Italiano Marco Osio (à esquerda) com o argentino Alejandro Mancuso em treino na década de 90. Foto: Folha Imagem

Italiano Marco Osio (à esquerda) com o argentino Alejandro Mancuso em treino na década de 90. Foto: Folha Imagem

Rivaldo, Djalminha, Müller, Luizão, Elivélton e Marco Osio. Sim, Osio. Na conquista do título do Paulistão de 1996, quando o Palmeiras tinha o ataque dos sonhos que marcou 102 gols naquele Estadual, o time alviverde contava no galáctico elenco com um meia-atacante italiano pouco conhecido no Brasil. Depois de a Parmalat prometer trazer nomes internacionais, coube ao ex-jogador do Parma representar o futebol da Itália no território nacional.

Em conversa exclusiva com o UOL Esporte, Marco Osio, 53, recordou o famoso ataque de mais de 100 gols em um único torneio, a amizade com o ex-lateral Cafu, a dificuldade para se adaptar ao futebol brasileiro e apontou o Palmeiras como favorito para conquistar a Copa Libertadores deste ano. Além disso, declarou que Zico foi o melhor estrangeiro a atuar no "calcio italiano" e também fez elogios ao atacante palmeirense Dudu.

 

Quando assumiu a gestão do futebol palmeirense no início da década de 1990, a Parmalat prometeu trazer um craque italiano para atuar no clube e, assim, dar ainda mais visibilidade ao time do então Palestra Itália. Entre os nomes cogitados estavam Apolloni, Benarrivo e Dino Baggio. Mas quem desembarcou em São Paulo foi Osio, em 1995. Na época, a Parmalat também comandava o Parma, que detinha os direitos do jogador.

"Fiquei um pouco surpreso [ter recebido oferta para jogar no Brasil]. Mas me deu uma experiência muito grande porque o Brasil é o país do futebol, e não é a Inglaterra. A nação do futebol é o Brasil", disse Osio, mencionando que os britânicos são apontados como os criadores do futebol.

Apesar da experiência de ter disputado uma das principais ligas do futebol europeu, Marco Osio teve dificuldades para se adaptar ao estilo de jogo no Brasil e que só conseguiu êxito devido ao treinador Vanderlei Luxemburgo.

"Cheguei no segundo semestre de 95 e tive um pouco de dificuldades com o treinador Carlos Alberto Silva [falecido em janeiro de 2017]. Era difícil trabalhar com ele, mas depois com o Vanderlei Luxemburgo as coisas melhoraram muito. O Vanderlei falava muito comigo e me incentivava. Era um grupo muito fácil de jogar. Naquele período tinha o Cafu, Rivaldo, Djalminha e o Müller, que também me ajudou muitíssimo porque ele jogou no Torino e eu torcia para o clube."

A passagem pelo Palmeiras, no entanto, foi breve. Ele atuou com a camisa palmeirense em apenas 23 partidas e marcou apenas um gol.

"Não continuei no Palmeiras por causa do Eduardo [filho de 22 anos que nasceu na Itália enquanto jogava em São Paulo]. A minha ex-esposa era filha única e era o nosso primeiro filho. Eu tive que voltar para a Itália. Eu queria que ele nascesse no Brasil, mas não teve jeito e tive que voltar", recordou.

Torcida pelo Palmeiras

Marcello Zambrana/AGIF

Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Residindo atualmente na cidade de Parma, na Itália, o ex-jogador trabalha como treinador no Felino, que disputa a Eccellenza (equivalente a Quinta Divisão do Italiano). Apesar da distância, ele não deixou de acompanhar o Palmeiras e demonstrou estar informado do dia a dia alviverde.

"Eu acompanho muito o ´Parmera´. O Palmeiras está fazendo uma boa campanha, assim como nos anos anteriores. No ano passado, chegou em primeiro [do Brasileirão]", disse Osio, que ainda fez elogios ao atacante Dudu.

"Eu gosto muito do Dudu. É um jogador muito rápido, tem o drible muito interessante. Já o Deyverson é um centroavante de bom porte físico e um bom jogador. O Felipe Melo é líder. Na Itália, falamos que este tipo de jogador ama a squadra [joga por amor ao clube]. O Felipe tem uma personalidade muito forte."

Para o ex-meia-atacante italiano, o Palmeiras tem tudo para conquistar o seu segundo título da Libertadores da América nesta temporada. "A Libertadores é muito dura. Se tratando de equipes da Argentina e do Uruguai, não será fácil. Mas hoje o Palmeiras tem uma equipe muito interessante, muito forte. Eu acredito no Palmeiras", acrescentou.

E paixão pelo Palmeiras foi repassada ao filho Eduardo, de 22 anos. O primogênito costumar usar as camisas que eram do ex-atleta para praticar esportes com os colegas. "Tenho as malhas [camisetas] branca e verde. Meu filho usa a malha do Palmeiras quando ele vai jogar tênis e futebol com os amigos".

Amizade com Cafu

Antonio Gaudério/Folha Imagem

Imagem: Antonio Gaudério/Folha Imagem

Durante o período que defendeu o Palmeiras, Marco Osio fortaleceu a sua amizade com Cafu. Tanto que, em junho de 2016, lançou a biografia intitulada "Marco Osio, il sindaco" (Marco Osio, o síndico) e dedicou um dos capítulos para falar do time de 1996, que marcou 102 gols na conquista daquele Paulistão - média de 3,4 gols por partida - e dos ex-companheiros no Alviverde.

"Eu reencontrei o Cafu há uns cinco anos, em Milão. Ele era o melhor jogador daquele time [de 1996]. Era um jogador completo, que corria mais, treinava mais, líder do grupo. Ele é um ragazzo [rapaz] especial. Tinha o Rivaldo também, que era outro craque. Mas seguramente eu escolho o Cafu como o melhor jogador daquele time. Ele é o melhor jogador que eu joguei junto", elogiou.

"Fiquei muito feliz por ele em 2002, quando ele conseguiu o título da Copa do Mundo [pela seleção brasileira] com muito mérito. Ele mereceu ser o líder [capitão]", acrescentou.

Elogios a Zico
Apesar do apreço ao amigo Cafu, Marco Osio apontou outro jogador brasileiro como o melhor estrangeiro a atuar na Itália. O ex-meia fez elogios a Ronaldo Fenômeno, mas Zico, para ele, foi quem brilhou nos gramados italianos. O ex-flamenguista defendeu por cinco temporadas a Udinese, na década de 1980.

"O Zico foi um fenômeno. Tem o Pelé e o Maradona, mas Zico é Zico. Depois vem o Ronaldo Fenômeno [jogou na Inter de Milão e Milan], mas o fenômeno é o Zico. Primeiro vem o Zico e depois o Ronaldo. Zico é muito forte."

Últimas do seu time