Ainda não sei, o que sei é que me preparo cada vez mais para exercer a minha função e tenho muito orgulho do que fiz e venho fazendo no sindicato. Acho que minha experiencia como atleta profissional, advogado, provisionado do CREF/SP, professor de esportes do colégio Tijucussu Pueri Domus, pós-graduado em direito desportivo, pós graduado em gestão estratégica de esportes, pós-graduado em psicanálise, outro curso de psicanálise clínica, outro correspondente ao um MBA em gestão empresarial, mestre em direitos fundamentais, professor de várias pós-graduações em direito desportivo, vice-presidente do sindicato mundial, presidente do braço americano do sindicato mundial, membro das comissões CRD e do Estatuto do Jogador da Fifa, vice-presidente da comissão de direito desportivo da OAB/SP, presidente da federação nacional de atletas acho até que podem me credenciar a essa continuidade.

– Segundo números dos balanços do próprio sindicato, o custo com "assessorias" aumentou de 511 mil em 2016 para R$ 1,9 milhão em 2018, e depois para R$ 2,4 milhões em 2020. Por que?

– Por que as verbas de representação aumentaram de R$ 1,2 milhão em 2016 para mais de R$ 1,6 milhão em 2018 e 2020?

– Por que o custo com "pessoal" aumentou de R$ 1,3 milhão em 2016 para R$ 1,7 milhão em 2018, e depois para R$ 2,2 milhões em 2020?

Essas últimas três perguntas têm a mesma reposta das primeiras. Tudo o que se refere a questão financeira, todas as contas foram auditadas e aprovadas em assembleia, mas, há também que se destacar outras coisas que são até de fácil identificação, caso haja um pouco de discernimento e boa vontade. Primeira, com o volume de trabalho apresentado não é difícil chegar à conclusão de que os custos tendem sempre a aumentar. Outra, não vivemos em um país onde o custo das coisas se mantém estável. Portanto, não seria necessário querer buscar motivos para justificar tais aumentos. Ainda, há de se considerar que no ano de 2020 especificamente, nós tivemos que acrescentar ao custo do sindicato os recursos que foram empregados em auxílios aos atletas, porque como todos sabem, muitos clubes, pelas dificuldades da pandemia, não conseguiram honrar com os pagamentos dos salários e nós entramos com esse suporte para estes jogadores, como consta na contabilidade e já aprovado em assembleia. De uma forma ou outra, agradeço a preocupação com as finanças do sindicato, porém, afirme com toda a convicção para a sua fonte que pode ficar tranquilo porque nosso planejamento inclui ações de busca de receitas para muito mais tempo, um tempo que, com certeza, não estarei nem aqui para contemplar. Assim, e esperando que cumpra com o compromisso de publicar na íntegra e dando o mesmo destaque a esse questionamento o igualando a qualquer outra posição, pelo respeito que tenho a minha vida dentro dos campos e, principalmente a categoria que represento, me coloco a disposição.

 

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