Cristiane, atacante do Santos, se tornou um dos grandes símbolos da luta contra a homofobia no país. Foto: Instagram/Reprodução

Cristiane, atacante do Santos, se tornou um dos grandes símbolos da luta contra a homofobia no país. Foto: Instagram/Reprodução

Quando entram em campo vestindo as camisas de seus clubes ou seleções, jogadores da elite do futebol, seja nacional ou mundial, carregam mais do que suas próprias histórias, ou de suas equipes. Atletas cada vez mais relevantes e influentes na sociedade levam consigo muito simbolismo. Por isso, quando bandeiras importantes são levantadas, como a luta contra a homofobia, se ganha tanto destaque.

O dia 17 de maio marca o Dia Internacional Contra A Homofobia e, cada vez mais, o futebol se torna um espaço de discussão de pautas ligadas a essa causa.

Cada vez mais ligados no que acontece ao seu redor e engajados com assuntos que tomam o debate público, jogadores e clubes se manifestam em prol dos direitos LGBT. Em um ambiente ainda muito preconceituoso, o futebol vê o exemplo do atacante Richarlison, do Everton-ING e da Seleção Brasileira, uma figura combativa e disposta a falar em nome das minorias.

O jovem atacante revelado pelo América-MG e que ganhou projeção internacional com a camisa do Fluminense já se manifestou contra a homofobia e chegou a declarar que o futebol pode ser receptivo com algum atleta que se revelar homossexual.

“Não podemos ser uma bolha em relação ao mundo. Acho que não haveria problema aqui [no Everton] ou em nenhum lugar [se um jogador se assumisse homossexual]. Todos precisam ser tratados com respeito e igualdade. Eu li uma carta enviada à imprensa por um jogador gay da Premier League dizendo que a situação dele afeta sua saúde mental e que ele tem medo de dizer aos companheiros, por medo de que fique pior. Não deveria ser assim”, manifestou Richarlison ao site do Everton em 2020.

No futebol feminino essa bandeira é levantada com maior ênfase. No Brasil, duas das maiores jogadores da história da seleção não escondem sua sexualidade e falam em prol da casa: a rainha Marta, e a atacante Cristiane não escondem suas relações, e se tornam cada vez mais símbolos da luta contra o preconceito.

“Jogo esperança nas meninas ou nas atletas de que é possível, a Cris está realizando todos os sonhos que talvez elas acharam que não poderiam realizar”, disse Cristiane, atualmente no Santos, em entrevista recente à TV Band.

Nos Estados Unidos, a meia-atacante Megan Rapinoe, melhor jogadora do mundo, assumidamente lésbica, é, talvez, a atleta mais engajada na luta pelos direitos dos homossexuais e também toca em outras questões, como a luta contra o racismo.

“Uma das histórias que me inspiraram muito esse ano foi de Raheem Sterling e Koulibaly. Eles fizeram grandes histórias no campo, mas a maneira como encararam o racismo este ano e provavelmente em toda a sua vida… A torcedora iraniana que colocou fogo no próprio corpo apenas por ter ido a um jogo, as jogadoras LGBT que lutam contra a homofobia. Se todo mundo se posicionasse contra o racismo como todas essas pessoas se posicionaram, se todos se posicionassem contra a homofobia como as jogadoras LGBT fazem para jogar futebol”, disse a craque norte-americana em seu discurso ao receber o prêmio de melhor jogadora do mundo da Fifa em 2019.

Recentemente, o Brasil acompanhou a história de um nordestino que ganhou o país com simpatia e espontaneidade ao participar do Big Brother Brasil, da TV Globo. Assumidamente gay, Gil, o Gil do Vigor, torcedor do Sport Recife, visitou a Ilha do Retiro e fez sua dança que ficou famosa no reality show. Conselheiros do clube pernambucano se revoltaram e, com falas homofóbicas, ofenderam Gil. O caso ganhou as redes sociais, gerando grandes questionamentos de diversos setores.

Numa ação espontânea, jogadores do Sport entraram em campo no último domingo (16) carregando uma faixa com mensagem contra atos de homofobia e, ao comemorar o gol marcado por Everaldo, no clássico contra o Náutico, fizeram exatamente a dança de Gil do Vigor, no gesto de grandeza e de respeito.

Em outubro de 2020, Landon Donavan, um dos maiores jogadores da história do futebol nos Estados Unidos, hoje treinador do San Diego Loyal, decidiu retirar seus jogadores de campo após ofensas homofóbicas contra um atleta assumidamente gay em jogo válido pela United Soccer League.

Durante anos, o futebol cultivou preconceito. Ofensas homofóbicas foram (e ainda são) utilizada para menosprezar adversários, o árbitro, ou o jogador que atua mal. O esporte bretão ainda é um “ambiente hostil” para atletas homossexuais, mas pouco a pouco as coisas começam a mudar.  Essas e outras manifestações são a prova disso.

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