Além de não desistir nunca, o brasileiro é, antes de tudo, um criador e um gozador. E quando se trata de criar apelido, então, ele é praticamente imbatÃvel.
No Brasil dá-se apelido para tudo e para todos. E, como se sabe, o Brasil é pródigo em jogadores com os apelidos mais estapafúrdios que podem existir. Sapatão, Ventilador, Alfinete, Tinteiro, Mão de Onça, Redondo, Buiú, Chiru, Gatãozinho [que nunca se soube ao certo se se tratava de um pequeno gato grande ou de um grande pequeno gato], Gavião, Bozó, Cacetão, Rolinha e Girafa são alguns dos que se pode encontrar nos registros das federações.
E lá em Curva do Vento ? óbvio ? isso não seria diferente. Aliás, em Curva do Vento é difÃcil de se encontrar alguém que seja chamado pelo nome. Por exemplo: o único posto de gasolina da cidade tem um gerente que se chama Marcos Dias, mas a cidade toda o conhece pelo apelido: Calendário.
Afinal, o que "marca os dias? é o calendário. Ou não é?
Também foi por lá que se viu surgir o apelido do apelido. Como aconteceu com o Pica-Pau, apelido de um conhecido mecânico, que também passou a ser chamado de "Tem Três? por motivos que não necessitam ser explicados.
Às vezes pode acontecer de aquilo que parece ser um apelido ser um nome registrado em cartório. O novo sacristão da matriz de Curva do Vento se apresentou ao pároco como E-batata. O velho padre perguntou qual era o seu nome verdadeiro já que E-batata, provavelmente, deveria ser apelido. Mas para a surpresa do vigário, o sacristão disse que E-batata era seu nome de batismo. E explicou o porquê.
? É o seguinte, seo padre: quando eu nasci, meu pai queria me registrar com o nome de EmÃlio. Mas mamãe não gosta de milho. Ela gosta de batata. Assim, em vez de E-milho ela mandou me registrar com o nome de E-batata.
Porém, nada supera o apelido da dupla de zagueiros contratada por um dos principais times de Curva do Vento: Calcinha e Sutiã. Rezava a lenda que Calcinha tinha esse apelido por viver sempre grudado nas mulheres. Já Sutiã era assim chamado por levar qualquer jogada no peito e na raça.
Dizem até que os outros jogadores não queriam que a dupla fosse escalada. Temiam que o time se tornasse motivo de gozação. Mas o técnico, um sujeito vivido no futebol, sabia que nome não ganha nem perde jogo. Por isso não pensou duas vezes para escalar Calcinha e Sutiã como dupla titular na defesa.
A decisão criou um certo mal-estar no elenco. Ninguém queria ser jogador de um time que entraria em campo com Calcinha e Sutiã.
Mas, a bem da verdade, não houve tempo hábil para qualquer insinuação maledicente por parte das torcidas. Calcinha era um zagueiro botinudo e, ainda no primeiro, tempo foi expulso pelo árbitro.
Inconformado, Sutiã saiu em defesa do companheiro e acabou sendo expulso também. O técnico partiu para tirar satisfações com o árbitro e o pau comeu solto.
Na arquibancada, um velho senhor, que havia chegado naquele instante, quis saber o motivo da briga e a explicação que lhe foi dada teria sido a seguinte:
? O pau tá comendo porque o árbitro tirou Calcinha e Sutiã que o técnico tava estreando.
O velho fez o sinal-da-cruz e foi embora rapidinho resmungando algo do tipo "não tem jeito, esse mundo tá perdido?.
Ao que se sabe, nunca mais ele voltou a entrar num estádio.
Magalhães Jr. ? o Maga
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