Quando Renato priorizou a decisão do Gauchão em detrimento da estreia do Grêmio na Libertadores, enfrentando o The Strongest na altitude de La Paz com um time reserva, talvez tenha admitido, ainda que inconscientemente, que deveria garantir o único título que esse time do Grêmio fosse capaz de ganhar em 2024.
Perdeu aquele confronto e a derrota passou batida, sob o argumento de que atuou com os reservas e que daria para recuperar os pontos perdidos naquele revés, uma semana depois, com uma suposta vitória fácil, em casa, diante do Huachipato, do Chile.
Só que a recuperação não veio. Parece que a ressaca da conquista do campeonato gaúcho, se prolongou até esta terça-feira e, por conta dela, o Grêmio fez uma péssima apresentação na Arena, saindo de campo amargando uma derrota de 2 a 0 para o visitante chileno e a vaia merecida de sua torcida.
Deve ter gente perguntando até agora: "o que houve com o Grêmio, que saiu perdendo de 1 a 0, levou mais um gol, teve todo o segundo tempo para reagir e não reagiu, a exemplo da virada diante do Juventude, que lhe deu o título do Gauchão ?"
A resposta parece óbvia, mas não custa explicar. Acontece que aquele time que bateu o Juventude sábado sequer passou perto da Arena nesta noite de terça-feira, pois o que disputou este segundo jogo da Libertadores conseguiu ser ainda pior do que aquela equipe de reservas que perdeu na estreia do torneio continental.
Primeiro, porque alguns dos jogadores que posaram de titulares, no jogo de hoje, não estiveram presentes na decisão contra o Juventude, como o goleiro Marchesín e o contestado zagueiro Rodrigo Ely.
Segundo, porque os heróis daquela vitória maiúscula não conseguiram apresentar nem 10% daquele futebol soberbo da memorável jornada que garantiu ao Grêmio a conquista do heptacampeonato gaúcho.
Nem Diego Costa, nem Cristaldo, tampouco Pavón e Gustavo Nunes, que entraram no segundo tempo, conseguiram mudar a fisionomia desfavorável de uma atuação infeliz que deixou o Grêmio no fio da navalha nessa fase de grupos da Libertadores.
Ninguém consegue entender a razão de o Grêmio, fragilizado como está atualmente no seu sistema defensivo, não estar à procura de zagueiros e laterais à altura da tradição e da grandeza do clube, que sempre teve seu ponto forte na linha defensiva.
A dupla de zaga Kannemann e Geromel, que há cerca de 7 anos chegou a ser apontada como a melhor do Brasil, não existe mais. O que existe agora é Kannemann ou Geromel, pois devido à idade avançada, quanto um está em condições físicas de atuar o outro está fora por problema de lesão.
Os laterais gremistas são apenas medianos e além disso não têm substitutos à altura. Nem apoiam, nem marcam como convém, transformando os flancos defensivos do time gremista em verdadeiros corredores abertos para a passagem de atacantes adversários.
Falei no comentário anterior que, se preencher os vazios que existem no time com boas contratações, o Grêmio pode despertar em sua torcida o direito de sonhar com a repetição de conquistas de títulos relevantes na temporada que se inicia.
Sem isso - perdoem-me a franqueza - a taça do Gauchão será o galardão máximo a ser comemorado pela família tricolor em 2024, pois com esse sistema defensivo claudicante, que nem o goleiro titular sabe-se quem é, o tricolor de Renato Portaluppi pode chegar ao final do Brasileirão deste ano, brigando para não se tornar tetra-rebaixado.
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