Nos anos 60, alguns dirigentes santistas explicaram da seguinte forma o desaparecimento de parte da grana da excursão feita pelo time: a porta do avião se abriu em pleno voo e uma das malas caiu.
Poucos teriam tanta criatividade. Coisa de gênio. Isso me faz lembrar de algumas desculpas geniais, algumas das quais presenciei e outras ouvi relatos.
O saudoso Walter D?avila, célebre comediante ? que muitas vezes finalizou a Escolinha do Professor Raimundo com seu personagem Baltazar da rocha ?, certa vez, simplesmente não compareceu a um almoço com um amigo, que ele mesmo insistira em combinar. Dia seguinte, ao ser abordado pelo amigo sobre o porquê da sua ausência, D?avila, com uma seriedade peculiar, respondeu: "Pô, cara, não fui porque pensei que você não fosse?.
Em minhas andanças pelo rádio e pela TV, trabalhei uma época com um diretor de televisão, cujo detalhe que faltava para completar sua arrogância e prepotência era o fato de não ter nascido na Argentina. Ele comandava um programa de entretenimento em que eu era um dos redatores.
O programa ia bem, batendo seguidamente a grande concorrente na audiência. Querendo provar que em time que está ganhando também se mexe, nosso considerado cismou de fazer uma mudança no programa. E não era coisa pequena. Era algo como, guardadas a proporções, pôr o Tiririca no lugar do Prof. Pasquale Cipro Neto para apresentar o programa Nossa LÃngua Portuguesa, da TV Cultura. O resultado foi simplesmente inesquecÃvel: nosso programa amargou um segundo lugar, perdendo na audiência para um filme classe B da concorrente.
Naquela época, era comum gravar-se em VHS o programa concorrente. E como sempre acontece nesses casos de subta perde de audiência, no dia seguinte aconteceu uma reunião de avaliação, também conhecida como "caça à s bruxas?. Reunião tensa. O diretor, sem argumentos, pediu, então, a um assistente que levantasse a ficha técnica do filme exibido pela concorrente. Os telespectadores certamente teriam debandado para assistir ao filme por causa dos atores principais. Não. Eram eles ilustres "ninguém?. Então, o motivo fora o diretor. Spielberg? George Lucas? John Huston? Scorcese? Também não. O diretor é um famoso "quem??. E procura, e procura, e procura na lista de elenco alguém conhecido até que... ahá! O último ou penúltimo nome da lista era o de Jane Fonda, que ? ainda novinha e desconhecida ? fazia uma única cena em que entrava muda e saÃa calada.
? Tão vendo? ? disse ele. ? Por isso nossa audiência caiu. "Os caras? botaram a Jane Fonda em cima do meu programa. Não dá pra competir.
Essa desculpa não fica muita atrás de outra ocorrida durante um show de "A Praça é Nossa?, no inÃcio dos anos 90. Cidade grande do interior, ginásio para 10 mil pessoas, lotado, esperando para ver a
Velha Surda, Lilico, Buiú, Lindeza (calma, Cocada!) e Guarda Juju, entre muitas outras atrações do programa. Todo mundo nos camarins; e vem o organizador avisar que o "show de abertura? seria feito por uma dupla sertaneja feminina. Eram duas moças bonitas, corpos esculturais, usando bota, minissaia, colete, chapéu, etc. Elas entraram, cumprimentaram a todos e começaram a ensaiar. Uma lástima! Além de desafinadas e sem ritmo, a impressão que se tinha era a de que nenhuma das duas cantava sertanejo. Uma cantava lambada, enquanto a outra cantava valsa. As duas ao mesmo tempo. Mas era indicação do organizador, que ? aliás ? havia acabado de pagar em cash o restante do valor do show. Sob um argumento desse ninguém discute.
As duas estavam na boca de cena, esperando para serem anunciadas. Tremiam feito vara verde. Foi, então, que o Rambo Brasileiro, que participava de alguns esquetes (tratava-se de Érmeson Vanelli, que havia vencido um concurso no programa do Gugu e que ? para o bem ou para o mal ? tinha as feições e o talento do Silvester Stallone), aproximou-se para dar uma palavra de ânimo. "Merda pra vocês, disse o Rambo. [Merda, no meio teatral, é uma expressão utilizada para se desejar boa sorte].
A dupla entrou em cena. Deveria cantar três ou quatro músicas. Mas cantou uma só tal era a vaia ensurdecedora do público. Ao saÃrem de cena, uma das duas cruzou o caminho com o Rambo e foi contundente:
? Você "secou? a gente, seu filho da puta! Tá contente agora? Merda, muita merda pra você também!
A culpa, obviamente, era do Rambo.
Volto a falar do meu Santos, citado no inÃcio deste espaço. Me lembrei das desculpas maravilhosas ao ler a declaração do atual presidente dando a entender a respeito de um suposto esquema CBF/Corinthians por terem convocado o Neymar e o Rafael para os amistosos da seleção e o mesmo não ter ocorrido com nenhum jogador do time de Parque São Jorge. Sinceramente, não pude deixar de ter a sensação de que, talvez, uma nova mala cheia de dinheiro esteja prestes a cair do avião peixeiro em pleno voo. De outra forma, como explicar o fato de o Santos ter perdido por WO o jogo da última quarta-feira?
Magalhães Jr. ? o Maga
Imagem: @CowboySL
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