O chamado fair play, que traduzido significa "jogo limpo", é um dos elementos mais louváveis no futebol.
Há inúmeros exemplos, e uma breve vasculhada no YouTube elenca uma série deles.
Bolas chutadas para a lateral para que um adversário contundido receba atendimento médico são cenas comuns, e a não "obediência" a esta espécie de código de ética que permeia os jogos de futebol, costuma provocar a ira dos adversários.
Uma das cenas mais emblemáticas, ocorrida em nossos gramados, aconteceu em 2017 durante clássico entre São Paulo e Corinthians, quando Rodrigo Caio, então no São Paulo, assumiu a culpa em lance disputado com o atacante Jô.
Na interpretação do árbitro, fora o corintiano quem tocou no goleiro Renan Ribeiro, que se jogou encenando com o claro intuito de ludibriar Luiz Flávio de Oliveira, que aplicou cartão amarelo a Jô.
Sereno, Rodrigo Caio assumiu para si o toque em seu próprio goleiro, o que fez com que o árbitro mudasse de opinião e anulasse o cartão que havia aplicado ao atacante alvinegro.
A atitude mereceu aplausos, mas também críticas, sobretudo daqueles que aceitam o "vale-tudo", que consideram a malandragem válida.
Malandragem nunca é válida.
Seja em um campo de futebol ou no troco a mais que se recebe da moça do caixa no supermercado sem avisá-la do erro.
Por isso, embora "dentro da regra", considero rasa a atitude do zagueiro Miranda, do mesmo São Paulo de Rodrigo Caio que fez história há quatro anos.
Miranda se posicionou no meio-círculo da grande área, intencionamente atrapalhando o posicionamento desejado por Nenê, do Fluminense, no momento em que este se preparava para acobrança de pênalti, em jogo realizado no último sábado, no Morumbi.
Como mencionei, embora "dentro da regra", faltou jogo limpo a Miranda, o tal fair play.
Não creio que a atitude matreira do zagueiro tricolor teria sido elogiada se tivesse sido tomada no futebol europeu, onde ele atuou com sucesso, na França, Espanha e Itália.
Talvez ele nem tivesse se arriscado a fazer isso no Velho Continente.
No final das contas, Nenê, visivelmente irritado, acabou desperdiçando o pênalti e o jogo terminou 0 a 0.
Vitória da malandragem, uma pena...
Rodrigo Caio, por sua vez, lá em 2017, deu belíssimo exemplo.
Terá este vídeo (abaixo) bacana para mostrar aos seus filhos e netos.
Porque a honestidade é perene; a malandragem, ainda que dentro da regra, é efêmera.
ABAIXO, COM LOCUÇÃO DE ALEX ESCOBAR, DA GLOBO, O ÓTIMO EXEMPLO DE RODRIGO CAIO EM 2017, PELO SÃO PAULO
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